No alto da minha ignorância, encho-me de brios para defender Patrícia Faria, cidadã angolana de mérito, no meio da multidão enfurecida por causa das decisões tomadas pelo Conselho de Disciplina da Federação Angolana de Futebol (FAF), na apreciação dos indícios de viciação de resultados e corrupção desportiva, suscitados no áudio vazado nas redes sociais.
Hoje, celebra-se, em todo o mundo, o dia de um dos órgãos mais importantes do corpo humano, o coração, uma data criada, em 2000, pela Federação Mundial do Coração, instituição que congrega, no seu seio, todas as Sociedades de Cardiologia do planeta.
Setembro é mês de memórias, presentes e passadas, recheadas de exemplos de honra, heroicidade e sacrifício, outrossim de indignidade, cobardia, desprezo, a lembrar, uma vez mais, as duas faces de qualquer moeda.
O 11 de Setembro de 1973 é uma daquelas datas. Meio século volvido prevalece na memória não somente de milhões de chilenos que a sentiram na tortura dos corpos aprisionados, da dignidade ferida e liberdade espezinhada conseguida em eleições livres comprovadas por observadores internacionais.
Aquele 11 de Setembro de há cinquenta anos continua vivo na memória de milhões, especialmente das integrantes do Movimento das Avós chilenas que, desde então, clamam pelo direito de lhes serem entregues os restos mortais dos netos. Os de sangue, mas, também, daqueles que com eles pagaram com a vida a ousadia de defenderem uma vida mais justa e menos desnivelada social e economicamente. Foi uma opção conquistada pelo voto. De intelectuais, operários, comerciantes, assalariados, estudantes de todos os níveis, homens e mulheres, dos mais diversos extractos sociais. Tratou-se, no fundo, da vitória da justiça que, como é corrente naquela circunstâncias, buliu com os interesses oligárquicos.
O 11 de Setembro sangrento no Chile continua presente na memória de muitos, não apenas naquele país, como na de outros, designadamente de quantos na década de 70 do Século XX eram jovens em Estados com regimes ditatoriais e colonialistas, como era o caso de Portugal e dos territórios que ocupava pela força das armas. Angola era um deles.
A censura era garrote a amordaçar a verdade. Uma vez mais, porém, a rádio, já então modernizada com o funcionamento a pilhas, facilitava a informação. Inclusivamente, com recurso a aparelhos de fabrico caseiro, até dentro de prisões. Eram riscos a correr pela necessidade de saber.
Os anos passam a correr, principalmente nestes tempos de pressa, que provocam tantos tropeções conducentes ao alheamento de conhecimentos que levam a becos da ignorância ou de distorções da História. Talvez, por isso, o 11 de Setembro, esteja mais longe e é, cada vez mais, menos lembrado no Mundo. Mesmo em países democráticos, circunscreve-se ao próprio Dia: em mensagens escritas ou faladas, presenças de representantes governamentais nas cerimónias oficiais. Pelo andar da carruagem, há-de ficar-se pelas celebrações no Chile e pouco mais, além da perseverança regada pelas lágrimas escorrerem pelos sulcos dos rostos eternamente sofridos das integrantes do Movimento das Avós.
Os angolanos sabem bem, infelizmente por experiência própria, o que é perder entes queridos e não poderem enterrá-los, prestar-lhes as homenagens devidas, cumprirem cerimónias que fé e rituais ancestrais exigem. As várias guerras que os angolanos nunca quiseram, mas foram obrigados a travar, adiaram, para sempre, muitas daquelas cerimónias. Parte delas foram recuperadas muito depois das mortes devido a uma recente iniciativa governamental. Limitaram-se, contudo, a confrontos fratricidas. Quantas Avós dos nossos combatentes da liberdade - um que fosse era muito - poderão prestar as últimas homenagens?
A História do 11 de Setembro no Chile, pelo que foi e é - exemplos de honra, heroicidade e sacrifício, mas também, de indignidade, cobardia e desprezo - devia ser divulgada em todos os países democratas ou em vias disso. Para as novas gerações conhecerem e entenderem que a liberdade é algo muito mais importante do que alguns pensam e julgam. Por essa mesma razão, tem de ser resguardada, como dos bens mais preciosos que qualquer sociedade pode ter. Sem querer ver fantasmas e inimigos ao dobrar de cada esquina, mas conscientes que mais difícil do que conquistar direitos é mantê-los. E que há lobos com pele de cordeiro, capazes de tudo para atingir fins inconfessos, ninguém duvide.
O 11 de Setembro não é apenas uma data, mas parte da História de um povo que deve ser conhecida, respeita e honrada, jamais ignorada.
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