Cultura

“Os Bantu de Mafrano” será apresentado na Huíla

A presença da escritora moçambicana Paulina Chiziane na capital da Huíla, entre os dias 4 e 6 de Dezembro próximo, vai ser um pretexto para se acelerar a apresentação do Volume II da colectânea “Os Bantu na visão de Mafrano”, no dia 5 de Dezembro, às 17h00, na Missão Católica da Huíla, a 16 quilómetros do Lubango.

28/11/2023  Última atualização 10H53
Escritora moçambicana (à direita) vai participar da cerimónia © Fotografia por: DR

O evento está a ser preparado em estreita coordenação com a equipa da escritora Paulinha Chiziane e dos demais intervenientes.

A escolha da Missão Católica da Huíla justifica-se pelo seu duplo significado histórico: por um lado, foi aí onde estudou o cónego José Pereira da Costa Frotta, o sacerdote santomense que foi tutor de Maurício Francisco Caetano "Mafrano” e, por outro lado, trata-se de um Monumento Histórico e Património Nacional, além de ser um Seminário. Espera-se também que a apresentação da obra de Mafrano coloque lado a lado a escritora moçambicana, laureada com o prémio Camões 2021, e Dom Zacarias Kamwenho, laureado com o prémio Sakharov 2001 e autor do prefácio da colectânea "Os Bantu na visão de Mafrano”.

A apresentação da obra de Mafrano na Huíla esteve inicialmente agendada para Julho deste ano, mas foi sucessivamente adiada por coincidir com o Festival Mundial da Juventude, realizado na mesma altura, em Lisboa, e no qual a diocese da Huíla também se fez representar. De Julho até à data, uma série acontecimentos e compromissos, de ambas as partes, acabaram por adiar a apresentação desta obra póstuma que já se transformou num novo ícone da antropologia social em Angola e além fronteiras.

A escritora moçambicana chegou domingo à noite a Luanda como convidada do Congresso da Ordem dos Engenheiros de Angola. Paulina Chiziane havia já acolhido com muito interesse um projecto para se levar o volume II da colectânea póstuma de Mafrano até Maputo, numa iniciativa que envolve amigos da família do autor e a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO).

Paulina Chiziane, 68 anos, iniciou a sua actividade literária em 1984, com histórias publicadas na imprensa do seu país, muitas das quais sobre assuntos sociais polémicos como é o caso da poligamia em Moçambique e, "grosso modo”, em África. A sua bibliografia inclui outras obras como "Balada de amor ao vento” (1990), "Ventos do apocalipse” (1993), "O Sétimo Juramento” (2000), "O Alegre Canto da Perdiz” (2008) e  "As Andorinhas” (2009).

Em 2003, a escritora moçambicana conquistou o prémio José Craveirinha da Literatura, com o romance "Niketche”, e em 2021, tornou-se a primeira mulher a ser distinguida com o Prémio Camões, a mais prestigiosa distinção conferida a escritores de Língua Portuguesa.

Maurício Caetano, "Mafrano”, era um menino órfão, com seis anos, quando o Cónego José Pereira da Costa Frotta levou-o para a Escola da Missão Católica do Dondo e, mais tarde, para o Seminário de Luanda, onde completou os seus estudos. Depois de concluir os estudos em terras angolanas, o Cónego José Frotta, foi ordenado sacerdote, em 1905, em São Tomé e Príncipe, e regressou novamente para Angola para onde trabalhou até aos seus últimos dias, falecendo em Luanda aos 29 de Junho de 1954. José Pereira da Costas Frotta foi pároco da Muxima e da Igreja do Carmo, em Luanda, fundador da freguesia de Cambambe e da escola da Missão Católica do Dondo, no província do Cuanza-Norte.

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