Estamos já numa ronda censitária e nos próximos dois anos poderemos saber, com maior precisão, qual é o tamanho da nossa população.
Os angolanos celebraram no sábado passado a data do início da Luta Armada de Libertação, relembrando os feitos dos nacionalistas que, no dia 4 de Fevereiro de 1961, decidiram organizar-se para darem os primeiros passos na caminhada que resultaria na conquista da Independência Nacional, no dia 11 de Novembro de 1975.
Depois de Luanda, cuja minicimeira que reuniu o Presidente João Lourenço, o Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, do Burundi, Evariste Ndayishimiye, o ex-Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Rwanda, Vincent Biruta, e produziu o importante comunicado final, segue-se agora em Nairobi a chamada III fase das negociações, no quadro do diálogo intercongolês.
Trata-se de uma iniciativa que teve início na segunda-feira para a qual seguiram os representantes dos grupos rebeldes congoleses, com excepção do M-23, que ao que se diz, preferiu boicotar o encontro em que participam também, de forma distinta, delegados de numerosas organizações da sociedade civil que se batem a favor do direito das mulheres. Mas diz-se também que o boicote se deveu a pressão de Kinshasa, que não quer mais dialogar com o M-23.
A primeira fase teve lugar em Abril deste ano e envolveu mais as lideranças e, na altura, um dos objectivos passava pelo aquartelamento, desarmamento, desmobilização e reintegração dos elementos das milícias nas Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC). Cerca de dois a três meses, decorreu a segunda fase em que as partes convencionaram engajar as representantes de organizações que defendem as mulheres, encaradas como entes com uma palavra a dizer nos processos internos de gestão e resolução de conflito.
O encontro começou desequilibrado, com a ausência do principal grupo rebelde, o M-23, sem o qual dificilmente se poderá encontrar a paz, independentemente da agenda das lideranças regionais, cujo roteiro de Luanda prevê, entre as várias medidas a adoptar, o peace enforcement.
Esta terceira fase das negociações do diálogo intercongolês, cuja sessão de abertura foi dirigida pelo Presidente do Burundi e actual líder da Comunidade da África Oriental, Evariste Ndayishimiye, e Uhuru Kenyatta, o facilitador deste processo de paz pela Comunidade da África Oriental África Oriental (EAC), em que a União Africana e as Nações Unidas participam como observadores, pecou pela falta de inclusão.
No Safari Park Hotel, em que decorre o encontro, as expectativas são reduzidas em função do actual clima de exclusão e de hostilização por que passam as populações congolesas rwandófonas no Leste do país, mais concretamente na província do Kivu Norte, Kivu Sul e Ituri, e mesmo noutras partes da RDC, ao lado do que começa a emergir como posição oficial do Governo da RDC, de rejeitar liminarmente qualquer diálogo com os elementos do M-23.
Para o presidente da Comunidade da África Oriental, o Chefe de Estado do Burundi, Evariste Ndayishimiye, e para Uhuru Kenyatta, o facilitador deste processo de paz pela Comunidade da África Oriental África Oriental (EAC), seria melhor que, independentemente do actual quadro político e militar, traduzido na ocupação de cidades congolesas, como Bunagana, Rutshuru e Kiwanja, por parte do M-23, as autoridades congolesas não fechassem as portas do diálogo.
A um alto funcionário diplomático burundês, citado pela imprensa queniana, atribui-se o seguinte pronunciamento: "as autoridades congolesas deviam entender que, mesmo na eventualidade e possibilidade de encurralarem o M-23, com a ajuda das forças dos países vizinhos, seria muito perigoso fechar todas as portas e janelas”.
A forma como o M-23 reagiu ao comunicado final da Minicimeira de Luanda, em que elogia a iniciativa e se predispõe a cooperar na medida em que, segundo o porta-voz do grupo, Kinshasa o fizer, devia também servir para que as iniciativas de Luanda e de Nairobi encorajassem as autoridades da RDC a repensar o posicionamento actual.
