Economia

Novos investimentos vão gerar cerca de três mil empregos

Arão Martins / Benguela

Jornalista

Dois novos investimentos privados instalados no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela - Benguela (PDICB) vão gerar, nos meses de Abril e Maio, cerca de três mil empregos directos, segundo o presidente do Conselho de Administração.

25/03/2023  Última atualização 08H10
© Fotografia por: DR

Miguel Kiluange Etossi Correia disse, em entrevista ao Jornal de Angola, O presidente do Conselho de Administração do Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela Benguela (PDICB), Miguel Correia, fez saber, que ainda este ano, vão ser inauguradas mais duas fábricas, sendo que uma ligada à produção de materiais de uso hospitalar e na restauração deverá gerar cerca de 2.500 novos empregos.

Trata-se de calçados, crocs e pantufas e deve entrar em funcionamento pleno a partir de Abril. Neste momento, segundo o gestor, está-se na fase de finalização nas afinações e ligação das máquinas e equipamentos.

Outra fábrica, ainda em construção, é do ramo alimentar, na área das bolachas, e deve  arrancar em Maio próximo com o projecto da segunda fase, que consiste no alargamento da linha de produção. Espera-se que este projecto venha a gerar mais de 300 postos de emprego.

Para o PCA, muito rapidamente, pode chegar-se aos 6.500 ou 7.000 empregos.

"Temos também uma indústria panificadora que vai fazer 15 mil pães por dia, que vai gerar, também, 150 postos de trabalho. As obras estão a bom ritmo e a previsão é de ser inaugurada brevemente em Maio”, disse. Em 2022, conforme detalhou o PCA, haviam também sido já inauguradas no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela - Benguela outras duas fábricas.

Contudo, é ainda preocupação dos gestores do espaço a existência de terrenos ocupados, mas sem produção efectiva e cujos proprietários estão em parte ainda incerta.

Miguel Correia não tem dúvidas em afirmar que, actualmente, se está com uma dinâmica muito forte em termos de atracção de investimentos industriais. Segundo o próprio, anteriormente, houve  certa desvirtualização daquilo que é o objecto, mas mesmo já a anterior administração do pólo havia dado início ao trabalho de trazer de volta e fazer perceber aos interessados de que os espaços do PDICB estavam à disposição, mas para a realização de investimentos industriais e que não se tratava de espaços a serem adquiridos e ficarem, no fundo, abandonados.

"Na realidade, estamos com uma dinâmica, em termos de promoção, muito forte. Repare que o temos como o objecto social criar, promover e gerir um Pólo de Desenvolvimento Industrial com o objectivo de gerar diversificação e expansão industrial”, afirmou.

Só 88 empresas funcionam

De acordo com dados avançados pelo PCA, o Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela - Benguela (PDICB) tem um registo de 400 contratos assinados.

Destes, em previsão, pois se  necessita  ainda de actualização, apenas 88 empresas estão funcionais. Das 88 empresas a funcionarem resultam em 26 projectos que actualmente são industriais.

"Quer isso dizer que o resto são terrenos, presumivelmente, desocupados”, assume.

Segundo Miguel Correia, aos proprietários superficiais desses terrenos, são-lhes cedidos a título de concessão um período de 60 anos renováveis em igual período. O que se passa, explica, é que muitos destes superficiários que têm os títulos de concessão não se encontram na província. Simplesmente desapareceram.

"Temos estado a fazer um esforço muito grande para tentar perceber, exactamente, sobre os espaços que estão livres; onde é que estão os superficiários para poder reverter isso em nome do PDICB, porque as cláusulas dos contratos assim o permitem e agem a favor do Pólo, para que se possa, então, dar a oportunidade a quem quer fazer mais e melhor.

Acordos

Estamos a tentar fazer um memorando de entendimento com o Fundo de Garantia de Crédito, no sentido de facilitar junto à banca os casos de créditos bonificados para os projectos que venham ser desenvolvidos dentro do PDICB. É muito bom para quem quiser  investir aqui. É um benefício e vantagem para os investidores que queiram fazer os seus investimentos dentro do PDICB, porém, queremos alterar um pouco o conceito. É fazer com que estes créditos que, realmente, são libertados para o investimento da indústria, realmente, sejam libertados pela banca, mas, no sentido de que, realmente, eles vão investir dentro do PDICB.

O Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela – Benguela tem um potencial muito grande a nível económico para a província e para o país. É para aí que está a olhar; tentar trazer dinamismo, encontrar soluções e tentar ver com as pessoas que têm os espaços sem aproveitamento e ir buscar parcerias para se trabalhar  em conjunto.

Pólo é uma Sociedade Anónima com dois sócios

Conhecido  ,commumente,  como Pólo Industrial da Catumbela, a designação oficial é mesmo Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela - Benguela, na sigla PDICB. Fala-se muito mais na abreviatura por PDIC, mas, na verdade, é mesmo PDICB. Assim consta nos estatutos de criação da Sociedade.

É Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela – Benguela, porque está localizado na cidade de Benguela. É daí que deriva a sociedade SA, composta por dois sócios, designadamente o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Angola (IDIA), entidade responsável pela criação e gestão dos pólos, que detém 60 por cento, e o Governo Provincial de Benguela, que concentra 40 por cento. São estes os dois sócios, que constituem a sociedade PDCIB (Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela – Benguela).

Situado no município da Catumbela, província de Benguela, o Pólo de Desenvolvimento Industrial foi criado para permitir a instalação de empresas, no âmbito da industrialização e diversificação da economia.

A nível do país, existem 22 Pólos de Desenvolvimento Industrial, mas, há também, alguns pólos de desenvolvimento rural, além de parques industriais. Os pólos industriais são superintendidos pelo Instituto de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica de Angola (IDIA), que é a entidade responsável pela gestão dos pólos. A tutela é do Ministério da Indústria e Comércio (MINDCOM).

"A actual procura que se verifica justifica a fase 3”

Miguel Correia lembrou que o PDICB está dividido em duas fases, sendo a fase 1 e a fase 2. A fase 1 começou a ser erguida em 1998. É nossa missão criar um Pólo de Desenvolvimento Industrial e quando digo criar, fazer um projecto de loteamento, onde temos todo o tipo de redes técnicas (de abastecimento de água, drenagem de águas, quer pluviais, residuais quer  industriais), entre outros. Já pensamos nas vertentes ambientais e sustentabilidade.

Já a fase 2 é a que carece ainda de muito trabalho. Tem algumas indústrias, mas não está muito bem ordenada como a outra fase. Neste momento, trabalha-se num projecto executivo. A ideia é lançar o projecto executivo no Orçamento Geral do Estado (OGE), que consiste em fazer o levantamento de toda a fase 2.

"A fase 2, praticamente, não tem um bom direccionamento das valas. Estamos a construir as valas. Também não temos um arruamento tão perfeito como acontece na fase 1”, afirmou o PCA.

Para a fase 2, neste momento, está-se com 530 hectares, na realidade. Há trabalhos com parceiros públicos e privados para se evitar  a perda de áreas. Negociações em curso buscam apoios para infra-estruturar boa parte da fase 2.

 "Estamos agora a fazer esse trabalho conjunto com uma empresa parceira de construção, para ver se conseguimos dar uma outra imagem em termos de infra-estrutura da fase 2”, assumiu.

Procura

A actual procura que se verifica por espaços industriais loteados justifica a abertura da fase 3, que na realidade já existe, e abrange a localidade do Biopio, que são os mais de 1.500 hectares, em que se buscam os devidos acordos com o governo.

No entendimento do PCA do PDICB, uma coisa é a indústria chegar e fixar-se numa área onde está desenhada como indústria, outra, bastante diferente, é encontrar dificuldades como energia eléctrica, abastecimento de água, factores importantes para que haja indústria transformadora.

Por essa razão, de acordo com o gestor, o PDICB, dentro do seu projecto, continua a trabalhar para trazer o abastecimento de água e subestações de energia eléctrica ou mesmo outros serviços essenciais nos espaços de implantação das indústrias, para garantir-se que os investidores encontrem as condições necessárias de arranque normal dos respectivos projectos industriais.


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