Economia

Pandemia da Covid-19 enfraquece mais de 80 por cento dos operadores informais

O Inquérito sobre Organizações Profissionais, Representantes de Actores da Economia Informal (IOPREI), realizado entre Julho e Setembro do ano passado, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), demonstra que 81,3 por cento dos negócios e rendimentos desse sector registou impactos negativos durante o período da pandemia da Covid-19, um fenómeno que assolou o mundo em 2020.

09/06/2023  Última atualização 06H55
Remunerações do mercado não formal perdeu rendimentos depois de 2020, em consequência das restrições impostas para conter a propagação do vírus © Fotografia por: DR
No estudo, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), apenas 12,8 por cento de uma mostra de 11 mil entrevistados declarou ter mantido o volume de negócios ou salários durante a fase da pandemia da Covid-19.

O director-geral adjunto do INE, Hernani Luís, que apresentou, ontem, em Luanda, os resultados do inquérito sobre a economia informal, efectuado na capital do país, indicou que 73,9 por cento dos inquiridos,   durante a pandemia da Covid-19, tiveram uma queda considerável da procura dos clientes, o que causou a quebra dos negócios.

Hernani Luís referiu que 69,9 por cento dos inquiridos afirmou que os efeitos negativos da Covid-19 afectaram tanto os homens como as mulheres que exercem actividade económica informal.

De acordo com o director-geral adjunto do INE, o estudo revela que 69,3 por cento dos inquiridos não têm conhecimento dos benefícios da formalização da actividade económica e 30,7 por cento não têm conhecimento dos benefícios da transição da economia informal para formal.

O inquérito do INE demonstra que 77,8 por cento dos entrevistados trabalham por conta própria informal, 38, 9 por cento trabalha por conta de outrem e 27,8 por cento trabalha com pequenas e médias empresas.

O estudo, que inquiriu 19 organizações, numa amostra inicial de 24, demonstrou que 94,1 por cento das mesmas não possui nenhum fundo para a ajuda financeira aos membros mais vulneráveis.

Acesso ao microcrédito

Durante o estudo, 12,7 por cento dos entrevistados afirmou não possuir nenhum documento para obter microcrédito e 41,7 por cento não possuem conta bancária, enquanto 76,6 por cento das pessoas entrevistadas declararam não fazer contribuições para a Segurança Social e 83 por cento não conhecem os benefícios de estar inscrito nesse mecanismo de previdência. 

Quase 50 por cento (49,7 por cento) afirmaram não estarem inscritos na Segurança Social, 43,2 por cento não souberam responder e só 7,1 por cento declararam estarem inscritos, e 35,8 por cento não têm número fiscal.

Falta de documentos

O estudo conclui que oito pessoas em cada 10  inquiridos (85,9 por cento)  têm Bilhete de Identidade e 12,3 por cento não dispõem de nenhum documento.

O inquérito estabeleceu que 25,8 por cento dos entrevistados declarou que o valor cobrado ou taxa de serviços para obtenção do BI é muito caro, 15,5 por cento registam má qualidade no atendimento e 11,2 por cento             apontam um excesso de documentos.

Ao abordar os traços dos operadores de mercado informal, o estudo indica que 31,6 por cento dos entrevistados não têm o ensino primário, 42,5 por cento possuem o ensino secundário concluído, 3,7 por cento têm o ensino superior concluído, 88,1 por cento nunca frequentaram a escola e 72,4 por cento das mulheres do sector não têm nenhum nível de ensino.

De realçar que, da percentagem geral do estudo, 50,2 por cento dos entrevistados são homens, 49,8 por cento são mulheres com idades compreendidas entre 25 e 34 anos, o que representa uma cobertura de 82,6 por cento.

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