A zona urbana do Negage continua a mesma. Mas a periferia cresceu bastante, embora de forma desorganizada, com o surgimento de novos bairros, como são os casos de Tinguita, Kapopa, Aldeia, Kawa Central, Kawa Missão e Kawa Feira. A maioria das ruas estão degradadas e clamam por reabilitação urgente. Os edifícios estão envelhecidos assim como os dois estádios de futebol, o do Sporting e o do Desportivo do Negage. O emblemático Hotel Tumbuaza anda abandonado à sua sorte.
A Administração Municipal agendou actividades culturais, desportivas e económicas. As festividades tiveram início no dia 23 e foi já realizada uma feira agropecuária, que serviu para colocar na montra o que é produzido no município. As ruas foram embelezadas com pinturas nas árvores e lancis e a colocação de flâmulas. Os habitantes foram mobilizados para a montagem de barracas, roullotes e bancadas de comes e bebes. As noites têm sido preenchidas com música e dança.
"É um momento de festa e apelamos à população do Negage para que, de mãos dadas, trabalhemos para o desenvolvimento do nosso município. Todos juntos, com ideias e actos, somos capazes de fazer desta parcela da província um bom lugar para viver e estar”, disse a administradora municipal.
Delfina Henriques avançou que o programa comemorativo contemplou a realização de um culto ecuménico de acção de graças, actividades lúdicas e recreativas, espectáculos musicais e de pirotecnia, feiras agropecuária, de agronegócios e da saúde, bem como uma mesa-redonda sobre as origens, cultura e costumes dos habitantes do Negage. Consta ainda do programa um seminário de capacitação sobre o empreendedorismo, visitas a sítios históricos, com realce para a gruta onde se encontram as pinturas rupestres na aldeia Kabala e à praia fluvial de Kangundu, também conhecida como "Ringue”. Foram realizados torneios de futebol 11, andebol e xadrez.
"O município tem potencialidades para garantir a sustentabilidade local, pelo facto de ser considerado a ‘zona económica da província’, para onde são direccionadas a maioria das intenções de investimento privado”, disse a administradora municipal.
Delfina Henriques fez saber que o Pólo Industrial do Negage (PIN) é uma realidade e começa já a receber alguns investimentos. Como factor motivacional para que os detentores de capitais invistam mais neste município, foi lançada, recentemente, a primeira pedra para a construção de uma subestação eléctrica no perímetro onde está localizado o PIN. Isto porque vários projectos estão condicionados pela falta de energia eléctrica da rede pública.
Delfina Henriques avançou ainda que a nova subestação eléctrica vai permitir expandir a rede de distribuição de energia para os bairros da periferia, para algumas regedorias, aldeias e comunas do Kisseke e Dimuca. "É um projecto que deixa satisfeitas as autoridades municipais e a população. A energia é vida e um factor alavancador da economia. As populações das aldeias, regedorias e comunas que serão abrangidas pelo projecto vão ver o seu modo de vida melhorado”, disse.
Projectos engavetados
Em 2015, o então secretário de Estado da Indústria, Kiala Ngone Gabriel, anunciou, durante a abertura da Expo-Uíge, o reforço do tecido empresarial da província do Uíge com a entrada em funcionamento de dez novos projectos ligados à indústria extractiva, transformadora e agro-alimentar no Pólo Industrial do Negage, "projectos que até agora continuam esquecidos”, conforme lembrança de Matondo Dialo. Os novos projectos envolveriam 21 empresas e se previa a criação de 1.380 postos de trabalho directos. Apenas dois desses projectos estão em fase de implantação. Foi erguida e inaugurada a fábrica de processamento de mandioca, sob tutela dos Serviços Prisionais, mas não chegou a funcionar. Foi construída e equipada a fábrica de papel, guardanapos, papel higiênico e derivados, mas por razões desconhecidas a mesma não produz.
Maior produtividade agrícola
A administradora municipal do Negage prevê uma maior produtividade agrícola este ano, tendo em conta os investimentos feitos no sector da Agricultura, no âmbito do Plano Local de Apoio à Agricultura Familiar (PLAAF), que permitiu cultivar um total de 200 hectares, sendo 100 hectares na regedoria do Kindinga e igual número na regedoria do Tema.
