Cultura

“Os pensadores africanos produziram conhecimento ao longo dos séculos”

O filósofo brasileiro Fernando Sá Moreira foi o conferencista da última Conversas da Academia à Quinta-feira, tendo dissertado sobre “Anton Wilhelm Amo, um filósofo africano na diáspora”, numa iniciativa da Academia Angolana de Letras, em saudação ao 101° aniversário do nascimento de Agostinho Neto.

23/09/2023  Última atualização 13H28
Filósofo brasileiro Fernando Sá Moreira © Fotografia por: DR

Na presença de investigadores de Angola, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil e Portugal e sob a moderação do antropólogo Francisco Vieira, o conferencista começou por apresentar Anton Amo, um filósofo africano que viveu no séc. XVII. Nascido no Golfo da Guiné e levado como escravo para a Europa, o nome Anton Amo resultou do baptismo cristão. Foi o primeiro africano a frequentar uma universidade alemã, tendo obtido o grau de Mestre em Filosofia e Artes Liberais em 1730. Estudou história, direito e filosofia, tendo deixado escritos a respeito da mente humana e da luta contra o racismo e a escravidão. Falava hebraico, grego, latim, francês, alemão e holandês.

Fernando Sá Moreira, professor na Universidade Federal Fluminense (no Rio de Janeiro), traduziu para o português os livros de Anton Amo, intitulados "Sobre a impassividade da mente humana”e "Ideia distinta do que compete à mente e ao nosso corpo vivo e orgânico”.

O conferencista deu conta de que a perspectiva de Anton Wilhelm Amo, enquanto filósofo afrodiaspórico, não é apenas a de uma diáspora como dispersão, mas a de uma diáspora moderna, uma diáspora conectada com a crescente racialização e confrontada com o racismo nas suas mais diversas manifestações: "Essa relação da diáspora com a experiência do racismo é uma realidade extremamente difícil e bastante dolorosa, mas que nos provoca alguns dilemas que precisamos de superar”.

A próxima Conversa da Academia à Quinta-feira está agendada para o dia 28 do mês em curso, Setembro, a partir das 19h00. Sob a moderação do antropólogo Francisco Vieira, o historiador José Sales, da Universidade Aberta de Lisboa, falará sobre "O Egipto faraónico e a África Negra”.

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