"Quando fui admitida no sector da educação nunca me passou pela cabeça estar vinculada à escola vocacionada ao ensino especial. No momento que recebi a guia de colocação para o ensino especial, a primeira turma que recebi foi de alunos com deficiência auditiva e não tinha nenhuma experiência sobre a linguagem gestual, fiquei surpreendida, mas ainda assim, não hesitei e segui a missão que é ensinar”,  explicou.

A educadora e gestora da única escola de ensino especial da província, sublinhou que o compromisso de formar um homem novo e prestar o seu contributo na educação inclusiva de pessoas com uma determinada deficiência, determinou a sua capacidade de amor e caridade ao próximo, tendo em conta a vulnerabilidade dos aprendizados e a necessidade da paciência exigida para eficácia no cumprimento da missão e vocação. Revela que ser educadora de alunos com necessidades especiais, constituí um dos maiores desafios que abraçou ao longo dos 44 anos de vida, por considerar uma tarefa que exige constante paciência, caridade, serenidade, mansidão e entrega total diária.

"Não é uma tarefa fácil de se realizar, mas tem sido um grande desafio de vida. A minha motivação está em saber que enquanto ser humano estou a contribuir para o crescimento académico e intelectual de um grande grupo de pessoas que requerem maior atenção quando se trata de ensino e aprendizagem”, frisou.

Odília Zacarias disse que enquanto gestora tem como essência o critério de uma gestão normal, onde a fluência da comunicação encontra-se colocada no topo das prioridades pela particularidade de relações  que estabelece na instituição, não só por albergar alunos com necessidades especiais, mas também por envolver professores que apresentam necessidades especiais. E apontou o êxito da sua gestão na união apresentada pela sua equipa de trabalho formada pelo colectivo de 64 trabalhadores que compõem a instituição.

Confessa estar acomodada à acticvidade que exerce no seu gabinete e na sala de aula enquanto professora, destacando que "o dia-dia na sala de aula é um episódio de vida normal, os conteúdos são ministrados de harmonia com a programação pedagógica geral, mas adaptada  à necessidade de cada criança na sala de aula”.

Referiu que apesar de estarem enquadrados nas actividades pedagógicas programadas pelo ensino geral através dos seminários colectivos,  processo de ensino e aprendizagem da escola do ensino especial é regido pela realidade da deficiência ou necessidade de cada criança na aula, onde cada aluno é submetido aos métodos adaptáveis à sua condição.

Conquistas obtidas

A educadora que caminha para duas décadas ao serviço do ensino especial, avançou que se orgulha dos feitos e conquistas obtidas por alguns jovens que marcaram a sua passagem na única instituição educacional que alberga alunos com necessidades especiais. Avalia de forma positiva o perfil de vários alunos que passaram pela escola e hoje atingiram níveis académicos que actualmente  orgulham o colectivo de professores e todos intervenientes no processo.

A título de exemplo, frisou o caso de três ex-alunos com deficiência visual e física que alcançaram o nível médio de formação de professores, que neste momento trabalham na escola como professores e educadores de pessoas com necessidades especiais.

A esta e outras  conquistas, Odília Zacarias, também deu mérito ao contributo dos pais e encarregados de educação no processo de inclusão de crianças que nascem com alguma deficiência e obrigadas a estarem enquadradas na formação académica, sem excluir a entrega do corpo docente na materialização das acções pedagógicas eficazes.

Como projecto pessoal, Odília Zacaria tem como sonho, obter por fundos próprios um centro de artes e ofícios de suporte as crianças com alguma deficiência e proporcionar uma formação que se adequa a realidade social do público alvo para facilitar o processo de inclusão que ainda é um problema nas famílias e comunidades.

O Complexo Escolar de Ensino Especial do Namibe, existe há  mais de 25 anos. Nos  primeiros 10 anos esteve integrada na Escola 4 de Fevereiro, em Moçâmedes. Beneficiou de várias intervenções de obras fruto do compromisso do Governo da província do Namibe na efectivação das políticas de inclusão escolar das pessoas com necessidades especiais.

Aos 16 de Junho de 2021, foi reinaugurada pelo governador provincial do Namibe,  Archer Mangueira, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios, cuja obra custou aos cofres do Estado, mais  de 55 milhões de  kwanzas.

O estabelecimento comporta 10 salas de aulas, departamento de especialidades, sala dos professores. Possuí actualmente 64 funcionários, dos quais 53 são professores, 5 são especiais com necessidades auditivas e deficiência física. Neste ano lectivo 2023/2024 estão matriculados cerca de 402 alunos da iniciação à nona classe. E controlam 134 alunos com deficiência auditiva, visual, autismo, síndrome de Dawn, deficiência física motora e intelectual.