Economia

ONU defende alívio da dívida para nações em vias de desenvolvimento

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, ressaltou a necessidade de financiamento concepcional e alívio da dívida para nações em vias de desenvolvimento.

25/01/2023  Última atualização 10H21
Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que o grupo de nações sofre com o sistema financeiro global © Fotografia por: DR

Ao discursar na passada segunda-feira, durante a Cimeira dos Oceanos em Mindelo, na Ilha do Sal, Cabo Verde, Guterres considerou que os países desenvolvidos devem fornecer assistência financeira e técnica para ajudar as principais economias emergentes na transição para a energia renovável.

Acusou os países mais ricos de "recorrentemente negarem aos países em desenvolvimento e, nomeadamente aos particularmente vulneráveis de renda média e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento(SIDS), como Cabo Verde, financiamento concessional e alívio da dí-vida, de que precisam.”

"Continuarei a instar os líderes e as instituições financeiras internacionais a unirem forças e desenvolverem formas criativas de garantir que os países em desenvolvimento possam ter acesso ao alívio da dívida e ao financiamento concepcional quando mais precisarem. Isso deve incluir a realocação de Direitos Especiais de Saque (DES) não utilizados, de acordo com as necessidades dos países em desenvolvimento”, disse.

Também prometeu continuar a pressionar para se obter um pacote de estímulo de DES a fim de ajudar os Governos do sul a investirem em sistemas que apoiem o desenvolvimento e a resiliência.

Afirmou estar sempre ao lado dos países em desenvolvimento enquanto protegerem e restaurarem os seus ecossistemas após décadas e séculos de degradação e perda.

Apontou como "exemplo” a Ocean Race ao limitar as respectivas pegadas de carbono.

"Por exemplo, o sector de navegação deve comprometer-se com zero emissões líquidas (de carbono) até 2050 e apresentar planos confiáveis para implementar esse compromisso”, defendeu.

O quarto pilar de intervenção defendido por Guterres para se acabar com a emergência oceânica passa por "implantar ciência, tecnologia e inovação numa escala sem precedentes.”

"Estamos agora no terceiro ano da Década das Nações Unidas para a Ciência Oceânica. Até 2030, deveremos ter alcançado a nossa meta de mapear 80 por cento do fundo do mar. Deveremos ver novas parcerias entre pesquisadores, governos e o sector privado para apoiar a pesquisa oceânica e o planeamento e gestão sustentável dos oceanos. Deveremos ver investimentos em infra-estrutura costeira de última geração e resiliente ao clima, de cidades e vilas a instalações portuárias”, afirmou.

Para tal, incentiva novas parcerias entre pesquisadores, governos e o sector privado para apoiar a pesquisa oceânica e o planeamento e gestão sustentável dos mares.

No seu entender, é para proteger as comunidades costeiras e os trabalhadores marítimos de desastres naturais, que se deverá investir maciçamente em tecnologias e capacidades para "atingirmos o nosso objectivo de garantir a cobertura universal do sistema de alerta precoce global nos próximos cinco anos”.

Reiterou que acabar com a emergência oceânica é uma corrida que "devemos vencer. E trabalhando juntos é uma corrida que podemos vencer”.

Guterres alertou que se vem travando "uma guerra sem sentido e auto-destrutiva contra a natureza. Nessa realidade, citou a fragilidade de Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, como Cabo Verde.

 

Indústria marítima

Para combater a emergência oceânica, é preciso manter a indústria marítima, uma das maiores do mundo, de forma sustentável. Os países em desenvolvimento enfrentam os primeiros e piores impactos da degradação do clima e dos oceanos.

Sublinhou, igualmente, que "acabar com a emergência oceânica requer indústrias marítimas sustentáveis”, o que significa práticas de pesca inteligentes e sustentáveis, incluindo a aquicultura, para garantir uma forte indústria do mar, no futuro.

"Significa administrar e regular cuidadosamente o desenvolvimento e a extracção de recursos, com precaução, protecção e con-

servação no centro de todas as actividades. Significa a redução e prevenção da po-luição marinha de fontes terrestres e marítimas, e significa parceiros públicos e privados investindo em conjunto na restauração e conservação dos ecossistemas costeiros”, apontou.

Segundo disse, o grupo de nações sofre com um sistema financeiro global que considera moralmente falido, "projectado pelos países ricos” para os beneficiar.

Defendeu que haja acção para vencer a corrida contra as mudanças climáticas, que a humanidade está perdendo actualmente. Para isso, ele recomenda reduzir as emissões de gases de efeito estufa para garantir o futuro do planeta, que está prestes a superar o limite de 1,5 grau exigido por um futuro habitável.

"Cumprir o estabelecimento do fundo de perdas e danos com o qual o mundo se comprometeu em Sharm El-Sheikh (Egipto). Cumprir o compromisso de 100.000.000.000 dólares americanos, com a promessa de duplicar o financiamento da adaptação e a redução das emissões, com a eliminação gradual do carvão e a aceleração da revolução da energia renovável”, apelou Guterres.

A Ocean Race Summit insere-se na primeira passagem por Cabo Verde da Ocean Race, a maior e mais antiga regata do mundo, reuniu em Mindelo, Ilha de São Vicente, políticos, governantes, especialistas e outras personalidades para abordar o futuro dos oceanos.

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