Celebra-se, hoje, em todo o planeta Terra, o Dia Mundial do Turismo, data instituída pela Organização Mundial do Turismo (OMT), em 1980, em celebração do aniversário de uma década do Estatuto da Organização Mundial do Turismo. Em Angola, obviamente, a data não passa despercebida.
A perspectiva do reforço das relações, em matéria de Defesa e Segurança, entre Angola e os Estados Unidos ganha um novo élan com o início, de uma visita de trabalho do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, um desenvolvimento interessante e oportuno, no âmbito da conjuntura geopolítica mundial.
Neste ano, em que celebramos o centésimo primeiro aniversário do Poeta-Maior e fundador da nação angolana, diante da necessidade de fortalecer a inteligência pública no que diz respeito à formação de quadros nacionais, instilamos a reflexão sobre o impacto das suas ideias na elaboração de uma filosofia da política de formação de quadros em Angola.Para isso, analisaremos, brevemente, algumas categorias do pensamento de Agostinho Neto, que estão presentes nos seus poemas, discursos e movimentos em que participou.
Ao analisar o texto netista e a sua acção política, é possível identificar um discurso de cunho humanístico e progressista, que contém ideias seminais e tributárias da construção de uma filosofia e política para a formação do homem angolano. Não se trata de uma análise das políticas públicas de ensino e formação, em termos de instrumentos de operacionalização, como seriam a elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) ou Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo, mas da construção de uma uma filosofia da acção pública no domínio da formação de quadros. Em outras palavras, trata-se de identificar elementos de policies e não politics, usando aqui o jargão técnico da literatura anglófona.
A filosofia distingue-se da política porque a primeira situa-se no plano axiológico e a segunda no plano programático. Portanto, as estratégias, planos, programas e projectos devem ser orientados por uma filosofia, que fixa os valores filosóficos e atribui significado às políticas. A filosofia da política educacional é responsável por determinar o "valor” dos valores, ou seja, estabelecer um limite sobre o que é "negociável” ou não. Estabelece uma espécie de cláusula pétrea das políticas de formação de quadros. E é isso que os sistemas educativos precisam para sobreviver a esses tempos de mercadorização do homem.
Como expediente heurístico, formulamos a seguinte questão: em que medida o pensamento de Neto pode contribuir para a formulação de uma filosofia para a política de formação de quadros angolanos? Para efeito, começamos por analisar a categoria "Vamos descobrir Angola” - movimento surgido em 1948, em que militou conjuntamente com António Jacinto, Mário António e Viriato da Cruz. Este movimento apelava para um retorno às origens culturais, ao mesmo tempo que instilava a criação de consciência nacional que promovesse a autonomia de Angola e dos angolanos. Passando isto para o plano da construção de uma proposta de filosofia e política da formação de quadros, diríamos que Neto preconiza a formação do homem conhecedor de si, respeitador das suas origens, capaz de fazer a diferença e de se integrar no mundo. Portanto, permanece actual a reflexão sobre a importância de os currículos das nossas escolas poderem integrar diversos conteúdos, como, por exemplo, o ensino das línguas de Angola e o ensino de línguas estrangeiras.
Outra categoria está relacionada à ideia de "um só povo, uma só nação”, como base de uma filosofia que promove a unidade no respeito pela diferença. Neto tinha consciência da diversidade étnica e linguística que constitui a malha cultural do nosso país. Quando às portas da Independência Nacional apresentaram-lhe a letra do nosso Hino escrito por Manuel Rui, não teve dúvidas da importância de deixar esta importante mensagem para as gerações vindouras. Deste modo, os quadros angolanos deverão ser formados no espírito da unidade nacional, ou seja, as escolas devem ser lugares da promoção de união nacional.
