Dias depois da ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, anunciar os primeiros casos da doença no país, era confiado a Franco Mufinda a missão de, diariamente, apresentar os dados da Covid-19.
Desde Março de 2020, o modo peculiar como apresentava os números, quer fossem "a óbito” ou casos "suspetos”, tornou Franco Mufinda numa figura mediática e motivo de várias conversas e julgamentos.  

Para os que o julgavam inculto ou despreparado para a dolorosa tarefa de, todos os dias, apresentar o quadro funesto da pandemia da Covid-19 em Angola, veio alguém, conhecedor das nossas línguas e fonéticas, explicar a razão da pronúncia do secretário de Estado para a Saúde Pública. Foi agregada à pertinente elucidação um longo e rico percurso académico de Franco Mufinda, disponível nas redes sociais.


Dados pessoais e académicos
Franco Cazembe Mufinda é natural do município do Luau, província do Moxico, onde nasceu em 1973. É filho de  Eduardo Mufinda e Carlota Tembo Mahamba Mwaku. O seu percurso estudantil terá ganho um grande impulso quando completou, em 1992, o ensino médio em Mecânica Geral no Institut des Técniques Industrielles de Manika (ITIMa), em Kolwezi, Katanga, na República Democrática do Congo. Em 1996, ingressou na Universidade de Lubumbashi (UNILU) e  Institut Superieur de Sciences Médicales de Lubumbashi–Katanga, onde se licenciou em Ciências Hospitalares.

Actualmente,  Franco Mufinda é PhD em Saúde Pública, pela Universidade Nova de Lisboa (Escola Nacional de Saúde Pública), na especialidade de Epidemiologia. Como tese de doutoramento dissertou sobre "Brucelose na província do Namibe, Angola, 2012. Prevalência humana (profissionais da pecuária) e animal, factores de risco, conhecimento e práticas". Pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, fez o Mestrado em Ciências (MSc) em Saúde Pública e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) – Rio de Janeiro, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE), Mufinda concluiu um mestrado em Gestão de Empresas.  Em 2005, Franco Mufinda fez 240 horas do curso básico Geral de Ultra-sonografia (Ecografia) na Escola de Ultra-sonografia de Ribeirão Preto – São Paulo. Concluiu igualmente os cursos de Ecografia Mamária, Bioestatística para profissionais da Saúde e  fez o curso de superação pedagógica pela  Universidade Mandume Ya Ndemufayo, Escola Superior Politécnica do Namibe.


Curriculum Profissional
Franco Mufinda é actualmente Secretário de Estado para a Saúde Pública. Antes da sua nomeação, em 2019, era Director do Gabinete Provincial de Saúde do Namibe. Desempenhou as funções de chefe de Departamento Provincial de Saúde Pública e de director do Centro de Saúde do Camucuio (Namibe). É professor auxiliar de Ecotoxicologia na Escola Superior Politécnica do Namibe, da Universidade Mandume Ya Ndemufayo,  e também professor da cadeira de Epidemiologia do curso de pós-graduação de Enfermagem em Saúde Comunitária, no Centro de Formação da Clínica Mutiperfil, em Luanda.  Já  leccionou Matemática, Física e Mecânica Geral. Tem vários artigos científicos publicados em revistas indexadas e orientou vários trabalhos de fim de curso nas áreas de Ciências de Saúde, Biologia e Engenharia do Ambiente.


Homem de Letras
Franco Mufinda tem no mercado as seguintes obras literárias: livro científico em decorrência da tese de Doutoramento, "O REINO K” (conto), "Alma gêmea em Asas prateadas” (poesia) e é co-autor da antologia poética: "Dunas de Kalahari”. É membro da Brigada Jovem de Literatura do Namibe.


Prémios e demais ocupações
Em 2017, Franco Mufinda foi considerado "Melhor Dirigente do Ano” na província do Namibe, pela organização do "Moda Welwitchia". Venceu a categoria de Investigação Científica do Ano de 2018 na mesma província.

O actual Secretário de Estado para a Saúde Pública fala tchokwe, aruund (Lunda), português, francês, swahili, e inglês. É revisor de artigos científicos pela Science Domaine e International Journal of Occupational and Environmental Health. Fez locução na Rádio Mutoshi (R.M), Kolwezi, no programa "Falemos Português” ou "Parlons Portugais”. Esta rubrica que ainda está no ar, tem como objectivo ensinar a língua portuguesa à Comunidade angolana refugiada
e residente no Katanga.

Rosalina Mateta