Quando, em 2017, João Lourenço elegeu a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade como os principais males a combater durante o seu mandato como Presidente da República, poucos acreditaram que esta aposta tivesse pernas para andar.
Estive recentemente nas Ilhas Maurícias, tidas por muitos como um paraíso na Terra. Voei para lá a partir do Dubai. Quando esperávamos pelo voo notei grupos de polacos, russos — muitos turistas da Europa do Leste que tinham fugido do inverno do Hemisfério Norte.
Novembro, mês de todas as esperanças, finado, ontem, em termos de folhas de calendário, arrancadas, uma a uma, durante trinta dias, ouviu e leu coisas acertadas, mas, também, dispensáveis que o fizeram corar.
O Novembro voltou, ontem, a recolher-se, como faz, ciclicamente, desde aquela noite mágica de todas as nossas esperanças. Na altura, a maioria de nós sequer se deu tempo para pensar nos contratempos guardados para nos pôr à prova. Por isso não os vimos - "pior cego é o que não quer ver” -, apesar das evidências que nos cercavam. Sublimes, talvez, mas já presentes: bajulação, culto da mediocridade, enfatuamento, egocentrismo, egoísmo, favoritismo, nepotismo, oportunismo, racismo. Enfim, tudo o que contrariava o princípio basilar "de Cabinda ao Cunene, do Mar ao Leste, um só Povo, uma só Nação”.Interiorizado e defendido, desde as ocupações estrangeiras, por tantos dos nossos combatentes da liberdade. Nas matas e savanas, essencialmente, com armas na mão ; nas cidades e vilas através da consciencialização política em reuniões clandestinas, encontros aparentemente ao acaso, distribuição de panfletos, palavras de ordem pintadas nas paredes.
Aquela máxima - "de Cabinda ao Cunene, do Mar ao Lesta, um só Povo, uma só Nação " - foi fundamental, em ocasiões e inimigos diferentes , para a manutenção da integridade nacional, mas, por si só, insuficiente para concretização do resto do sonho da construção da Pátria sonhada, na qual as pessoas não se dividem em ricos e pobres. Já tínhamos Bandeira e Hino próprios, mas faltava o resto, o fim das diferenças sociais. Já então, tido como algo de somenos por uns quantos. Não tantos como agora, é facto, mas já com trejeitos a revelarem egoísmos e vontades de substituírem os ex-ocupantes mais endinheirados. Não lhes interessava como. Talvez por isso, Agostinho Neto, pouco tempo antes de morrer, deixou, em jeito de "testamento”, o alerta: "o mais importante é resolver os problemas do povo”.
Ocorrências diversas, como as guerras que se arrastaram, consentiram o despontar de desejos antigos: assaltos ao erário, bajulações, egocentrismos, indiferenças face à miséria, necessidades doentias "de aparecer”, palavreados sem nexo, promoções do culto de mediocridades e do nepotismo em resumo, entraves ao desenvolvimento.
Neste Novembro terminado, ontem, em termos de calendário, também dedicado a Neto, disseram-se e fizeram-se, insista-se, em abono da verdade, coisas acertadas, mas outrossim, dispensáveis por revelarem falta de conhecimentos básicos sobre as comemorações em si, a temas alheios ao mês e ao homenageado. A vontade doentia de aparecer, dar nas vistas custe o que custar, mostrou à evidência as fragilidades, a todos os níveis, do nosso ensino.
Neste mês finado ontem, ao cair da última folha do calendário que lhe limita o tempo, disseram-se, repita-se para evitar interpretações avulsas mal-intencionadas, coisas acertadas, mas, também absurdas. Novembro não merecia isso. Sequer Neto, o Chefe de Estado, tão-pouco o intelectual, que também era, o poeta ou o combatente pela liberdade.
Novembro volta à ribalta daqui a um ano. Espera-se que, entretanto, os problemas do povo ainda existentes tenham desaparecido. Até por não exigirem verbas avultadas, apenas boa vontade e senso de igual dimensão. Dispensam-se actos de violência, conferências de imprensa a anunciar o que já devia - podia - ter sido feito, cortejos, festas, entrevistas, fotos, filmagens. Plagiando o segundo Presidente angolano depois de Neto, o tempo "é de trabalhar mais e falar menos”.
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