Há inúmeros estudos sobre estágios profissionais e a necessidade de estreitar as relações entre as escolas e o mercado de trabalho. A categoria "construindo no trabalho o homem novo” já indicava isso e o Hino Nacional guarda os registos dessa ideia. Ele interessa-se por questões que dizem respeito à educação, como a ideia de uma alfabetização em massa à maneira freiriana, na qual a aprendizagem esperada é baseada na experiência dialéctica e no diálogo, na leitura e na significação do mundo, seja como representação, ou até mesmo como realidade física sujeita a alterações.
Neto, ao lançar a Campanha Nacional de Alfabetização aos Camaradas da TEXTANG, assumiu a necessidade ideológica de, após longos anos de dominação colonial, formar um "homem novo” com o espírito revolucionário da época, bem como a necessidade de construir e abrir escolas de diferentes níveis de ensino que visassem reproduzir o ambiente cultural, político e social estabelecido, bem como outras questões relacionadas à educação, como a definição da escolaridade obrigatória e a ampliação dos contextos alternativos de influência cultural, como é o caso da União dos Escritores Angolanos.
Neto propunha que a política educacional deveria formar profissionais capacitados para lidar com o avanço da industrialização, a mão-de-obra necessária para enfrentar o desafio da reforma agrária e o modelo económico estabelecido, com base em uma concepção de justiça social que distribuísse os lucros da produção e do lucro de acordo com os critérios de igualdade, equidade e acessibilidade.
A partir do pensamento de Neto é possível esboçarmos uma filosofia para a política de formação de quadros, em que os profissionais angolanos sejam forjados num ambiente que os exponha aos valores transversais da vida em sociedade, e não apenas num contexto de aprendizagem de um ofício. Este pensamento coloca ao país desafios de natureza antropológica e cultural, teorizados por Edgar Morin, Norberto Bobbio, Cassaje Santos e Flaviano Kambalu, só para citar estes. Um destes desafios consiste na necessidade da formulação de uma política de formação de quadros que transforme o homem angolano, para "construir o homem novo”, mas que não o transforme demasiado ao ponto de se esquecer de si. Esta ideia é bem vincada no célebre poema "À reconquista”, de 1953.
À reconquista (1953)
Vem comigo África do jitterburg /até a terra até o homem até o fundo de nós / ver quanto de ti e de mim faltou / quanto da África esqueceu /e morreu na nossa pele mal coberta sob o fato emprestado / pelo mais miserável dos ex-fidalgos
Aqui, o poeta faz um apelo às origens, bem no espírito do "Vamos Descobrir Angola”, enfatizando, contudo, a necessidade de cuidarmos de não nos trasvestirmos pela ilusão da superioridade do conhecimento. De um modo global, a utilização do pensamento como esteio de uma filosofia da política de formação representa um desafio às actuais racionalidades subjacentes à administração pública angolana e às representações sociais sobre a qualidade da formação de quadros e à pertinência da oferta formativa nacional, por diversas razões. Uma delas tem que ver com a tendência da relativização da importância das ciências e humanidades na nossa sociedade. Entendimento que se propaga actualmente e que se torna quase um culto às engenharias, em detrimento das humanidades. Sendo Neto um humanista, o que diria disto?
A
solidariedade e o altruísmo são duas outrascategoria do pensamento de Neto. Num
conhecido discurso, ele afirmou que "Angola será por vontade própria trincheira
firme da revolução em África”, tendo acrescentado que "Na Namíbia e na África
do Sul está a continuação da nossa luta”. Neto compreendeu, não somente por
influência do movimento internacionalista socialista da época, mas também pela
sua forte convicção humanística de que um homem íntegro não pode ser
indiferente à dor dos outros. Dessa forma, a solidariedade e a integridade são
valores que deveriam estar presentes na nessa proposta de filosofia para a
política de formação de quadro em Angola.
MbangulaKatúmua
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Login"África parece um pedaço de carne em que cada um vem debicar o seu pedaço." Agostinho Neto. O que continua a passar-se em África, em matéria de relacionamento com o resto do mundo, confirma, na generalidade, as palavras de Agostinho Neto, que fui buscar ao baú da História recente para servirem de epígrafe do presente texto.
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