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Parlamento discute voto para programa do Governo

O Parlamento da Líbia, dividido desde 2015, iniciou, ontem, uma sessão histórica, que deverá estender-se por vários dias, para discutir um voto de confiança ao novo Governo de Unidade Nacional, que deve liderar o país até às eleições de 24 de Dezembro, numa altura em que a eleição do Primeiro-Ministro está sob suspeita de ter sido conseguida à custa de subornos para a compra de votos.

10/03/2021  Última atualização 10H49
O Parlamento líbio estava dividido desde 2015 e ontem iniciou uma sessão histórica do país © Fotografia por: DR
Segundo a Reuters, no total, são 131 dos 200 deputados que estão desde ontem presentes numa sessão dirigida pelo presidente do órgão, Aquilah Saleh, na cidade costeira de Sirtes, que marca a linha de combate entre as milícias que apoiam o Governo de Acordo Nacional (GAN) - apoiado pela ONU e que controla a capital, Trípoli - e as forças sob a tutela do marechal Khalifa Hafter, que controla o Leste do país.
No primeiro discurso, Saleh agradeceu aos participantes a presença no Centro de Convenções de Sirte, construído para ser a sede da União Africana, e exortou-os a agir com responsabilidade e respeito pela instituição que representam.

Horas antes, o Primeiro-Ministro designado da Líbia, Abdul Hamid Dbeibah, tinha pedido aos deputados para que não perdessem "esta oportunidade histórica" e para que não se curvassem "a interesses de curto prazo e ambições privadas". Ddeibah defendeu que "o Governo deve poder tomar posse para cumprir a sua tarefa urgente" e que o voto de confiança não deve ser adiado, "para que o processo eleitoral não seja prejudicado, conforme recomendado na Suíça, pelo Fórum de Diálogo Político para a Líbia", um órgão não eleito criado "ad hoc" pela ONU para pôr fim a quase cinco anos de guerra civil.

Al Dbeibah, figura com fortes ligações ao Governo do Presidente Vladimir Putin, fez parte da candidatura liderada pelo actual Presidente do Conselho Presidencial, Mohamad al Menf, considerado próximo da Turquia.
Na semana passada, parte de um relatório do painel de especialistas da ONU foi tornado público, indicando que a candidatura de Al Dbei-bah teria comprado votos durante reuniões realizadas na Tunísia.

Segundo o documento, citado pela Reuters, um dos delegados do Fórum de Diálogo Político da Líbia encarregado pela ONU de eleger um Primeiro-Ministro estava, repetidamente, a fazer um escândalo no átrio de um hotel em Túnis quando descobriu que os seus colegas haviam recebido cerca de meio milhão de dólares em subornos, em comparação com apenas 200 mil que ele recebeu. Essas acusações podem colocar em questão a eleição de Dbeibah.


Deputados pedem
adiamento de uma semana

No domingo, ao chegar a Sirtes, um grupo de 42 deputados assinou um comunicado pe-dindo o adiamento da reunião para próxima semana, data em que está programada a divulgação oficial do polémico relatório do painel de especialistas da ONU.
"Precisamos de ver o que o relatório diz sobre os alegados subornos, pois é importante negá-los publicamente a fim de manter a transparência no processo político do Governo de Unidade Nacional e evitar qualquer extorsão local ou internacional", pode ler-se no comunicado.

A sua lista obteve 39 votos contra 34 da lista do seu adversário, dada ainda como favorita. Em Fevereiro, as 75 pessoas escolhidas pela ONU para representar um amplo espectro da vida da Líbia escolheram uma Administração interina liderada pelo bilionário Dbeibah e um Conselho Presidencial de três membros. O perfil dos 75 participantes também foi questionado, pois entre eles, está o cunhado de Hamid Dbebah, um rico empresário do Oeste da Líbia.
O Parlamento da Líbia tem 21 dias para decidir sobre a confiança no Governo e, caso não seja concedida, o processo voltará ao Fórum de Diálogo Político para a Líbia, que deverá escolher outro Primeiro-Ministro. 

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