Acredita-se que o número dos que cometem, por exemplo, crimes de violação sexual contra crianças esteja aquém da realidade, por diversas razões, entre as quais avulta o facto de os autores dos ilícitos penais serem protegidos por familiares que não os denunciam às autoridades competentes. 

Acontece, porém, que a impunidade dos crimes de violação contra crianças cometidos nos lares familiares pode incentivar os seus autores à prática constante de ilícitos que atentam contra a integridade física de crianças. Os organismos do Estado encarregados da protecção da criança devem, face aos inúmeros casos de violação sexual de menores, traçar políticas eficazes que permitam que tenham conhecimento rápido dos casos de crimes contra menores e que possam protegê-los de indivíduos que são, não raras vezes, familiares seus, de violência. 

 As violações sexuais de crianças que ocorrem nos lares dificilmente chegam ao conhecimento das autoridades, devendo-se criar mecanismos que incentivem membros de uma família e vizinhos dela a denunciar oportunamente os ilícitos criminais cometidos contra menores. É também necessário que se dê a conhecer à sociedade os julgamentos de adultos que abusem de menores e as penas a que são condenados, definitivamente, para dissuadir potenciais criminosos da prática de violações sexuais de menores. 

As crianças, porque são vulneráveis, têm de ser protegidas pelo Estado e pela sociedade. Temos todos nós, nos nossos bairros, a obrigação de contribuir para a protecção das crianças, mesmo que não sejam nossos familiares.  Que ninguém permita que uma criança seja maltratada por adultos dentro ou fora do seu lar. É urgente neutralizar todos os que abusam das nossas crianças, levando-os à Justiça, para que não continuem a perturbar a paz social.