O coordenador do festival, Pedro Capumba, que falava à imprensa, afirmou que a realização do Festival de Música e Dança Tradicional do Leste enquadra-se na responsabilidade social do CATOCA, que visa preservar e resgatar o valor cultural da região Leste.

"Teremos neste festival uma comparticipação da ENDIAMA. EP, que se junta a esta iniciativa da Sociedade Mineira de CATOCA, em prol ao engrandecimento da cultura nacional”.

Segundo Pedro Capumba, vão participar no festival representante das três províncias do Leste de Angola, nomeadamente Moxico e Lundas-Sul e Norte, e cada uma delas vai ser representada por três grupos composto por 14 integrantes.

Nesta segunda edição do festival, acrescentou, vão ser agregados outros aspectos da cultura do Leste do país, como a culinária local e o artesanato, com vista a engrandecer a iniciativa e a cultura local.

Por seu turno, o coordenador técnico do festival, José Fernandes, assegurou que, à semelhança do ano passado, o evento não terá carácter competitivo, pois "o critério passa necessariamente pelos Gabinetes provínciais da Cultura seleccionarem os grupos para representar as suas províncias no festival”. 

"O que pretendemos com este trabalho da Sociedade Mineira de CATOCA é que se torne um programa nacional, constituindo uma mais-valia para a cultura nacional, assim como a elevação do turismo interno”.

A cultura e arte cokwe estiveram em evidência, a 25 de Junho do ano passado, no Largo António Agostinho Neto, no Dundo, Lunda-Norte com, a realização da I edição do Festival Regional de Dança e Música Tradicional do Leste, que homenageou o instrumento musical Cinguvu, tendo em conta a importância deste na música tradicional.

Na primeira edição do festival, que visou exaltar, resgatar, preservar, valorizar e divulgar a cultura do Leste do país, a província do Moxico esteve representada pelos grupos Komokenu, Hatchilimwene e Habiude Mãe Grande, todos do Luena, ao passo que a Lunda-Sul teve como porta-bandeira os Tchako Tchyetu, do bairro Luari, de Saurimo, Komokenu, do Muconda, e Makopo, do Dala.

A província anfitriã, Lunda-Norte, foi representada pelos grupos Akishi Tchyanda, Seha Wesseke e  Tchako tchyetu tcha utchokwe.

Instrumento homenageado

Cinguvu é um tambor de madeira monobloco, cujo nome provém do som produzido por este, que imita o roncar do hipopótamo, mamífero conhecido entre os cokwe , ovimbundu e mbundas por Nguvu. Além de ser um instrumento de acompanhamento dos grupos de música tradicional, o Cinguvu também era usado como meio de comunicação.

Para o etnógrafo e antigo funcionário da administração colonial portuguesa em Angola, José Redinha (1905-1983), o Cinguvu é um dos maiores instrumentos musicais africanos. No seu livro "Instrumentos Musicais de Angola”, o autor descreve este instrumento como essencial em certas cerimónias culturais dos cokwe.

Actualmente, muitos etnógrafos e musicólogos da região defendem que o Cinguvu deveria ser um património cultural do país.

Para muitos destes estudiosos, o referido instrumento musical chegou a ser referência na comunicação social. Um caso em concreto, apontam, é a empresa Edições Novembro ter atribuído o título "Cinguvu” ao Jornal regional do Leste de Angola.