Cultura

Músicos do Huambo “estremecem” com ritmos ancestrais o Balumuka

Analtino Santos e Armindo Canda

Jornalistas

Bessa Teixeira, Edna Mateia, Banda Geração Nova e Katyavala artistas provenientes da província do Huambo proporcionaram, na noite de sexta-feira, no Palácio de Ferro, momentos de muita emoção, nas suas actuações, no âmbito da terceira edição do Festival Balumuka, que encerra hoje.

19/05/2024  Última atualização 08H58
Cantora Edna Mateia foi uma das grandes surpresas da noite e não defraudou os espectadores © Fotografia por: DR

Em grande nível, o grupo de dança Katyavala e o músico Bessa Teixeira, numa combinação entre os ritmos ancestrais e modernos na dança e música, realizaram uma verdadeira festa.

Na abertura dos espectáculos do Balumuka, deram o melhor, em que foram os primeiros a "estremecer” o palco do Palácio de Ferro, com a diversidade rítmica e cultural do Huambo, a invadir musicalmente a capital do país.

O grupo Katyavala, a primeira proposta do festival subiu ao palco com seis dançarinas e duas instrumentistas que tocavam o batuque, trajadas com pimbali, panos característicos das mulheres do sul e exploraram coreografias ao som do lundongo.

As senhoras brilharam no palco e no espaço, onde estavam à venda produtos tradicionais da cooperativa do grupo, com destaque para o longuesso, um produto com propriedades afrodisíacas. O grupo Katyavala é o grupo coral oficial do Reino do Bailundo e está constantemente em vibração, a trazer inovação

Bessa Teixeira viajou musicalmente nos ritmos de sungura, semba, kilapanga e kizomba. "Okasipi" foi o tema de abertura do concerto e fez vibrar o público. Durante uma hora, o músico explorou igualmente os temas "Nbungi", "Ekandulipi", "Ombembwa" e " Sulnlula", em que foram muito aplaudidos.

Em "Ficamos os dois", Bessa Teixeira apresentou um registo pouco habitual, kizomba. Em "Memórias" os colegas interpretaram temas de artistas do Huambo que atingiram o país, numa recolha do cancioneiro local,  transformada em semba.

Outra proposta Huambo que agitou o Balumuka foi a cantora Edna Mateia,  demonstrando ser uma artista atenta na valorização e preservação da tradição, embora esteja muito a par das dinâmicas da contemporaneidade. "Totola" e "Huambo" no arranque da performance fizeram a ponte para a interpretação de "Umbi Umbi".

A artista explicou o conteúdo da letra centrada no Umbi Umbi, pássaro sonhador que voa alto e o Kachibanga, aquele que emite vibrações negativas. Em "Ndavaluka", Tchongolola Tchongonga, Ekuikui VI, Rei do Bailundu mostrou os dotes de bailarinos, acompanhados por membros da corte.

Em "Olonhañe" Edna Mateia pediu reforço do grupo Katyavala para juntas fazerem uma coreografia. A artista também explorou estilos de outras paragens como o Merengue de Juan Luís Guerra, em "Bilirubina", e também viajou pelo hip-hop com sucessos do rap nacional, numa viagem que encerrou com "Para ti Mulher", música que a consagrou a nível nacional.

 
Bye Bye Balumuka

O festival encerra hoje com as canções de Justino Handanga, Viñi Viñi e Chissica Artz, artistas naturais do Huambo que foram homenageados a título póstumo. A Banda Geração Nova que acompanhou Bessa Teixeira e Edna Mateia volta a actuar desta feita com outras vozes. Antes deste momento actuam o Grupo Kamba dya Muenho e Dilangues de Ambaka.

Nos concertos musicais da terceira edição do Balumuka actuaram a Família Xiclé, Duo Canhoto e Kumbi Li Xia, Tua Moneca, Ceicy Tchavala, Tunjila Tua Jokota e Socorro, outros nomes que constam no elenco do dia.

 O director do Palácio de Ferro, João Vigário explicou que a terceira edição do festival serve para "dialogar com outras realidades”, e conseguiu-se trazer a mais alta autoridade dos povos ovimbundo para testemunhar as ocorrências durante os cinco dias de festival.

No próximo ano, avançou, quer poder experimentar as técnicas sonoras e de construção de instrumentos das outras províncias do país. "O festival é de Luanda para o mundo. Queremos alargar para outras províncias. É necessário que os patrocinadores continuem o apoio para levarmos o projecto a bom porto”.

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