Política

Mulheres são mais afectadas pela insegurança alimentar em África

António Gaspar |

Jornalista

Um recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que as mulheres em África são as que mais sofrem devido à insegurança alimentar, informou a directora-geral adjunta do organismo, Maria Helena Semedo.

28/05/2023  Última atualização 07H33
Directora-geral adjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, Maria Semedo, pede mais apoio para as mulheres em África © Fotografia por: Edições Novembro

A dirigente das Nações Unidas, que esteve em Luanda, onde participou no Fórum Internacional da Mulher para a Paz e Democracia, referiu, em comunicado, que o relatório revela que, dos 24 países mais afectados pela fome no mundo, 16 são africanos, e que a maior parte da população atingida pela falta de acesso aos alimentos é do sexo feminino.

No seu discurso, a representante da organização que empenha esforços na erradicação da fome e combate à pobreza, fez saber que, como produtora, as mulheres agricultoras têm mais dificuldades de acesso a recursos e serviços, ferramentas, tecnologia, mercados, informações e activos financeiros.

Entretanto, Maria Helena Semedo destacou que a agência que representa olha para as mulheres como agentes de mudança, não como vítimas, e que, segundo ela, em África mais de 23 projectos da FAO contribuem directamente para a igualdade de género e para o empoderamento das mulheres rurais, com uma contribuição directa estimada em mais de 44 milhões de dólares.

Por outro lado, a funcionária das Nações Unidas saudou ainda o trabalho que o Governo angolano e a FAO têm feito juntos ao longo das últimas décadas, destacando a implementação conjunta das Escolas de Campo de Agricultores (ECAs) como instrumento de organização comunitária e de promoção da segurança alimentar.

Segundo Maria Helena Semedo, as ECAs promovem a agricultura familiar com as melhores práticas de produção que garantem a estabilidade e a auto-suficiência na produção de alimentos, que têm sido factores-chave na recuperação pós-guerra e no processo de consolidação da paz.

A também economista lembrou que, no caso do programa do Governo angolano PRODESI, a agência das Nações Unidas ajudou na criação da maior plataforma de mulheres agroempresárias nas 18 províncias do país.

Acrescentou que a FAO apoia, igualmente, os esforços na dimensão do agronegócio do Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) com a implementação da componente AgriPREI.

A AgriPREI, avançou, promove uma abordagem de cadeia de valor em que as mulheres continuam a ganhar maior autonomia financeira e poder de decisão, tornando-se agentes económicos formais no sistema alimentar.

Na sua visita à capital angolana, reiterou que África enfrenta muitos desafios que travam o continente rumo à prosperidade e ao fim dos conflitos como, por exemplo, os impactos das alterações climáticas que, segundo a directora, continuam a afectar a produção de alimentos e a dependência excessiva de importações de alimentos e insumos agrícolas estratégicos que agravam as vulnerabilidades.

Sobre a situação, Maria Helena Semedo sublinhou, no entanto, que vê o futuro com optimismo, considerando que África tem recursos suficientes para ultrapassar estes desafios: recursos naturais abundantes, juventude, cultura, diversidade, conhecimento, saberes e mulheres.

No contexto internacional, Maria Helena Semedo recorda a forte parceria que a FAO tem com a Comissão da União Africana, explicando que com o envolvimento de Governos e outras organizações internacionais e investimentos adequados dos sectores público e privado, se podem potenciar as enormes oportunidades que existem para a agricultura, através da transformação dos sistemas agroalimentares no continente africano.

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