A missão das Nações Unidas na República Centro-Africana afirmou hoje que cerca de 30 civis foram mortos em 12 dias no país e instou os rebeldes e as milícias de autodefesa a "cessarem imediatamente as hostilidades".
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje, através do seu porta-voz, que “a retórica também é perigosa” no Médio Oriente, em referência às ameaças e contra-ameaças feitas por Israel e pelo Irão.
O exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) concordaram, segunda-feira, em prolongar por mais cinco dias a trégua que dura, em teoria, há uma semana, anunciaram os mediadores, EUA e Árabia Saudita.
O compromisso foi alcançado a poucos minutos do termo da actual trégua, que visa facilitar as negociações para uma cessação das hostilidades a longo prazo.
"A Arábia Saudita e os Estados Unidos congratulam-se com o acordo entre as Forças Armadas sudanesas e as Forças de Apoio Rápido para uma prorrogação de cinco dias do acordo de cessar-fogo que assinaram em 20 de maio de 2023", afirmaram os dois países, que mediaram entre as partes, numa declaração conjunta.
Os dois países afirmaram que a prorrogação "dará tempo para mais assistência humanitária, restauração de serviços essenciais e discussão de uma possível prorrogação a longo prazo”.
A guerra no Sudão eclodiu no passado dia 15 de Abril entre o exército, comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, tendo os confrontos já provocado pelo menos 1.800 mortos, de acordo com dados da organização não-governamental que monitoriza conflitos ACLED.
A Arábia Saudita e os Estados Unidos, que mediaram a trégua de sete dias acordada em 20 de Maio e que entrou em vigor dois dias depois, lamentaram que a trégua tenha sido "aplicada de forma imperfeita”, embora tenha "permitido a prestação de assistência humanitária, o restabelecimento de serviços essenciais a cerca de 2 milhões de sudaneses necessitados e a discussão de uma eventual prorrogação a longo prazo”.
A prorrogação foi acordada apenas 15 minutos antes do termo da trégua, às 19h45 GMT (hora de Angola), no decurso de conversações entre representantes do exército e das RSF na cidade portuária saudita de Jeddah, no mar Vermelho.
As duas partes ainda não comentaram o acordo, em-bora tenham sido trocadas acusações de violações da trégua e de ataques a civis ao longo do dia.
A trégua foi alcançada no âmbito de um compromisso das partes de não impedir a ajuda humanitária ou a sua entrada no Sudão, de permitir a livre circulação de pessoas, de não utilizar instalações de serviços ou habitações civis para fins militares e de reabilitar as infraestruturas danificadas pelos combates.
Governador de Darfur quer que civis peguem em armas
O governador do Darfur, Minni Arko Minawi, apelou este domingo aos civis desta região ocidental do Sudão a "pegarem em armas” diante do aumento dos ataques contra os cidadãos e do "caos desencadeado no país há mais de um mês”. O Sudão está a viver um grande conflito após a eclosão de combates entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR)."As agressões contra civis duplicaram. Por isso, apelo a todos os nossos ilustres cidadãos, ‘o povo de Darfur’, jovens, mulheres e homens, a pegarem em armas para proteger os seus bens”, disse o governador da região na rede social Twitter. Minni Arko Minawi, ex-líder do grupo rebelde Movimento de Libertação do Sudão, foi nomeado governador de Darfur em 2021, após a assinatura de um acordo de paz entre o Governo sudanês e grupos insurgentes que operam nesta região do país, palco de uma sangrenta guerra étnica entre 2003 e 2008.
Minawi indicou que "os movimentos da luta” em Darfur vão dar apoio aos cidadãos "em todas as situações de defesa”. A região, especialmente o estado de Darfur Oeste, tem sido uma das mais atingidas pelo conflito que eclodiu a 15 de Abril entre o exército e as FAR e que, até agora, já causou a morte de mais de 700 civis, segundo a ONU.
No entanto, o conflito em Darfur adquiriu conotações étnicas e têm ocorrido confrontos entre diferentes tribos da região que, segundo o Ministério da Saúde suda-nês, causaram entre 450 e 510 mortos, a destruição de instalações públicas e o deslocamento de milhares de cidadãos. O Exército sudanês acusou as FAR de iniciar estes confrontos tribais, uma vez que o grupo paramilitar foi formado pelas chamadas milícias ‘janjaweed’, acusadas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante o conflito de Darfur entre 2003 e 2008.
Esta guerra causou a morte de mais de 300 mil pessoas e o deslocamento de cerca de 2,5 milhões. Mais de metade da população do Sudão, um dos países mais pobres do mundo, agora precisa de ajuda humanitária para sobreviver, segundo a ONU.
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