O PLAAF, acrescentou a administradora, permitiu a criação de um campo para multiplicação de sementes de mandioca, milho, ginguba, batata-doce, banana e outras, para serem distribuídas às famílias camponesas. "Nesta altura, a fome, que era uma realidade gritante nas aldeias das regedorias de Kindinga e Tema já faz parte do passado. As famílias foram apoiadas com terras lavradas, sementes, equipamentos de trabalho e acompanhamento técnico de profissionais da Estação de Desenvolvimento Agrário, o que ditou o sucesso do plano”, referiu Delfina Henriques, acrescentando que os agricultores agora têm uma produção excedentária que lhes permite consumir uma parte e comercializar a outra. Os camponeses do Negage, segundo a administradora, plantaram 36 hectares de café, igual número de hectares de banana, 100 de mandioca e cerca de oito de batata-doce e milho.
Mais infra-estruturas
No âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), o município do Negage foi contemplado com seis projectos de infra-estruturas. Dentre as obras em curso, consta a construção de duas escolas de sete salas de aulas, na comuna do Dimuca e na sede municipal, e outra de 12 salas também na sede municipal. Consta ainda a obra de resselagem de cerca de 10 quilómetros de asfalto nas principais ruas da cidade do Negage. Esta obra, cuja empreiteira já foi escolhida por concurso público, aguarda pela disponibilização do Down Payment (pagamento da primeira parcela correspondente a 15 por cento do valor global da obra) pelo Ministério das Finanças.
"O projecto de resselagem das principais ruas da nossa cidade é o que mais expectativa e ansiedade provoca nos munícipes, que querem ver esta emblemática urbe a voltar a brilhar e a ter uma circulação rodoviária urbana em melhores condições. Tão logo as verbas estejam disponíveis, vamos de imediato começar a executar a obra”, frisou Delfina Henriques. "Além da rua principal, que passa defronte à Adminitração Municipal, todas as outras ruas se encontram em estado precário, esburacadas, o que não facilita a circulação de viaturas. Precisamos de mais infra-estruturas escolares, de formação profissional e unidades sanitárias, bem como da asfaltagem das vias que ligam a sede municipal e as comunas do Kisseque e Dimuca e a construção da ponte sobre o rio Lulovo, também em Dimuca, para ligação a Alto Cauale e Puri e Ambaca no Cuanza- Norte”, informou.
A administradora municipal do Negage fez saber que está em curso a terraplanagem do troço, de cerca de 20 quilómetros, entre a aldeia Kazanga, a sede comunal de Kisseque e a aldeia Kixika, "tendo em conta os altos níveis de produção agrícola naquela comuna, com destaque para a banana”.
Ainda na comuna de Kisseque foi construído um posto de saúde e está em curso a reabilitação e construção de pequenos sistemas de abastecimento de água nas aldeias de Kidinga, Katumbo do Pumba e Kixika. "A nossa perspectiva é continuar a trabalhar e a diagnosticar as principais dificuldades da população, para encontrarmos as soluções, contribuindo desta forma para a melhoria das suas condições de vida”, sublinhou Delfina Henriques.
Sobas defendem expansão do investimento público
O soba da aldeia Kanzundu, Francisco da Costa, reconheceu que nos últimos anos, vários projectos e programas têm contribuído para o crescimento do Negage. A autoridade tradicional é de opinião que os investimentos públicos não sejam apenas implementados na sede municipal.
Francisco da Costa referiu que as sedes comunais de Kisseque e Dimuca carecem de infra-estruturas, desde escolas, hospitais e energia eléctrica a sistemas de abastecimento de água. "Com certeza o município está a crescer. Já não é o mesmo que era num passado recente. Mas é necessário ter em conta que o município não se limita apenas à sede municipal. Existem bairros periféricos, como a Aldeia e o Kawa Capim, que até agora não têm energia eléctrica. Os investimentos devem ser também canalizados para as regedorias e comunas”, disse.
O soba lamentou o não cumprimento da promessa feita em 2012 sobre a construção de uma centralidade com 2.500 residências no município do Negage. Sublinhou que "até agora o sonho da casa própria para muitos jovens parece ser uma miragem”.
O seculo da aldeia Mbanza Ngaji, Jacinto Quituxi, é de opinião que passados 52 anos da elevação de Negage à categoria de cidade, várias transformações ocorreram na circunscrição. A cidade tornou-se mais extensa com o surgimento de bairros na periferia, foram construídas novas infra-estruras escolares e sanitárias e, hoje, a região possui energia eléctrica da rede pública. "Antes isso andava mal. Hoje as coisas estão a ficar cada vez mais bonitas. Já não encontramos amontoados de lixo na cidade a engolirem as ruas. É necessário que este trabalho seja multiplicado no domínio do saneamento básico, escolas, hospitais, energia eléctrica, estradas, água, habitação e apoio aos jovens e pessoas carenciadas”, referiu Jacinto Quituxi.
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