Política

Novos acordos impulsionam a cooperação nos sectores dos Transportes e Económico

Edna Dala | Roma

Jornalista

O Fórum Económico Itália - Angola, que teve lugar, na quinta-feira, na Confindustria, Vale da Astronomia 30, em Roma, ficou marcado pela assinatura de quatro instrumentos jurídicos, nas áreas dos Transportes, Finanças, Agência de Exportação (AIPEX) e Sociedade de Desenvolvimento da Barra do Dande.

26/05/2023  Última atualização 09H22
Aprofundamento da parceria entre os dois países marca o fórum de negócios Itália-Angola © Fotografia por: CIPRA
Os três primeiros memorandos foram rubricados sob o testemunho do Presidente da República, João Lourenço, e do ministro das Empresas e do Made Italy, Adolfo Urso, e um último assinado pelo presidente do Conselho de Administração da Sociedade de Desenvolvimento da Barra do Dande, Joaquim Piedade, e pelo representante do CFE (Suisse) SA.

Sobre o último instrumento jurídico, o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, explicou que vai permitir a realização de um financiamento na ordem dos 200 milhões de dólares para o arranque, ainda este ano, da fase de uma das infra-estruturas de base da Zona Franca da Barra do Dande.

Em declarações ao Jornal de Angola, o presidente da Sociedade de Desenvolvimento da Barra do Dande, Joaquim Piedade, disse que o instrumento vai permitir que as obras arranquem no último trimestre deste ano, tendo a conclusão prevista para dentro de dois anos.

Com a conclusão da infra-estrutura de grande porte, disse, vão começar a surgir as primeiras indústrias na Zona Franca. Para a implementação das fábricas que "pretendemos atrair, e que já suscitou o interesse de algumas empresas italianas, é necessário que se criem condições como energia, água, acessos rodoviários e telecomunicações para a sua instalação”.

O responsável explicou que a CFE Suisse é uma instituição de financiamento que está a avaliar os investimentos nas áreas das infra-estruturas básicas internas da Zona Franca da Barra do Dande, que, na fase um, conta com um perímetro de 860 hectares. "O instrumento vai, nesta primeira etapa, permitir que em 480 hectares se criem as infra-estruturas de energia, água, telecomunicações, para que possamos criar lotes para instalar as empresas na Zona Franca”, ressaltou Joaquim Piedade.

Relativamente ao sector dos Transportes, o ministro Ricardo de Abreu referiu que foram assinados dois acordos. O primeiro com o Grupo Leonardo, um importante fabricante de equipamentos electrónicos para a navegação e outros tipos.

No caso concreto, no processo de modernização de todos os sistemas de monitorização, via radar, da costa angolana, seja marítima ou aérea, "pensamos que a Leonardo poderia ser um parceiro importante para o país”, realçou o ministro.

Sobre o segundo Memorando entre o Ministério dos Transportes e o Grupo Leonardo, rubricado pelo ministro Ricardo de Abreu, tem como propósito concreto a modernização de todos os sistemas de monitorização via radar da costa angolana, com cobertura  marítima e aérea. O instrumento jurídico, fez saber, vai estreitar os laços de cooperação com a Itália, que considerou um país forte, em termos de desenvolvimento diversificado nas várias áreas de interesse para Angola, quer seja no domínio da produção agrícola, transformação de produtos,  industrial e tecnológica.

O ministro dos Transportes disse, quanto à realização do Fórum Itália-Angola, ser uma ocasião interessante  para se explorar todas as oportunidades, a fim de se apoiar os esforços de diversificação da economia angolana.

O presidente da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), Lello Francisco, e o representante da Agência para a Promoção no Exterior e Internacionalização das Empresas Italianas (ICE) assinaram um outro Memorando que estabelece um quadro de cooperação para o desenvolvimento de uma parceria e atracção de investimentos, promoção das exportações, cooperação técnica e intercâmbio de experiência de desenvolvimento nacional.

No documento, as duas entidades reconhecem a importância estratégica de promover e facilitar o investimento entre os dois países, estabelecendo uma plataforma mais rápida e prática, para que as empresas desenvolvam negócios e ajudem no desenvolvimento macroeconómico de ambas as partes.

Um quarto Memorando foi também assinado entre o Ministério das Finanças e a Cassa Depositi e Prestiti Spa da Itália.  O Acordo estabelece a estrutura para uma parceria mais forte, com vista a desenvolver, fortalecer um diálogo e uma colaboração mútua. Com o Memorando, as partes pretendem identificar áreas de interesse comum para aumentar o impacto global das suas intervenções nas relações bilaterais Angola-Itália.

  Itália tem Angola como um dos principais parceiros em África

O ministro das empresas e Made in Italy, Adolfo Urso, reconheceu,  na sua intervenção durante o encontro de empresários angolanos e italianos, que Angola representa nos dias de hoje um país estratégico de África e não só, e um dos principais parceiros da Itália na África Subsaariana.

A exploração do carbono no futuro, disse, vai acelerar a transição energética e Angola pode ser referência no domínio das energias renováveis e transição digital.

Já o presidente do Conselho de Direcção da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Itália, Mario Cabrini, disse que o Fórum registou a participação de empresas e investidores que são casos de sucesso e vai abrir a mente dos italianos.

Residente em Angola há mais de 40 anos, Mario Cabrini afirma conhecer a realidade angolana, ao passo que muitos dos investidores italianos conhecem apenas pelo mapa. " O grande problema é que alguns empresários ainda estão um pouco receosos, pensando na possibilidade do investimento mais tarde correr mal, mas devem saber que existem em Angola leis sobre investimentos, repatriamento de capitais e ainda existe a AIPEX”. Os novos empreendedores têm uma mente mais aberta e com uma capacidade de alcance muito grande e Angola é um país promissor. Lembrou que desde a realização dos dois últimos fóruns, registou-se uma grande mudança, mas ainda há um caminho por se percorrer e trabalhar muito e apontou a questão da desconfiança da parte dos angolanos como uma das barreiras.

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