Política

País quer impulsionar as viagens de negócios e o retorno de capitais

Isaque Lourenço e Geraldo Quiala | Quioto

Angola vai continuar a trabalhar para, em breve, poder obter junto das autoridades do Japão luz verde ao Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos.

16/03/2023  Última atualização 09H25
© Fotografia por: DR

Esta visão avançada, esta semana, pelo Presidente João Lourenço, na sua primeira visita de Estado ao Japão, é encarada como crucial para o crescimento do fluxo comercial entre os dois países. É esperado que se avance já para supressão de vistos nos passaportes de serviço e diplomáticos.

"Os Governos de Angola e do Japão estão a trabalhar, incansavelmente, na negociação e aprovação do Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos (APRI), instrumento de cooperação que gostaria de ver concluído durante esta visita ao país asiático, como sinal da importância que se dá ao investimento privado dos empresários angolanos no Japão e dos empresários japoneses em Angola”, disse.

Na visita muito mais direccionada à captação de investimento e aceleração de vários acordos bilaterais, João Lourenço manteve de 12 a 15 deste mês a agenda do gigante asiático voltada à cooperação com Angola.

Estratégias redefinidas

O Jornal de Angola sabe, segundo pesquisas, que o Japão faz parte de uma lista de países do mundo com acordo de facilidades na obtenção de vistos, mas é, sobretudo, interesse de Angola que este processo evolua rapidamente para o ponto desejado (supressão de vistos em todos os passaportes). No Fórum de Negócios Angola - Japão, promovido pela JETRO, onde se organizou um B2B (encontro entre e empresas que negociam entre si), ficou evidente nestes dias de intensa agenda da diplomacia económica angolana que as prioridades do Governo continuam a focar-se na agroindústria, sinal de robustez nas iniciativas em curso.

Dados disponíveis sobre os países que já "vivem” a vantagem da supressão de vistos constam Namíbia, África do Sul, Moçambique, Zimbabwe, Botswana, Ilhas Maurícias, Seychelles, Singapura, Zâmbia, Rwanda, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

No último dia da presença em Quioto, Japão, o Presidente João Lourenço priorizou a cultura, mas manteve uma actividade político-diplomática muito activa.

  Palácio Imperial na rota da visita presidencial

Ontem mesmo, chegou ao fim a visita oficial do Presidente da República ao Japão, com a quarta-feira inteiramente dedicada ao contacto com a cultura de Quioto, cidade considerada como o centro da tradição japonesa.

A jornada começou com o casal presidencial a visitar o Palácio Imperial Sento e seus amplos jardins e extensos lagos, marcando a passagem pelo lugar o momento em que João Lourenço e Ana Dias Lourenço se sentaram à varanda de uma das casas seculares da propriedade para contemplarem o efeito do reflexo dos jardins nas águas do lago.

Seguiu-se à residência protocolar em que o Presidente foi alojado, para a tradicional cerimónia do chá, orientada por mestres desse ritual da sociedade japonesa com séculos de existência e, acto contínuo, um almoço com as mais representativas amostras da gastronomia local.

O Chefe de Estado chegou à sala do repasto descalço, como manda a tradição que é seguida por gerações e gerações de comensais.

  Países fortalecem interesses comuns com mais cooperação

Angola e Japão pretendem incrementar a cooperação nos domínios político, económico e cultural, sobretudo no processo de industrialização e superação de desafios nas áreas da Agricultura e do Desenvolvimento do Agronegócio, Petróleo e Mineração.

A cooperação bilateral começou em 1988 com a Ajuda de Emergência, por via da UNICEF.

Depois do fim da guerra em 2002, o Japão passou a realizar assistências nas áreas de desminagem, reinserção social de ex-militares e reintegração de refugiados.

No âmbito da reconstrução nacional de Angola, o Japão tem estado a realizar a assistência, no quadro de organizações internacionais, em segmentos como ajuda alimentar, bem como assistência aos agricultores e à pobreza.

O apoio do Japão estende-se à assistência ao repatriamento de refugiados, instalações de abastecimento de água, construção de escolas primárias, rede de comunicação e portos.

No sector da Saúde, desde 1996, o Japão doou 40 milhões dólares para a reabilitação e equipamento do Hospital Josina Machel, que é um dos hospitais de referência do país.

No âmbito da cooperação económica, nos últimos anos, estão a ser utilizados conhecimentos e experiências do Japão, nas áreas de desenvolvimento de cultivo de arroz e de formação profissional.

Localizado no Extremo Oriente e conhecido como Terra do Sol Nascente, o Japão é um arquipélago formado pelas ilhas de  Kyushu, Honishu, Honshi Shikoku e Hokkaido.

País insular no Oceano Pacífico, tem cidades densas, palácios imperiais, parques nacionais montanhosos e milhares de santuários e templos.

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