O Presidente da República, João Lourenço, constatou, domingo, no município do Cuvelai, província do Cunene, o nível de execução das diferentes obras que compõem a Barragem do Ndue, que se prevê inaugurar no mês de Dezembro deste ano.
Localizado a aproximadamente 150 quilómetros da sede municipal, o projecto, que se encontra com uma execução física de 74,5 por cento, quando for concluído, em Dezembro deste ano, vai garantir à província do Cunene toda a segurança hídrica para a vida humana, animal e actividades económicas ligadas à terra.
No município do Cuvelai , o Chefe de Estado, que se fazia acompanhar da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, e membros do Executivo, foi informado sobre o potencial do gigante hídrico e constatou in loco o descarregador de superfície e a albufeira da barragem, que se encontrava cheia com água das chuvas e do rio.
Durante a passagem pela Galeria de Desvio, João Lourenço, visivelmente satisfeito, interagiu, por uns bons minutos, com os ministros da Energia e Águas e do Turismo, João Baptista Borges e Márcio Daniel, respectivamente.
A infra-estrutura de terra zonada, cujo processo de construção teve início em Março de 2022, está avaliada em 203.319.236,40 dólares. Deste montante, foram pagos, até à data, 110.898.598,36 dólares, tendo o Estado uma "dívida de 46.493.283,56 dólares”.
A Barragem do Ndue tem 1.500 metros de comprimento, 32,80 de altura, 2.000 metros de área inundada e 170 milhões de metros cúbicos de volume de armazenamento de água.
Os dados técnicos a que o Jornal de Angola teve acesso apontam, entre os principais constrangimentos no terreno, a presença de quimbos e cemitérios na área da albufeira (já em tratamento), originando um atraso na execução do projecto, devido à necessidade de rotação do eixo da barragem e do pagamento às entidades envolvidas no processo, correspondente a 29 por cento do volume facturado.
Durante o encontro, que juntou a equipa de engenheiros angolanos e chineses, o ministro da Energia e Águas sublinhou que as barragens do N’due e do Calucuve, projectos da margem esquerda, não serão apenas soluções para a seca, mas, também, para as cheias, e evitarão, em período de elevada pluviosidade, a inundação da cidade de Ondjiva, que se encontra implantada na bacia do Cuvelai.
Antes de visitar as obras da barragem, o Presidente da República acompanhou a apresentação do Programa de Combate aos Efeitos da Seca na Região Sul de Angola (PCESSA), com foco nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
O Programa, apresentado pelo engenheiro Narciso Ambrósio, destaca, igualmente, a construção do Canal Adutor Associado à Barragem do Ndue e 15 chimpacas, a partir da referida infra-estrutura até Embundo, localizado nos municípios do Cuvelai e Cunhama, no Cunene.
Com um orçamento particular, o projecto e a construção do Canal Adutor e as 15 chimpacas, também designados de Cunene3- Lote 6, está avaliado em 73.160.809,72 de dólares norte-americanos, onde já foram pagos 10.455.987,88 de dólares. A conclusão das obras estão previstas para Junho do próximo ano.
O também director do Instituto Nacional de Recursos Hídricos e coordenador do projecto disse que a infra-estrutura, além de levar água desde o N’due até ao Embundo, vai estabelecer uma área irrigada de 9.200 hectares.
Narciso Ambrósio esclareceu que o Canal Associado à Barragem do Ndue tem uma execução inferior por ter arrancado apenas em Dezembro de 2023, num processo que envolveu a preparação dos estaleiros, desmatação de 25 quilómetros, identificação de zonas de empréstimo para materiais, construção de laboratórios para análise de solos, entre outras acções.
Projectos
alargados para a
melhoria do abastecimento
de água
Paralelamente aos projectos da margem esquerda, decorrem, também, neste momento, os da direita, disse o engenheiro, referindo-se aos municípios da Cahama e do Curoca.
Para o município da Cahama, o director do Instituto Nacional de Recursos Hídricos apontou a construção da Barragem da Cova do Leão, que vai servir para aduzir um sistema associado ao reforço do abastecimento de água daquele município, na localidade do Chitado, e na sequência na sede do Curoca, em função das suas características técnicas, para a tomada de água a partir da Cova do Leão até ao Chitado.
Anunciou, também, no quadro do PCESSA, o município sede do Curoca vai ter reforçado o seu sistema de reabastecimento com a produção de alguns furos de água.
Ainda no município do Curoca, está em curso o sistema de abastecimento de água e captação do Chitado. Esse projecto vai comportar o sistema de captação, adução, tratamento e distribuição de água potável às populações.
Em termos de execução física, o engenheiro esclareceu que a evolução da construção da barragem da Cova do Leão, por imperativos técnicos, se encontra com um avanço de apenas 20 por cento.
Sobre estes programas, enfatizou a reabilitação de pequenas barragens, num total de nove, em alvenaria da década de 60.
Estas pequenas barragens, explicou, têm maior capacidade de reserva de água no subsolo que na superfície. O grau de execução destas novas barragens está em torno de 90 por cento, tendo seis concluídas.
Na presença do Chefe de Estado, o engenheiro Narciso Ambrósio recordou que o programa de combate à seca não se esgota apenas na província do Cunene, pois, em paralelo, "estamos a trabalhar para as províncias da Huíla e do Namibe”.
No âmbito do Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola, Narciso Ambrósio disse estarem previstas a construção de duas barragens na Huíla, que vai melhorar o abastecimento de água à cidade do Lubango e, consequentemente, dos municípios e arredores.
Para a província do Namibe, estão identificados um conjunto de projectos, a começar pela barragem do Bentiaba, do Bero, entre outras. Ainda nesta província, foram identificadas 43 barragens em alvenaria, que serão completamente recuperaradas.
Os projectos da Margem Direita incluem os municípios da Cahama, Oshinjau, Oncockue e Chitado.
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