Cultura

Organização garante ter todas as condições criadas para os dois dias de espectáculos

Analtino Santos e Katiana Silva

Jornalistas

A organização do Festival do Dia Internacional do Jazz garantiu, quarta-feira, em conferência de imprensa, ter todas as condições criadas para a concretização dos dois dias de espectáculos na Baía de Luanda, reunindo mais de 30 artistas nacionais e estrangeiros. Entre os participantes da decíma terceira edição do Festival do Dia Internacional do Jazz, a ser realizado nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, constam artistas provenientes dos Estados Unidos da América, França, Israel, Portugal, Itália, Brasil, Gâmbia e Rússia.

04/04/2024  Última atualização 11H50
Neto Júnior, porta-voz da Comissão Multissectorial da Bienal de Luanda e dos membros da equipa © Fotografia por: Luís Damião|Edições Novembro

Para o lançamento da agenda oficial da celebração do 30 de Abril, foi realizada, ontem, uma conferência de imprensa no Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola (CIPRA), conduzida por Neto Júnior, porta-voz da Comissão Multissectorial da Bienal de Luanda - Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz e Não-Violência, uma iniciativa conjunta da República de Angola, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e da União Africana (UA). 

Sob a égide da Comissão Multissectorial da Bienal de Luanda, a realização do Festival do Dia Internacional do Jazz resulta de uma produção com a American Schools of Angola, através do seu projecto artístico denominado Resiliart.

"Trata-se de uma iniciativa que reúne músicos de diversas origens geográficas e culturais para uma fusão de sonoridades afro-brasileiras, do Oriente Médio e dos balcãs, árabes e demais, para expressar a riqueza da música que transcende fronteiras, conectando cidadãos de todo o mundo", realçou Neto Júnior.

Dentre os objectivos do evento, sublinhou o porta-voz, destaca-se a promoção da cultura de paz, no que toca à contribuição para a construção de uma sociedade mais pacífica e tolerante, unindo artistas angolanos e estrangeiros comprometidos com a arte que transmita a tolerância, o respeito e a compreensão entre culturas.

Apesar de não ter sido avançado todos os nomes dos artistas que vão participar no festival, a organização anunciou o regresso do moçambicano André Cabaço, presente em edições anteriores. Foi garantida, igualmente, a presença do angolano Mick Trovoada, mentor do projecto Diasporando Jazz, constituído por músicos de várias nacionalidades residentes em Portugal.

Entretanto, a "festa do jazz” começa antecipadamente com a realização da segunda edição do Festival Nacional AngoJazz, agendado entre 9 a 14 de Abril, como uma actividade paralela ao grande certame. Para além das bandas locais, com particular realce para artistas provenientes de Cabinda, Benguela, Huambo, Uíge e Cuanza-Sul, visando expandir horizontes e conhecimentos em torno do jazz, o evento vai juntar, através de concertos e masterclass, grupos dos Estados Unidos da América e da França. 

O festival de Luanda enquadra-se na 13.ª edição das celebrações do Dia Internacional do Jazz em todo o mundo, que se assinala no dia 30 de Abril, declarado pela Organização das Nações Unidas em 2011 como sendo "para destacar o jazz e o seu papel diplomático de unir as pessoas em todos os cantos do mundo". Este ano o jazz é celebrado sob o lema "Amanhecer no Mundo: Juntos pelo Crescimento Inclusivo, Educando pela Arte”.

O jazz e a paz entre os povos

O director da American Schools of Angola, Marcos Agostinho, sublinhou que o jazz tem um papel muito importante naquilo que é a mensagem de paz e união entre os povos, razão que levou a UNESCO a consagrara um dia para celebrar este estilo musical, uma forma de expressar e comunicar o valor da harmonia e paz por via da arte, concernente à resolução de conflitos e à cultura de não-violência.

"Para o caso de Angola, eleva a importância que dá ao tema da cultura de paz ao juntar-se à agenda do Escritório regional da UNESCO, em parceria com a American Schools of Angola, através do projecto Resiliart, para uma grande celebração do Dia Internacional do Jazz. Não ficaremos apenas por um simples concerto, mas sim por um grande festival. Este envolver do Estado é uma mensagem sublime da importância que dá à cultura de paz, através da celebração do jazz”, observou.

Dos mais de trinta artistas internacionais esperados para os dois dias de festival, Marcos Agostinho revelou que alguns deles são angolanos que estão na diáspora. O membro da organização disse que a intenção é fazer com que estes grandes artistas angolanos residentes no exterior possam retomar o contacto com as suas origens através da música. Por outro lado, manifestou que a organização pretende, igualmente, proporcionar um intercâmbio de estilos e percepções musicais entre os diversos artistas presentes no festival.

"Esta não é uma actividade comercial, até os próprios artistas sabem que nestes eventos há um ganho muito maior pela envolvência. Haverá homenagem a artistas nacionais e internacionais”, prometeu.

Para o coordenador  nacional da Bienal de Luanda, Diakumpuna Sita José, este festival é um evento de grande valor, reforçando que a concretização da terceira edição significa que o país está a seguir bem a meta da necessidade de massificação da beleza e mensagem do jazz.

"Podemos dizer que, em parceria com o Resiliart, criamos aqui uma plataforma com a qual contamos para seleccionar os talentos, dar visibilidade e partilha de culturas. É uma oportunidade que deve ser aproveitada, porque é um espaço de exibição de talentos, não apenas internacionais como também locais”, destacou. 

Diakumpuna Sita José manifestou que a expectativa é que a participação da classe artística jovem angolana  seja  assegurada nesta comemoração de âmbito internacional, além de ter garantido que  têm as condições todas criadas para uma assistência de mais de 700 pessoas nos espectáculos, cujos acessos serão gratuitos nos dois dias.

Por sua vez, Nicolau Guebúzio, oficial de programas da UNESCO em Angola, avaliou que o jazz é o estilo musical que junta os povos para uma celebração única, promovendo o diálogo e cultura de paz. Nicolau Guebúzio recordou que o jazz é um estilo de música que veio de África e foi divulgado nas américas, pelos antigos escravos.

"O jazz já surge juntando povos de diferentes origens e raças. Hoje é património imaterial, como uma ferramenta de luta contra a discriminação e incentiva o diálogo entre os povos. A nossa Bienal de Cultura de Paz tem no jazz um grande instrumento para a resolução de conflitos por via do diálogo intercultural na sua diversidade”, defendeu.  

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