Entrevista

O que o leitor precisa saber sobre a POUPANÇA

Para as famílias que tenham vantagem sobre as poupanças constituídas, é necessário criar condições de investir o aforro/poupança em sectores que geram lucros/juros superiores à taxa de inflação gerada no período

15/01/2023  Última atualização 10H57
© Fotografia por: DR

O que é uma poupança?

A poupança é o adiamento do consumo, dito de outra é a parte da renda disponível que não é destinada ao consumo no período em que é recebida e, por conta disto, é guardado para ser utilizado num outro período futuro. Ou seja, poupança é um conceito amplo que se refere a toda receita não destinada ao consumo imediato.

Quem e como se deve fazer poupança?

Para fazer poupança basta ter um rendimento disponível e ter consciência que dias ruins acontecem, assim como, é fundamental saber que as necessidades humanas são ilimitadas e que pessoas com rendimentos muito baixos tendem a gastar mais 80% do rendimento disponível em necessidades de sobrevivência, porém pessoas com rendimento disponível muito alto tendem a gastar 10% do rendimento disponível em necessidades de sobrevivência e o resto poderá dividir entre poupança e desejos.

Por que é importante a poupança?

Existem dois tipos de poupança, por um lado existe a poupança obrigada por lei, também conhecida com INSS (fundo de segurança social), por outro lado existe a poupança livre que pode ser feita de forma colectiva através de cofres de previdência social, associações mutualistas, ou por outra forma de fundo de pensão complementar, e/ou de forma individual que vulgarmente é chamada de poupança. Em qualquer dos casos, a poupança serve para satisfazer diferentes eventos futuros, para acudir uma eventual falta de rendimento, também serve para acudir despesas extraordinárias que acontecem sem dar espaço de previsão.

Quanto se recomenda ter de poupança nos nossos rendimentos?

O que se recomenda é, em cada período, separar da renda disponível cerca de 10% para ser gasto no futuro, mas segundo a Lei de Engel, os que têm altos salários têm a probabilidade de poupar mais, e os que têm o salário mínimo nacional tendem a poupar muito próximo de zero.

Mas, realisticamente, é possível fazer poupança em economias como a de Angola?

Todo os trabalhadores, tanto os que trabalham por conta própria como os que trabalham por conta de outrem são obrigados por lei a fazer poupança para a aposentadoria, agora a poupança livre é uma questão de educação financeira, é preciso os trabalhadores entenderem que a poupança não é o que sobra do rendimento depois de deduzir o consumo, deste jeito está errado, com esse tipo de mentalidade é quase  impossível fazer poupança. Para fazer poupança é necessário separar a parte que não será utilizada no período antes de começar a realizar o consumo do período.

De que forma as famílias devem tirar vantagens das suas poupanças e de outros?

Para que as famílias tenham vantagem sobre as poupanças constituídas, é necessário criar condições de investir o aforro/poupança em sectores que geram lucros/juros superiores à taxa de inflação gerada no período, é necessário criar condições de conservar o valor do dinheiro no tempo, por forma a que todas as possíveis correcções monetárias sejam satisfeitas com os ganhos do investimento da poupança.

Qual o contributo da(s) poupança(s) na Economia?

A poupança guardada nos bancos, principalmente as que ficam em conta de depósito a prazo de médio e longo prazo, permite que os bancos tenham mais liquidez disponível para fomentar o aumento do emprego, do produto nacional bruto e do desenvolvimento económico e social de forma sustentável.

As pessoas ou países que não fazem poupanças, quais são os perigos?

Os países onde as famílias têm baixo nível de poupança, regra geral têm baixo índice de desenvolvimento humano, têm o PIB per capita muito baixo e são considerados países do terceiro mundo, países subdesenvolvidos e outros adjectivo. O maior perigo é nunca saírem do estágio económico em que estão.

Dê exemplos...

Mais de 80% dos países africanos, da América Latina, da Europa do Leste e da Ásia têm baixo nível de poupança.

Recomendações finais, enquanto especialista em poupanças e educador financeiro...

A melhor forma de diminuir o consumo supérfluo é educar a população a poupar, um incremento na educação financeira das famílias, certamente gera um incremento no desenvolvimento económico e social do país.

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