Reportagem
“O futuro de Angola repousa no turismo e não no petróleo”
Manuela Gomes
Jornalista
A semana é dedicada ao Turismo, cujo Dia Mundial celebrou-se segunda-feira. A indústria do sector em Angola explora essencialmente a beleza natural do país, incluindo os rios, as cascatas e a costa litoral angolana.
28/09/2021 Última atualização 08H05
© Fotografia por: DR
A indústria do turismo em Angola é relativamente jovem, visto que grande parte do país foi destruída durante a guerra civil, que terminou em 2002. A situação também coloca Angola fora das rotas internacionais de turismo.
Apesar dos grandes condicionalismos do passado, devido à situação de conflito armado, Angola apresenta um enorme potencial de desenvolvimento turístico, tendo o Governo criado o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente para dinamizar esta área.
Os encantos de Angola são numerosos e diversificados, aliados a uma fabulosa gastronomia, não esquecendo a sua riqueza étnica, que são excelentes elementos para o desenvolvimento do sector turístico.
Angola tem inúmeros pontos turísticos, entre os quais podem-se destacar os parques nacionais da Kissama e Iona, Quedas de Kalandula, do Ruacaná, Mussulo, Miradouro da Lua ou o Rio Zambeze.
Em entrevista, o director do INFOTUR, Afonso Vita, disse que Angola tem um potencial enorme, em termos de atractivos turísticos, começando pela localização geográfica, que é estratégica, o clima, fabuloso patrimônio histórico e cultural, que influenciou a história da humanidade, e os seus recursos naturais multiformes.
"O país tem todos os requisitos necessários para o sucesso no domínio do Turismo, desde que se comece a transformar os recursos turísticos existentes em produtos turísticos capazes de ser vendidos a nível nacional e internacional”, disse.
Desafios
Actualmente, os grandes desafios no sector do Turismo começam com a inserção dos empreendimentos turísticos no Programa de Alívio, criado pelo Executivo, para apoiar as empresas que foram afectadas pelo impacto negativo da pandemia da Covid-19, tal como aconteceu com outros sectores produtivos do país, com vista a dinamizar o funcionamento do sector e relançar o turismo interno. Estes desafios também passam pela contínua melhoria das vias de acesso aos pontos turísticos e à sua infra-estruturação, para facilitar a circulação de turistas e rentabilizar os empreendimentos turísticos.
"Apesar destes desafios, podemos fazer uma avaliação do sector, que é positiva, porquanto foram feitos grandes esforços nos últimos tempos, apesar da conjuntura difícil que se vive, essencialmente, nos domínios da promoção turística e roteirização do país'', disse.
Dentro desses esforços, acrescentou, foi também criado o projecto "Juntos e Todos Pelo Turismo”, que tem como pendor principal despertar a sociedade para a importância do Turismo e a transformação dos recursos turísticos existentes em produtos turísticos capazes de ser vendidos dentro e fora do país.
O responsável disse que, em termos de valorização dos recursos turísticos do país, foi seleccionado o atractivo ponto turístico do Miradouro da Lua, onde foram implantados vários equipamentos turísticos de base de apoio ao visitante (turista), cuja inauguração está prevista para o dia 29 de Setembro do corrente ano.
Segundo Afonso Vita, actualmente, Angola já conta com um hino promocional do turismo e uma embaixadora a nível internacional, a modelo angolana Maria Borges, que tem como principal missão a promoção do turismo dentro e fora do país.
De acordo com o responsável, em Julho do ano em curso, foi inaugurada a Rota Turística Luanda - Cabo Ledo e está na fase final o Roteiro Turístico dos Museus de Luanda, a ser lançado brevemente.
ENTRADA EM ANGOLA
Um visto para o Turismo
Relativamente à burocracia para a aquisição de visto de turismo para entrada no território nacional, Afonso Vita disse que o sub-sector do Turismo tem dado passos significativos para a desburocratização.
"Foram reduzidos os documentos necessários para o licenciamento dos empreendimentos turísticos, passando de 11 documentos antes exigidos para três. Foi alterada a validade dos alvarás de três para cinco anos, está em curso o processo de descentralização do sistema de emissão dos alvarás. Todas essas acções visam a melhoria do ambiente de negócios na área do Turismo”, explicou.
Ainda em relação aos vistos, Afonso Vita disse que o processo já foi mais difícil. Fez saber que houve avanços significativos, que precisam de ser melhorados, para atrair mais turistas, sobretudo olhando para os principais mercados emissores de turistas do mundo, que devem a máxima atenção, a fim de aumentar o fluxo turístico do país e melhorar a contribuição do sector no Produto Interno Bruto (PIB) e na criação de empregos.
"O que precisamos fazer, neste momento, é unir esforços, olhando para o Turismo com olhos de ver, como único capaz de dinamizar e transformar a nossa economia em pouco tempo, criando empregos, facilitar a captação de divisas e combater a pobreza”.
No entanto, sublinhou, isso só será possível se sairmos da teoria à prática, transformando palavras em acções, tal como o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente está a fazer no Miradouro da Lua.
"O futuro de Angola repousa no Turismo e não no petróleo''; chegou a hora de desenvolver esse importante sub-sector, sob o lema "Juntos e Todos Pelo Turismo".
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