Cultura

Muzonguê da Tradição de volta na Catedral do Semba

Analtino Santos

Jornalista

O Centro Recreativo e Cultural Kilamba realiza este domingo a primeira edição do Muzonguê da Tradição e no cartaz leva os cantores Calabeto, Robertinho, Augusto Chacaya e Fiel Didi que terão o suporte instrumental da Banda Movimento.

10/03/2023  Última atualização 11H00
© Fotografia por: DR

Baptizada pelos aficionados do género de "Cadetral do Semba”, o evento regressa com o mais antigo modelo que serviu de inspiração para novos projectos ligados à música angolana. As expectativas são altas apesar dos artistas em cartaz serem regulares nestes e outros espaços de promoção e apreciação da música angolana feita no passado.

Robertinho tem animado a plateia do Centro Recreativo e Cultural Kilamba com temas que marcam a sua trajectória "Kakinhento”, "Kamaxinde”, "Massoxi”, "Sanguito”, "Joana”, "Desespero”, "Sessá”, entre outros dos seus mais aclamados sucessos. Robertinho é Fernando Lucas da Silva de nome próprio, notabiliza-se com a participação no programa "Bom fim-de-semana” com o tema "Nguma” com o acompanhamento do Conjunto Os Kiezos. Passou pelos grupos Ébanos, Agrupamento Aliança o FAPLA-Povo, Conjunto Diamantes Negros e Semba Tropical em 1983.

Calabeto é outra prata da casa. Com um forte carisma, numa combinação entre dança e teatro, em palco arrasa em "Sumba Ló Nguingue”, "Nguidiá Nguinuá”, "Nguami Maka”, "Vida Triste”, "Ku Malange”, "Nzambi” e muitos da longa carreira de 66 anos. António Miguel Manuel Francisco "Calabeto” começou aos 13 anos na Turma do Rio de Janeiro e depois teve passagem pelos Muzangola, Águias Reais, Kissanguela, com colaborações com os Kiezos, Jovens do Prenda e outras formações. É um artista em constante rejuvenescimento visível nas parcerias com artistas da nova geração. Pelo seu carisma é tratado por Kota Bwé e actualmente é dos artistas da sua geração muito solicitado para parcerias com os artistas mais populares da juventude.

Augusto Chacaya tem sido chamado para a parte final com ou sem os Jovens do Prenda. São os sucessos com o seu conjunto que anima os passistas. Às canções  conhecidas na sua voz como "Sandra”, "Samba Samba”, "Santa Iami”, tem acrescentado "Nzala” de Elias Dya Kimuezo”, "Tia Sessá”, em recorrentes aparições. Tal como os anteriores é um dos artistas mais solicitados  da sua geração e tem o álbum  "Quem procura acha”.

Já Fiel Didi, é cantor com um percurso diferente dos anteriores. Antes apoiava iniciativas artísticas como promotor e ao interpretar temas de artistas como Zé Keno, Tony do Fumo e outros que influenciaram o público. No mercado  tem os discos "Coisas de Paixão”, "Em Defesa do Semba” e "Nossa Senhora da Muxima”. A mobilização é um dos seus fortes e a música vem do berço porque o pai foi um dos fundadores do grupo carnavalesco Kabocomeu e como mobilizador e mecena teve contacto com artistas que o impulsionaram. Outro feito seu com Justino Fernandes e outros membros do Movimento Espontâneo foi a criação da Banda Movimento.

O acompanhamento da Banda Movimento aos artistas convidados tem sido a preferência do Centro Recreativo e Cultural do Kilamba. O gestor Estêvão Costa sente confiança porque é das mais versáteis no acompanhamento e execução da música angolana. A banda foi fundada a 2 de Março de 1999 pelo Movimento Nacional Espontâneo e em 2002 o conjunto passou a integrar a Rádio Nacional de Angola. Aos principais temas da formação: "Pelenguenha”, "N’gunlungo”, "Ta stalar”, "Josefa”, "Ta amarrado em Nome do Senhor”, o grupo acrescenta muitos clássicos da música nacional.

Mister Kim (voz e dikanza), Miguel Correia (percussão), Chico Madne (teclado), Nino Groba (teclado), Teddy Nsingui (viola solo), Romão Teixeira (bateria), Mias Galheta (baixo), Diogo Sebastião Quintino (guitarra ritmo), Mister Kim, Beth Tavira (coro) e Dorgan Nogueira

O Centro Recreativo e Cultural Kilamba no ano passado encerrou com um Muzonguê especial integrado no Festival Nacional da Cultura, com um cartaz onde reuniu os melhores da nossa praça. O Centro Cultural Recreativo e Cultural Kilamba foi inaugurado no dia 20 de Dezembro de 2001 carregando a mística do antigo salão Maria Escrequenha, que depois da Independência Nacional passou a Rebita Dr. António Agostinho Neto. Desde Fevereiro de 2007 deu início ao Muzonguê da Tradição, depois de várias edições do Caldo do Poeira, da Rádio Nacional de Angola.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura