No terceiro e último dia do Workshop Nacional sobre Mapeamento e Estratégia das Indústrias Culturais e Criativas de Angola (ICC's), ficou em evidência, na quarta-feira, nas palavras do director da "Art sem Letra", Kiaco Zambo, que Angola Criativa necessita de mais do que uma sala para realizar um evento desta dimensão.
O Dr. Agostinho Neto chegou à Ponta do Sol nos meados do ano de 1960, mandado como médico para toda a Ilha de Santo Antão, porque na altura era um só médico para toda a ilha, o que quer dizer que ele tinha de se deslocar para todos os concelhos e freguesias.
Como médico ele foi uma pessoa que rapidamente ganhou o respeito e a simpatia do povo porque, para além de ser um bom médico, sempre ajudou e se preocupou com os mais necessitados.
Só para demonstrar, por exemplo, quando ele receitava medicamentos e as pessoas não tinham recursos para os adquirir, ele, simplesmente, oferecia, sem pedir qualquer pagamento, os medicamentos que existiam na farmácia da enfermaria regional. E quando na farmácia já não havia medicamentos, ele, com a experiência que tinha, chegava a receitar ervas medicinais (remédios da terra) para as pessoas se tratarem, sabendo ele que as pessoas não tinham condições para comprar medicamentos.
Ainda dentro deste campo, nesta altura, todos se devem lembrar que existia em Santo Antão o Centro de Leprosos, conhecido por Galeria. Pois aí ele fez um excelente trabalho, tratando muitos leprosos que depois foram autorizados a deixar o centro já curados.
Além do seu excelente trabalho como médico, ele foi também uma figura muito respeitada e, posso mesmo dizer, temido politicamente pelas autoridades coloniais. Digo isto porque ele era constantemente vigiado e muitas vezes foi perseguido.
Só para exemplificar, as autoridades coloniais chegaram a mandar interditar o antigo campo de futebol da Ponta do Sol, enchendo-o com bidões cheios de areia, para evitarem que viesse a pousar algum helicóptero com intenções de o ajudar a fugir, já que corriam alguns rumores acerca disso.
Devo dizer que o aeródromo da Ponta do Sol, que foi mais tarde construído no mesmo espaço onde houve a interdição, foi chamado Aeródromo Agostinho Neto, precisamente devido a esse episódio.
Lembro-me de um outro episódio que pessoalmente achei interessante, até porque o presenciais, o dia em que a polícia (PIDE) o queria fazer embarcar no cais da Ponta do Sol e ele simplesmente recusou-se a embarcar nesse cais, dizendo que só embarcava mais tarde no Cais do Paul, embora no mesmo barco, o que veio a acontecer.
Para terminar, queria dizer que o Dr. Agostinho Neto foi para nós, em Santo Antão, um grande médico e um grande homem. Um homem de grande valor e com muita e com muita dignidade.
Ele foi admirado e respeitado pelo povo mais velho de Santo Antão, que ainda hoje se lembra dele com saudades e com amizade.
Nós, que tivemos a felicidade de o conhecer, vemos nele a figura de um grande angolano mas, também, de um grande cabo-verdiano, pois ele soube tratar o povo de Santo Antão com muito carinho, respeito e dignidade.
Estou
feliz por ter conhecido parte da sua família, em especial a sua esposa e a sua
filha, para poder lhes dizer que nós, em Santo Antão, devemos muito a este
grande homem que foi Agostinho Neto e teremos sempre presente o seu exemplo.
Santos
de 88 anos de idade, natural da freguesia de Nossa Senhora do Livramento,
cidade da Ponta do Sol, conviveu com o médico Agostinho Neto durante toda a sua
estada na ilha de Santo Antão.
Manuel Nascimento Santos
Um médico angolano na Ponta do Sol
Rui Ramos | em Cabo Verde
Há ainda memórias da passagem de Agostinho Neto pela ilha cabo-verdiana de Santo Antão, há 60 anos. Agostinho Neto era um médico angolano de 40 anos, perseguido sem tréguas pela polícia política de Salazar. Para o isolar do crescente movimento internacional a seu favor, o regime colonial enviou-o para o que considerava ser uma zona remota, as montanhas da ilha de Santo Antão, mais exactamente na Ponta do Sol, atribuindo-lhe o lugar de subdelegado da Saúde. Mas mesmo aí Agostinho Neto era incómodo para a ditadura colonial-fascista e cada vez mais pressionado internacionalmente, o regime de Lisboa mete-o em novos barcos cargueiros para o encarcerar na cadeia política do Aljube. Em honra de Neto, foi dado o seu nome ao aeródromo de Santo Antão, desactivado desde 2007, e ao hospital de Ponta do Sol – Ribeira Grande, hoje transformado em posto de Saúde, foi erguido um busto do primeiro Presidente angolano.
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