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Nações Unidas alertam para as consequências negativas da pandemia

O Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA) alertou, ontem, para as consequências negativas da pandemia em África, salientando que os impactos serão duradouros e revertem o desenvolvimento conseguido nas últimas décadas

26/01/2021  Última atualização 08H44
Número de mortes no continente preocupa os países © Fotografia por: DR
"África tem passado por uma crise económica sem precedentes com grandes impactos adversos no desenvolvimento a longo prazo do continente”, lê-se no relatório ontem divulgado em Nova Iorque sobre a Situação Económica e Perspectivas Mundiais, que estima que no ano passado o crescimento económico tenha regredido 3,4 por cento e que este ano deverá avançar igualmente 3,4 por cento, em média.

"O confinamento necessário para controlar a pandemia, a reduzida procura externa combinada com os preços baixos das matérias-primas, o colapso do turismo e a descida nas remessas desencadearam perturbações económicas severas”, alertam os peritos, notando que "apesar de a maioria dos países em África terem agido rapidamente para conter a propagação da pandemia, a maioria está severamente limitada por uma falta de recursos necessários para apoiar os sistemas de saúde, proteger a população mais vulnerável e apoiar a recuperação”.

A crise agravada pela pandemia, que já fez mais de 85 mil mortos e mais de três milhões de infectados no continente, "está a causar um aumento no desemprego, pobreza e desigualdade, o que ameaça arrasar com os ganhos em desenvolvimento das últimas décadas”, lamenta a UNDESA, alertando que as condições de financiamento ficaram mais difíceis e os níveis de dívida pública estão a colocar sérias dificuldades aos países africanos, como Angola, Cabo Verde ou Moçambique, todos com uma dívida que representa mais de 100 por cento do PIB.

África, defendem, "precisa de um renascimento sustentado do crescimento”, já que no ano passado o crescimento per capita deve ter regressado ao nível registado há uma década, devido à crise actual e ao abrandamento no crescimento que se registou desde o fim dos preços altos das matérias-primas.
"Apesar de ser necessário um foco no curto prazo, os países africanos têm, ainda assim, de semear as bases para uma trajectória de desenvolvimento inclusivo e forte a médio prazo, o que implica a criação de em-pregos decentes e inclusivos em larga escala”, alertam ainda os peritos da ONU.

Para isso, apontam, é inevitável "acelerar a implementação da agenda de reformas que desbloqueie as oportunidades de crescimento e as mudanças institucionais para melhorar a transparência e construir confiança no Estado de direito, bem como acções políticas nas áreas da adaptação tecnológica, resiliência climática e mobilização da receita interna”.

Em particular, a UNDESA defende que os países africanos devem dar prioridade "ao uso e difusão de tecnologias digitais, apoiados por uma expansão acessível da infra-estrutura digital universal” e, por outro lado, aproveitar as potencialidades do acordo de livre comércio, que pode ser "um grande instrumento de promoção do comércio intrarregional, segurança alimentar e produtividade”.
A nível mundial, a UNDESA estima uma quebra do PIB mundial na ordem dos 4,3 por cento em 2020 e uma recuperação para um crescimento de 4,7 por cento este ano.

A taxa de mortalidade por Covid-19 em África chegou a quase 2,5 por cento, mais que a média global de 2,2 por cento, embora nenhum país africano esteja actualmente entre os 10 com mais casos confirmados, activos ou mortes no mundo.
Apesar de mais de 2,8 milhões de pessoas se terem  recuperado no continente, algo em torno de 83 por cento do total de infectados, o aumento das mortes põe as autoridades em alerta

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