Os traços histórico-culturais de Angola desde as ancestralidades civilizacionais, às lutas pela conquista da independência, à paz e aos elementos caracterizadores dos novos tempos de desenvolvimento do país vão ganhar, doravante, maior impulso e representatividade no Museu das Civilizações Negras, em Dakar, Senegal.
A dramaturga alemã Julia Schreiner e o fotógrafo e produtor cultural angolano Ngoy Salucombo compõem o novo corpo directivo do Goethe Institut-Luanda. Desde o início deste mês que Julia Schreiner assumiu a direcção da representação em Luanda deste instituto alemão internacional, coadjuvada por Ngoy Salucombo, que ficará encarregue da coordenação da programação cultural.
Em entrevista, a ser publicada na íntegra na próxima edição do Jornal Angolano de Artes e Letras "CULTURA”, título de especialidade cultural da Edições Novembro, a dupla fala dos projecto para este ano e das novidades para 2024, assinalando como grande foco o reforço do intercâmbio entre artistas angolanos e alemães.
"A directora cessante fez aqui um trabalho maravilho, que pretendemos dar continuidade. É claro que uma direcção nova tem também as outras ideias, que deverão ser materialoizadas. Sobretudo fazer do instituto Goethe uma casa mais transparente. Porque nesse momento acho que não é muito claro para os artistas quem vai receber apoio. Queremos mostrar que estamos abertos para muitas coisas, apesar das limitações do nosso orçamento”, sustenta a directora.
Julia Schreiner sublinha que não pretende que o foco da acção do instituto seja apenas por artistas já conhecidos mas também criar oportunidades para que as pessoas de muito talento e que actuam fora do centro possam ter acesso aos projectos e apoios do Goethe Institut.
"Mais do que exigir, queremos também ajudar. Por isso, faremos formações que possam ajudar os artistas a compreenderem como esse processo de selecção de projectos é feito numa estrutura internacional. Queremos que os artistas estejam preparados a propor os seus trabalhos em instituições mundiais. Artistas angolanos perdem bons projectos, ou pela língua ou pela dificuldade em preencher a tempo os processos de inscrição”, avançou.
Para os próximos tempos, Ngoy Salucombo explicou que vão fechar o ano com os projectos já delineados. Dentre estes, ainda dentro de dias deve acontecer a segunda edição do Atelier Mutamba, na área do Cinema. Para a primeira semana de Outubro o arranca o projecto "O Futuro na Lista de Espera”, que junta o artista angolano Mussunda Nzombo e uma artista alemã, que virá a Angola pela primeira vez. Ainda em Outubro têm em agenda a realização do festival "No Meu Mundo”, iniciativa do rapper Isis Hembe. Agrega também para este a selecção de uma artista das artes plásticas para uma residência de cinco meses sobre na Universidade Aberta de Hamburgo.
"Um dos caminhos que nós queremos investir mais é no intercâmbio, porque acabamos por perceber que a imagem que cada um tem dos dois países não tem nada a ver com a realidade. Precisamos que mais artistas angolanos possam ir a Alemanha e alemãs possam conhecer Angola”, traça Julia Schreiner.
Para o próximo ano, o Goethe tem em agenda a realização de um grande festival para celebrar os 15 anos da sua presença em Angola, envolvendo dezenas de artistas angolanos e alemãs de diversas áreas da Arte.
Julia e Ngoy
Julia Schreiner visitou pela primeira vez Angola há sete anos, no decurso de uma bolsa da cidade de Berlin, tendo criado laços com instituições como o Festival Internacional de Teatro do Cazenga, resultando na montagem da peça "A vida é sonho”, juntado no mesmo palco actores alemães e angolanos. Depois voltou a vir mais duas vezes, sempre associada a projectos de teatro. Esta é a quarta vez que vem a Angola.
Desde 2005, Julia trabalha como dramaturga, curadora e produtora de teatro, dança, teatro juvenil e musical, tendo produzidos diferentes projectos. Estudou em Berlin e França. É mestrada em ciências do filme e da cultura e diplomada em Gestão Cultural. Depois dos seus estudos, fez intercâmbios em Pequin (China) e Costa do Marfim, em Abdjan. Durante um ano e meio foi a gestora cultural da representação do Goethe Institut na Costa do Marfim. Trabalhou em teatros e centros culturais como Goethe-Institut Abidjan, HAU, Sophiensaele, Ballhaus Naunynstr, Deutsche Oper Berlin, Theater an der Parkaue, Theater Kiel, Theaterhaus Gessnerallee Zurique, Arctic Opera Tromso, Stiftung Humboldt Forum etc. Foi membro do corpo de jurado em vários prémios e recebeu bolsas para desenvolvimento de projectos pelo seu trabalho e faz parte da direcção de várias associações em Berlim. Desde a primeira viagem a Luanda em 2016, tem também trabalhado regularmente com artistas angolanos - mais recentemente na produção teatralalemã-brasileira-angolana TRADE WINDS, em 2022.
Ngoi Salucombo é fotógrafo e gestor cultural, apaixonado pelo movimento das cidades marcado pelo triângulo pessoas, edifícios e hábitos. Nos últimos 10 anos registou o movimento de diferentes cidades, como Namibe, Moxico, Huambo, Cape Town, Fort-de-France ou Luanda local onde captou a metamorfose surgida através de uma riqueza utópica. Nos últimos 4 anos trabalhou como director criativo da produtora audiovisual Geração 80 e em simultâne assumiu o cargo de director da galeria de arte This Is Not A White Cube. Já expos o seu trabalho em Cape Town e Luanda e nos últimos anos colaborou em projectos em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, Goethe-Institut Angola, Delegação da União Europeia em Angola, Alliance Française du Cap, Academia BAI, Alliance Française de Luanda, Instituto Guimarães Rosa e Camões - Centro Cultural Português.
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