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Partido de Merkel derrotado nas urnas

O partido de Angela Merkel sofreu pesadas derrotas nas duas eleições regionais realizadas no domingo na Alemanha, seis meses antes das legislativas, de acordo com pesquisas de boca de urna ontem divulgadas.

16/03/2021  Última atualização 17H03
Caso das máscaras terá ditado a derrota do CDU © Fotografia por: DR
A União Democrática Cristã (CDU) registou "um desastre" eleitoral, segundo o jornal "Die Zeit", uma "derrota" que mostra que "não pode continuar assim", escreveu a revista "Der Spiegel".
Nas regiões de Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado, o partido conservador obteve o pior resultado da história, segundo as projecções de boca de urna das emissoras ARD e ZDF.

Baden-Württemberg, a CDU obteve 23,8 por cento dos votos, contra 27 por cento conseguidos há cinco anos, enquanto na Renânia-Palatinado convenceu entre 26,9 por cento e 27,5 por cento dos eleitores, contra 31,8 por cento em 2016, segundo as mesmas emissoras. Os conservadores não eram vistos como favoritos nesses dois Estados regionais, liderados respectivamente pelos Verdes (Die Grünen) e pelos Social-Democratas (SPD).


Caso das máscaras
Críticas crescentes à gestão da crise de saúde e um escândalo de propina conhecido como "caso das máscaras" podem ter atrapalhado o desempenho da CDU.
O partido atravessa "a sua crise mais grave" desde o escândalo das caixas pretas da queda do ex-chanceler Helmut Kohl, no fim dos anos 90, estimam muitos cientistas políticos.No domingo à noite, o secretário-geral da CDU, Paul Ziemiak, disse que o partido terá "tolerância zero" para "qualquer um que tente enriquecer durante a crise". Segundo Ziemiak, o escândalo da máscara "teve um forte impacto" nos resultados das eleições regionais.

Cerca de 11 milhões de eleitores estavam aptos para votar na eleição parlamentar regional. Em Baden-Württemberg, uma região próspera e coração da indústria automobilística alemã, a vitória anunciada dos Verdes oferecerá um terceiro mandato a Winfried Kretschmann, de 72 anos, o único ambientalista que governa uma região alemã.

A coligação com o CDU, que dirige há cinco anos, costuma ser considerada o laboratório de uma possível aliança nacional entre esses dois partidos nas eleições de 26 de Setembro. Os Verdes, que  venceram com 31 por cento dos votos têm, assim, uma boa margem para negociar uma nova aliança, com a CDU. ou com os social-democratas, ou até com os liberais.

Na região Renania-Palatinado, vizinha de França, Bélgica e Luxemburgo, as coisas também não deram certo para o partido da chanceler. Depois de acalentar a ideia de acabar com três décadas de dominação social-democrata, o CDU ficou muito atrás nas urnas da actual líder da região, Malu Dreyer, que obteve cerca de 34 por cento dos votos e renovará o mandato.


Fartos das restrições
Merkel, que esperava deixar o poder no auge da sua popularidade, vê os planos contrariados pelas dificuldades do CDU e do seu aliado bávaro CSU. Dois deputados, Georg Nüsslein (CSU) e Nikolas Löbel (CDU), abandonaram, nos últimos dias, os seus respectivos partidos por suspeitas de terem enriquecido graças à epidemia, ao agirem como intermediários com fabricantes na compra de máscaras.

Numa polémica diferente, o conservador Mark Hauptmann renunciou, na quinta-feira passada, ao mandato depois de ser acusado de colocar publicidade do Azerbaijão no jornal regional que dirige.
No passado, parlamentares do CDU foram acusados de receber dinheiro deste país rico em petróleo. Um deles perdeu recentemente a imunidade parlamentar.

Em uma tentativa de apagar o incêndio, CDU e CSU deram o prazo até sexta-feira à noite aos seus parlamentares para declararem eventuais lucros com a epidemia.
A polémica chega no pior momento para os conservadores, que devem designar em breve o seu candidato para a chanceleria. O caso das máscaras aumentou ainda mais o cansaço de milhões de alemães com as restrições e que duvidam da estratégia do Governo.

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