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País precisa de 238,5 milhões de dólares para ficar livre de minas

O território nacional tem 1.095 áreas afectadas de minas anti-pessoais e engenhos explosivos, estando garantido, para já, financiamento a 244 intervenções, numa altura em que o país precisa de 238,5 milhões de dólares para ficar livre de minas.

04/02/2023  Última atualização 09H20
Autoridades angolanas apresentaram o ponto de situação do processo de desminagem © Fotografia por: João Gomes | Edições Novembro

O director-geral da Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM), brigadeiro Leonardo Sapalo, ao avançar a informação, assegurou que as acções estão a decorrer dentro da planificação.

Ao apresentar o ponto de situação do processo de desminagem no país, durante o encontro de trabalho com a ministra dos Negócios Estrangeiros, Assuntos Europeus, Comércio Externo e das Instituições Culturais Federais do Reino da Bélgica, Hadja Lahbib, o director-geral da ANAM esclareceu que, das 1.095 áreas por desminar, 244 já têm financiamento acautelado, enquanto 851 regiões estão sem garantias financeiras.

Leonardo Sapalo referiu que para o país se livrar das minas, que tanto mal causam, sobretudo, às comunidades rurais, precisa de, pelo menos, 238.959.264,32 dólares norte-americanos.

"A presença de minas e outros engenhos explosivos constitui um risco para as populações e um obstáculo ao desenvolvimento sustentável do país”, declarou Leonardo Sapalo, lembrando que "só com as áreas completamente livres de minas o país poderá garantir um ambiente seguro para qualquer actividade sócio-económica exercida, sobretudo, nas zonas rurais”.

O Executivo continua engajado na diversificação da economia, tendo a agricultura como base para o combate à fome e à redução da pobreza, referiu Leonardo Sapalo, acrescentando que as acções estão também direccionadas para a melhoria das condições de vida das populações, através da instalação de fontes de energias renováveis, abastecimento de água potável, bem como a construção de infra-estruturas sociais e vias de comunicação.

Leonardo Sapalo agradeceu os países financiadores das operações de desminagem, especialmente o Reino da Bélgica que, de forma incansável, tem prestado o apoio financeiro para que Angola continue a cumprir as obrigações, no âmbito da Convenção de Ottawa.

O financiamento que Angola tem recebido para a desminagem está a proporcionar um ambiente seguro para o desenvolvimento sócio-económico e a melhoria das condições de vida das populações, reconheceu o brigadeiro das Forças Armadas Angolanas (FAA).

Reconhecimento e garantia de apoio

A ministra dos Negócios Estrangeiros, Assuntos Europeus, Comércio Externo e das Instituições Culturais Federais do Reino da Bélgica reconheceu o trabalho que Angola vem desenvolvendo em prol da desminagem.

"São incríveis as acções levadas a cabo pelos especialistas no ramo da desminagem”, realçou, sublinhando que o Reino da Bélgica vai continuar a contribuir para as operações de desminagem em Angola, com a ajuda de outros doadores, como Reino Unido, Japão e Estados Unidos da América.

A governante sublinhou que a Bélgica continuará a dar importância aos trabalhos que Angola tem realizado para se tornar livre das minas e demais engenhos explosivos, para que possa garantir uma vida segura e próspera às gerações futuras.

A Bélgica, lembrou que  tem desempenhado um papel pioneiro na luta contra a produção, armazenamento, utilização e transferência de minas anti-pessoais, ao aprovar, em Março de 1995, uma lei que visa banir todos esses males que afectam parte da humanidade.

Hadja Lahbib valorizou a promoção da Educação, Pesquisa, bem como o financiamento para a desminagem, salientando serem factores determinantes no combate ao fenómeno maléfico.

O Tratado de Ottawa, assinado em 2014, por 162 Nações, refere que os Estados-partes da Convenção de Proibição de Minas Antipessoal (Tratado de Ottawa) devem concluir a desminagem até 2025.

Dados disponíveis indicam que, quatro anos depois da assinatura, pelo menos 29 Estados teriam concluído com o processo de desminagem, sendo outros 62 ainda em fase de conclusão.

Durante o período de guerra (1975-2002), Angola teve vários campos minados, o que condicionou a actividade agrícola. As minas foram, nessa fase, responsáveis pela morte de milhares de cidadãos, em quase todo o país.

 

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