Insistir que o M-23 é "um grupo terrorista”, que "é um simples prolongamento do expansionismo rwandês”, que deve abandonar o território congolês e esperar que os países vizinhos, ao desdobrarem homens e meios, resolvam o problema do Leste, é tão irrealista quanto irresponsável da parte da RDC.
A existência de um quadro político interno, na RDC, por via do qual o Governo do Presidente Félix Tshisekedi e os representantes do movimento liderado por Bertrand Bisimwa e de outras milícias sejam capazes de resgatar os aspectos importantes dos acordos anteriores, desde Sun City, África do Sul, 2003, Goma (cdfapital do Kivu Norte, RDC), 2009 e Nairobi, 2012, devia ser prioridade.
Todos eles visavam basicamente as mesmas coisas, ou seja, o aquartelamento das milícias, desarmamento, integração e reintegração dos elementos das milícias nas FARDC, ao lado de iniciativas políticas que visariam desencorajar as actos discriminatórios contra os congoleses rwandófonos, também designados de banyamulengues.
É preciso recordar que a primeira vaga de tutsis vindos do Rwanda, que encontrou abrigo do outro lado da fronteira, atravessou os limites fronteiriços dos dois territórios sob o domínio do mesmo colonizador, o Reino da Bélgica, no século XIX e estimavam-se em 30 mil.
Duzentos anos depois e independentemente das jogadas políticas actuais, é óbvio que a sociedade congolesa em geral e o Governo da RDC em particular, hoje liderado por Félix Tshisekedi, não pode repetir os erros dos três predecessores, que encararam sempre os congoleses rwandófonos como estrangeiros que deviam abandonar o território da RDC. Aliás, vale lembrar que em 1981, o Presidente Mobutu tinha decretado a naturalização de todos os tutsis que se tinham instalado nos planaltos das províncias do Kivu Norte, a partir de 1885, vindas do Rwanda, a que se juntaram os "imigrantes económicos” vindos do Burundi.
Tratam-se de cidadãos congoleses, independentemente das ligações linguísticas e culturais que as interligam com os países vizinhos, como de resto sucede com a maioria dos povos fronteiriços em toda a África, cujos limites herdados da colonização produziram a realidade que existe hoje e que os Estados precisam de gerir da melhor maneira possível.
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginO Governo voltou a organizar esta semana uma grande conferência com o objectivo de produzir mais uma grande reflexão. Juntaram-se num hotel caro como o Intercontinental empresários, académicos e governantes num Fórum Nacional da Indústria e Comércio.
Quando, em 2017, João Lourenço elegeu a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade como os principais males a combater durante o seu mandato como Presidente da República, poucos acreditaram que esta aposta tivesse pernas para andar.
Estive recentemente nas Ilhas Maurícias, tidas por muitos como um paraíso na Terra. Voei para lá a partir do Dubai. Quando esperávamos pelo voo notei grupos de polacos, russos — muitos turistas da Europa do Leste que tinham fugido do inverno do Hemisfério Norte.
São múltiplos cenários que se podem observar do livro “Fundamentos Filosóficos do Insucesso das Reformas Educativas na África Bantu: O caso da RDC, da Zâmbia e de Angola”, de Carlos Gime, que careceram do autor fundamentos numa perspectiva filosófica, visto que a educação bantu, mesmo no período pós-colonial esta(va) ao serviço de seus colonizadores, o que, de certo modo, influenciou grandemente no (in)sucesso da educação na RDC, na Zâmbia e em Angola.
Subiu para 3.600 o número de vítimas mortais, do terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter, registado na Turquia, perto da fronteira com a Síria, de acordo com os mais recentes relatórios provisórios, divulgados, na noite desta segunda-feira, pela Presidência de Gestão de Emergências e Desastres (AFAD) da Turquia.