A anfitriã Aminata Goubel, vulgo Mamã África, criou um cenário com luandos, panos, quadros e fotografias a representar a mulher africana. Para degustação proporcionou pratos nacionais de Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e de outros países africanos. A rica gastronomia angolana também esteve presente.
Mamã África garantiu uma visita guiada às convidadas e explicou o funcionamento da Casa-Museu Nona Brisa. A música esteve a cargo da cantora Antonica, pseudónimo artístico da jornalista Elisa Coelho da Cruz, que apresentou temas do seu álbum de estreia "Verdades e Consequências”.
Na ocasião profissionais reformadas da Rádio Nacional foram homenageadas com diplomas de mérito e flores. Amélia Mendes, Maria da Conceição Costa, Céu Marques, Cidália Cardoso Agostinho, Maria Perpétua, Gema Kaliquemala, Madalena Alexandre, Sofia Paixão, Elizabeth Teixeira, Elisa Coelho e Aminata Goubel estiveram entre as contempladas.
Mamã Kuiba agradeceu o convite para estar no meio de mulheres que defendem a africanidade e que falam as suas línguas nacionais e regionais sem vergonha. "Parabéns a todas as mulheres africanas, em particular as angolanas, vocês têm que ter bom coração, aprendam a conversar e a debater para ajudarmos o nosso continente a evoluir'”, disse.
"Este encontro foi muito bom para nós, celebramos o nosso dia”, disse Mamã África, que tem por hábito acolher mulheres para falarem de si, das suas vitórias e derrotas, das barreiras e superações, dos seus problemas e das suas soluções.
No encontro radiodifundido foram debatidos temas como a valorização da mulher, o racismo contra as mulheres africanas, a falta de emprego, o empoderamento e as vulnerabilidades a que muitas estão sujeitas. As emissoras provinciais da RNA da Huíla e do Cuanza-Norte entraram no ar com histórias de mulheres que venceram desafios e conquistaram os seus objectivos de vida, apesar das limitações iniciais.
Aminata Goubel, panafricanista assumida, em declarações ao Jornal de Angola defendeu os valores das culturas africanas, que, na sua opinião, devem ser elevadas cada vez mais pelas mulheres. Aconselhou as mulheres a valorizarem mais e sem vergonha as suas culturas e a defenderem as suas bandeiras através dos valores morais.
Apesar de estar já reformada, Aminata Goubel deu a conhecer que continuar a fazer os seus trabalhos como jornalista cultural e a ensinar as mulheres como se faz a panela de barro, peças de arte e outros instrumentos africanos.
Du Gonçalves afirmou que as mulheres devem reflectir todos os dias sobre africanidade para que sejam aceites. "As mulheres africanas têm muita força, podem sim ser incluídas no processo de desenvolvimento do continente'”.
A professora e educadora de infância brasileira Sandra Augusto, residente em Londres, falou do racismo que as mulheres africanas e brasileiras negras sofrem dentro e fora do Brasil e disse acreditar que tal se deve à falta de apoio das grandes instituições.
Márcia Nginga, angolana que trabalha com comunidades africanas em Portugal e representa as mulheres, disse que defende estas do racismo e da desigualdade. Referiu que as mulheres têm que trabalhar mais para manterem as suas línguas, tradições e cultura.
A Casa-Museu Nona Brisa é considerada um templo de cultura, com mais de mil peças de arte, distribuídas entre artesanato, livros, instrumentos de percussão, olaria, máscaras, quadros, panos e bijuterias africanas e discos de música antiga. O acervo é fruto do afã colecionador do escritor Lopito Feijó, actualmente presidente da União dos Escritores Angolanos, e da sua esposa Aminata Goubel, que sempre que viajam por África trazem objectos representativos das culturas locais.Seja o primeiro a comentar esta notícia!
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