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MpD vence legislativas com maioria absoluta

O MpD, do Primeiro-Ministro Ulisses Correia da Silva, foi, ontem, declarado oficialmente como o vencedor das eleições legislativas de domingo com 49,2 por cento dos votos, elegendo 38 deputados, menos dois que em 2016, seguindo-se o PAICV com 37,9 por cento dos votos, correspondentes a 28 deputados, e a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) com 19,7 por cento dos votos, que permite eleger quatro deputados.

20/04/2021  Última atualização 11H00
© Fotografia por: DR
Quase 393 mil eleitores cabo-verdianos foram chamados no domingo, às urnas, para as sétimas eleições legislativas de Cabo Verde, escolhendo entre 597 candidatos de seis partidos os deputados ao Parlamento na próxima legislatura. A votação decorreu sem incidentes relevantes, de acordo com fonte da CNE contactada pela agência Lusa.

Nesta votação foram escolhidos para um mandato de cinco anos 72 deputados, dois dos quais pelo círculo de África, dois pelo círculo da América e dois pelo círculo da Europa e resto do mundo.No discurso de vitória, Ulisses Correia da Silva, de 58 anos de idade, disse tratar-se de um "passo importante” para a consolidação da democracia em Cabo Verde e uma prova do trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos anos.

"Fizemos uma boa campanha, um bom combate, conseguimos convencer os cabo-verdianos da justeza daquilo que foi o percurso da governação, uma situação muito difícil, e da justeza das nossas propostas para o futuro”, afirmou Ulisses Correia e Silva.Segundo ele, "a mensagem dos cabo-verdianos é muito clara. É uma mensagem de compromisso para o futuro, é uma mensagem de confiança, é uma mensagem de rejeição também a um tipo de política que não deve fazer escola aqui em Cabo Verde”.

"Em 2016 (última vitória do MpD) eu tinha dito que ninguém perdeu as eleições. Desta vez houve perdedores. Houve perdedores relativamente àqueles que fizeram da política a forma de ataque, não ao Governo nem ao MpD, mas ataque ao país, política de terra queimada, uma oposição pouco contributiva, ne-gacionista”, criticou.

"Trouxe muito pouco para o país. E em situações muito difíceis, nós esperávamos que houvesse uma atitude diferente. É uma lição para esta oposição, porque Cabo Verde precisa de uma oposição forte, mas responsável, com sentido de Estado”, enfatizou o líder do MpD.No discurso da vitória, Ulisses Correia e Silva traçou como prioridade imediata a massificação da vacinação da Covid-19, para atingir mais de 70 por cento da população até final do ano, de forma a defender a Saúde e a Economia, mas também conseguir "eliminar a pobreza extrema em Cabo Verde” - de famílias com rendimentos inferiores a dois dólares por dia -, através de "programas muito assertivos de retoma económica e protecção social”.Com este resultado eleito-ral, Ulisses Correia e Silva será reconduzido como Primeiro-Ministro de Cabo Verde, cargo que ocupa desde 2016, mantendo a maioria absoluta no Parlamento."A maioria absoluta é essencial porque nós queremos ter estabilidade para governar”, disse ainda. Líder do PAICV anuncia demissão

A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, anunciou, ontem, que vai pedir nos próximos dias a sua demissão da liderança do partido após a derrota nas eleições legislativas de domingo, noticiou a Radio France Internationale (RFI).O anúncio da líder da oposição foi feito na sede nacional do PAICV, na Cidade da Praia, já depois de o presidente do Movimento para a Democracia (MpD) ter proclamado a vitória.

"Como sempre disse, para mim, a política não pode ser encarada como profissão nem como carreira. Penso que na política sempre é preciso ser-se coerente e consequente e retiro sim consequências políticas dos resultados destas eleições, por isso, nos próximos dias apresentarei a minha demissão como presidente do PAICV aos órgãos do partido”, anunciou Janira Hopffer Almada.

Há cinco anos, mas após perder as eleições autárquicas, Janira Hopffer Almada colocou o cargo à disposição do partido, mas acabaria depois por continuar na liderança, que agora pretende deixar, sem dar indicações quanto ao próximo líder, explicando que não deve interferir."Aqui devo ter sobretudo uma postura de retirar as consequências, mas não intervir para o futuro. Penso que um líder que sai não deve tentar criar condicionalismos a um futuro líder que vai entrar. Não seria correcto nem ético da minha parte”, justificou. A líder partidária não respondeu também se, mesmo deixando a liderança do partido, vai ocupar ou não o cargo de deputada no Parlamento cabo-verdiano. "Penso que por ora já fiz as declarações que me cabiam”, afirmou. 


Janira Hopffer Almada. Durante a declaração, a presidente do PAICV felicitou, ainda, o Movimento para a Democracia (MpD) e o seu líder, Ulisses Correia e Silva, pela vitória nas eleições, reconhecendo que "o povo é sempre soberano” e a sua vontade deve ser sempre respeitada."Parabenizo o MpD e Ulisses Correia e Silva e espero que Cabo Verde, de facto, tenha bons tempos na sua governação”, afirmou a presidente do maior partido da oposição cabo-verdiana, que agradeceu ainda a todos os cabo-verdianos que acompanharam o partido nesta jornada.Questionada sobre o que correu mal para o PAICV voltar a perder as eleições legislativas, Janira Hopffer Almada respondeu que não poderá dizer, mas apenas que a governação feita durante os últimos cinco anos pelo MpD foi aprovada. "Nós temos uma visão diferente, mas aquilo que importa é a visão do povo, nós temos que respeitar a visão do povo, que é sempre superior a todas as visões”, salientou a presidente, numa declaração ladeada por membros do partido. 

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