Opinião

O café, os empresários e os bancos

Angola já foi nos anos 70 do século passado um dos maiores produtores mundiais de café. Em 1973, Angola foi o terceiro maior produtor de café, que era então uma das principais fontes de receitas para o regime colonial português.

18/03/2021  Última atualização 10H47
Sabe-se que muitos projectos imobiliários foram construídos no tempo colonial com o dinheiro proveniente da exportação do café, cuja produção, é preciso dizê-lo, era feita sob condições penosas e desumanas, com milhares de angolanos a serem obrigados a saírem das suas terras de origem para trabalhar nas roças de café dos colonialistas.

Estamos hoje independentes e o café pode hoje constituir-se também num produto capaz de ajudar a alavancar a nossa economia, devendo-se produzi-lo em condições que respeitem as leis laborais do nosso país e os tratados internacionais sobre o trabalho de que Angola seja parte.

 Há empresários angolanos com experiência na produção de café que pretendem desenvolver essa actividade que pode ser bastante lucrativa. Acontece,  porém, que muitos desses empresários, não têm capital para fazer arrancar a produção cafeícola em várias fazendas existentes por exemplo na província do Uíge, considerada a maior produtora do bago vermelho no país.

 Os empresários angolanos do café querem obter junto dos bancos comerciais crédito para revitalizar uma actividade cafeícola. Mas os bancos querem naturalmente saber se os projectos produtivos dos cafeicultores são exequíveis e podem assegurar retornos capazes de garantir que os devedores vão pagar o que devem mais os juros previamente contratados.

 A União Nacional dos Camponeses Angolanos, que tem milhares de associações e cooperativas agrícolas, devia saber da viabilidade da actividade cafeícola nas actuais condições do país, em várias províncias, a fim de, se for caso disso, intervir no sentido de ajudar os cafeicultores a conseguir, por exemplo financiamento para os seus projectos. Há cafeicultores em alguns países africanos que estão a apostar na produção do café e têm tido muito sucesso, em termos de lucros.

Era bom que se estudassem as experiências de países africanos que são também produtores de café, para se saber como os seus produtores se organizam e como têm conseguido chegar aos diferentes mercados do mundo. Hoje o mundo é, como se costuma dizer, uma aldeia, e vale a pena aprender com os que estão mais avançados.
O café um produto muito apreciado no mundo. Se a natureza nos deu terras férteis que proporcionam boa produção de café devemos aproveitar a sua generosidade.

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