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Nacionalista Ngola Kabangu publica ainda este ano livro de memórias

Roque Silva|

Jornalista

O nacionalista Ngola Kabangu anunciou, sábado, em Luanda, a publicação, no ano em curso, do seu livro biográfico, no qual deverão constar aspectos da sua vida enquanto político, homem de família, além de cenas históricas e polémicas da política angolana nas quais esteve envolvido.

04/06/2023  Última atualização 09H00
© Fotografia por: DR

O histórico da FNLA, um dos então três movimentos de libertação nacional, disse que será um livro de memórias, onde vai dividir com os cidadãos as vivências dos seus 80 anos de idade. A informação foi avançada pelo político, quando dissertava sobre o seu percurso, no âmbito do projecto académico "Reencontro com a história”, uma iniciativa do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA).

Ngola Kabangu referiu que a obra também vai abordar questões polémicas, entre as quais o envolvimento do seu nome nas fricções no seio da FNLA, partido que chegou a liderar, depois da morte do líder fundador, Álvaro Holden Roberto, bem como a sua participação em importantes cimeiras, nas quais foram discutidos os destinos do país.

"Vamos, também, procurar esclarecer alguns assuntos que se tornaram públicos e de que fui vítima, mas que não condizem com a verdade”, explicou. O antigo deputado e líder da FNLA prometeu tudo fazer para que o livro seja acessível aos estudantes, de tal modo que tenham acesso ao que considerou "a verdadeira História de Angola”.

Ngola Kabangu revelou, na ocasião, que o rumo que o país seguia no passado não reflectia os desígnios que orientaram os três movimentos de libertação nacional.

Por isso, aconselhou os jovens que pretendem fazer política a adoptarem atitudes responsáveis, respeitando limites, de tal modo que seja um desafio de ideias e de projectos, "cujo objectivo é atingir o poder, mas abstendo-se de campanhas de hostilização do adversário”, por forma a evitar os erros do passado.

Lucas Ngonda, ex-presidente da FNLA, também presente no acto, disse ser importante que os jovens preservem as suas fontes orais e defendeu que se lhes dêem oportunidades para se expressarem relativamente aos conhecimentos que têm sobre a História de Angola.

O secretário-geral do Movimento de Estudantes Angolanos, Artur Sousa, esclareceu que o projecto "Reencontro com a História”, que já vai na segunda edição, tem como objectivo aproximar a comunidade estudantil com a história, contando com declarações de figuras políticas e de outras vozes autorizadas.

Apesar de ter um diploma de engenheiro electrónico, passado pelo Instituto Superior de Electrónica da Eslovénia (quando ainda pertencia à República Federal Socialista da Jugoslávia), é na política que Ngola Kabangu se notabilizou. Natural de Luanda, onde nasceu em Fevereiro de 1943, integrou a UPA (sucessora da FNLA) em 1958, tendo sido, posteriormente, ministro do Interior no Governo de Transição.

Antigo vice-presidente da FNLA durante a liderança de Holden Roberto, Kabangu sucedeu ao líder histórico em 2007, após a morte deste. O engenheiro foi substituído na liderança do partido em 2011, durante o III Congresso, cujas eleições foram ganhas pelo sociólogo e docente universitário Lucas Ngonda.

Em 2022, Ngola Kabangu foi nomeado pelo Presidente da República administrador não executivo da Empresa nacional de Diamantes de Angola (Endiama).

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