Sociedade

“O estigma ainda causa traumas”

O estigma e a discriminação ainda perseguem as duas famílias de Francisco da Costa, quase um ano depois de ter ficado conhecido pelos angolanos como “caso 26”, que infectou 29 pessoas e provocou a criação das cercas sanitárias do Cassenda e do Futungo, em Luanda.

21/03/2021  Última atualização 12H14
© Fotografia por: DR
"As minhas duas famílias ainda vivem traumatizadas devido a essa situação”, revela à reportagem do Jornal de Angola, ao recordar os momentos que viveu quando acusou positivo à Covid-19.
Recuando no tempo, lembra que chegou a Luanda, proveniente de Lisboa, Portugal, no dia 19 de Março do ano passado. De acordo com as orientações das autoridades sanitárias, cumpriu a quarentena domiciliar, mas em duas residências. Primeiro, no Cassenda, onde passou sete dias, e, depois, no Futungo.

Tal como diz a alcunha por qual ficou conhecido, foi a 26ª pessoa a testar positivo à Covid-19 no país. Francisco da Costa infectou uma das esposas e dois filhos menores.
Devido ao resultado, nos dias 5 e 6 de Maio foram criadas cercas sanitárias nos dois bairros onde possui esposas e filhos. As cercas sanitárias foram levantadas nos dias 21 e 28 do mesmo mês.
Conta que, depois de saber que estava infectado e por ter convivido com várias pessoas, sentiu peso de consciência, principalmente, quando foram criadas as cercas sanitárias nos dois bairros onde vivia.

Por esta situação, recorda, os vizinhos ficaram revoltados e passou a ser vítima de discriminação. Mas, depois de serem levantadas as cercas sanitárias, recebeu chamadas de encorajamento pelo momento que estava a passar. Por essa experiência vivida, Francisco da Costa aconselha as pessoas a cumprirem as medidas de prevenção. "Depois de me aperceber da situação, colaborei com as autoridades sanitárias, no sentido de localizar os contactos para rastreio dos casos afectados pela minha contaminação”, disse.

Revelou que a convivência no centro de tratamento de Calumbo não foi fácil. Durante os primeiros 20 dias, revela, orava para que as pessoas infectadas fossem diagnosticadas o mais rápido possível e para serem curadas. Além do "caso 26”, teve, também, o "caso 31”, um cidadão da Guiné Conacri, igualmente proveniente de Lisboa, que originou a cerca sanitária no bairro Hoji-ya- Henda.

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