Economia

Namibianos preferem comprar produtos da cesta básica no Calai

Mais de 50 cidadãos namibianos, que residem na localidade do Rundu, atravessam, todos os dias, a fronteira para fazerem compra dos principais produtos da cesta básica na sede municipal do Calai, na província do Cuando Cubango, devido aos preços baixos que estão a ser comercializados em relação à Namíbia.

04/02/2023  Última atualização 07H15
Preços oferecidos na venda por grosso e a retalho dos bens de consumo imediato é visto como um factor atractivo aos vizinhos da fronteira Sul, justificando a preferência e aumento do vai e vem © Fotografia por: Carlos Paulino | Edições Novembro

A reportagem do Jornal de Angola constatou o vai e vem dos namibianos que a partir das 6 horas da manhã começam a afluir ao posto fronteiriço instalado de contentores, tanto do lado da Namíbia como de Angola, para que tão logo sejam abertas as portas, pontualmente às 7 horas entram no território nacional para percorrerem uma distância de aproximadamente três quilómetros até à sede municipal do Calai que conta com alguns estabelecimentos comerciais de cidadãos nacionais e estrangeiros.

A directora municipal de Promoção de Desenvolvimento Económico Integrado do Calai, Beatriz Manuel Hikenanhe, explicou que os produtos da cesta básica mais procurados pelos namibianos são o arroz, açúcar, feijão, massa e óleo alimentar, assim como o pão cassete.

Beatriz Manuel Hikenanhe fez saber que esta procura se deve pelo facto de um saco de arroz de 25 quilogramas no Calai custar  10.950 kwanzas e na Namíbia de acordo com a conversão da sua moeda o Rand, está a ser comercializado a 15 mil kwanzas e o saco de feijão de 25 quilos no Calai está 19.500 kwanzas e no Rundu 25 mil kwanzas.

O saco de açúcar de 50 quilogramas no território angolano está a custar 22.500 kwanzas e na Namíbia acima de 40 mil kwanzas, o litro de óleo no Calai está 1.200 kwanzas contra os três mil kwanzas comercializados no território namibiano.

Outro produto nacional muito procurado pelos namibianos, não só no Calai, mas também como nos municípios fronteiriços do Cuangar e Dirico, são as cervejas Cuca e Tigra que custam a um preço muito reduzido em comparação com os produtos fabricados na Namíbia.

O Jornal de Angola apurou que com o valor correspondente a mil kwanzas, ou seja, 30 rand os namibianos consomem apenas duas cervejas no seu país, ao passo que no território angolano podem comprar cinco cervejas.

"É por este motivo que o Calai tem recebido diariamente muitos cidadãos namibianos que preferem fazer compras dos principais produtos da cesta básica e também de cervejas aqui no nosso município que está mais barato em relação à Namíbia, onde a cada dia que passa as pessoas lamentam o custo de vida”, disse. 

Beatriz Manuel Hikenanhe referiu que alguns namibianos entram também regularmente no Calai para abastecer as suas viaturas com combustíveis comercializados no Calai, apesar do município que dista a cerca de 600 quilómetros da cidade de Menongue não contar com nenhum posto de abastecimento de gasolina e de gasóleo da Sonangol.

Segundo Beatriz Manuel Hikenanhe, a par da qualidade do combustível angolano em comparação com o da Namíbia, o litro de gasolina que no Calai custa 300 kwanzas praticados por comerciantes não licenciados, nos postos de abastecimento de combustível no território namibiano está a ser comercializado aproximadamente a mil kwanzas.

"É por este facto que registamos diariamente a presença de muitos cidadãos namibianos aqui no nosso município devido aos preços baixos comercializados dos produtos da cesta básica e de combustível, sendo este último que faz com que muitos cidadãos arriscam ao contrabando de gasolina e gasóleo”, disse.

Procura dos angolanos na Namíbia

Beatriz Manuel Hikenanhe informou que os cidadãos angolanos residentes no Calai entram mais no território namibiano para fazer compra de frescos (carne e peixe), fuba de milho, vestuário, calçado, serviços de telefonia móvel da MTC, materiais de construção civil e equipamentos informáticos.

Acrescentou que muitos angolanos também vão à Namíbia à procura de melhor assistência médica e medicamentosa, assim como melhores escolas para formação académica e profissional.

Recordou que anteriormente a entrada dos angolanos no território namibiano era constante, porque nos municípios da orla fronteiriça, nomeadamente o Calai, Cuangar e Dirico não contavam com estabelecimentos comerciais, obrigava as pessoas até mesmo ir comprar fósforo, sal, açúcar, pão, óleo e massa alimentar na Namíbia.

"Hoje podemos dizer sem medo de errar, já não temos muita necessidade de entrarmos todos os dias no território namibiano, porque os nossos estabelecimentos comerciais que fizemos por exemplo compras de mil kwanzas que na Namíbia poderiam custar dois a três mil kwanzas”, disse.

Beatriz Manuel Hikenanhe informou que a instituição que dirige controla actualmente no município do Calai um total de 105 estabelecimentos comerciais, dos quais cinco que os proprietários são cidadãos estrangeiros da Mauritânia e da República Democrática do Congo (RDC).

Convite aos investidores

Beatriz Manuel Hikenanhe apelou aos homens de negócios a investirem no município do Calai, tendo em vista que oferece excelentes condições para implementação de diversos serviços, com realce para mini-mercados, instalação de bombas de combustíveis, unidades hoteleiras e restaurantes, agências bancárias e estabelecimentos de venda de gás butano.

"Estamos de braços abertos para receber qualquer empresa ou empresário que manifestar o interesse de investir aqui no nosso município satélite que conta com uma população estimada em mais de 21 mil habitantes e que praticamente ainda está virgem no que toca à actividade económica”, disse.

Destacou que o município sendo parte integrante do projecto Okavango/Zambeze na componente angolana, necessita com urgência de mais serviços de restauração, agências bancárias e pelo menos uma bomba de combustível para melhor acolher os turistas nacionais e estrangeiros.

Beatriz Manuel Hikenanhe disse que por falta desses serviços faz com que as pessoas que visitam o município do Calai tenham que recorrer à vizinha localidade namibiana do Rundu, onde há melhor oferta. A sede municipal do Calai conta com apenas uma agência do Banco de Poupança e Crédito que atende também os funcionários públicos, empresários e pessoas singulares do município do Dirico.

Falta de vias de acesso

Beatriz Manuel Hikenanhe referiu que muitos empresários fogem investir no município do Calai por causa do estado avançado de degradação das vias de acesso, uma vez que dificulta de certa maneira o transporte de mercadorias provenientes da cidade de Menongue.

Considerou que a reabilitação do troço Caiundo/Cuangar/Calai/Dirico, num percurso de cerca de 700 quilómetros será uma mais-valia para catapultar a actividade económica e consequentemente o sector do Turismo nos municípios da orla fronteiriça.


Carlos Paulino | Calai

 

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