Política

Mortalidade materna institucional em Angola baixa de 377 para 104

César Esteves | Nova Iorque

Jornalista

A mortalidade materna institucional em Angola registou, nos últimos cinco anos, uma redução de 377 para 104 por 100 mil nascidos vivos, revelou a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, em Nova Iorque, Estados Unidos da América.

23/09/2023  Última atualização 11H10
Gestantes e parturientas contam com serviços modernos de atendimento nos principais hospitais construídos nos últimos cinco anos um pouco por todo o país © Fotografia por: CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO

A ministra da Saúde divulgou o dado durante a participação no debate de alto nível sobre o assunto, realizado à margem da 78ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Sílvia Lutucuta referiu que o país tem criado soluções a nível do sector da Saúde que permitem antecipação às tendências que se desenham para o futuro, adaptando e melhorando a governança, que considerou factor imprescindível ao alcance da cobertura universal de saúde.

A governante ressaltou que Angola realizou, nos últimos cinco anos, um "enorme” investimento em infra-estruturas no Serviço Nacional de Saúde, sobretudo no domínio dos cuidados de saúde primários, com a construção de 163 novas unidades sanitárias.

Para acompanhar este investimento e garantir a sua eficiência, a ministra da Saúde fez saber que foram enquadrados, nos serviços públicos, 41.093 novos profissionais, tendo atingido um incremento de 40 por cento do total da força de trabalho. "Estes investimentos permitirão o aumento do acesso e a capacidade resolutiva no Sistema de Saúde”, ressaltou Sílvia Lutucuta, para quem todo este investimento se reflectiu na melhoria dos indicadores de saúde infantil e materna.

Sílvia Lutucuta afirmou que o Governo angolano investiu, também, na introdução de novas tecnologias, nomeadamente em equipamento de cadeia de frio alimentado por energia solar, plataformas digitais para a gestão da logística e das intervenções de saúde pública, telemedicina e telesaúde, a fim de aumentar a prestação de cuidados de saúde em lugares remotos.

A titulara da pasta da Saúde informou que a isenção de taxas aduaneiras na importação de medicamentos e produtos médicos e o agravamento de taxas para o tabaco, bebidas espirituosas e açucaradas constituem, igualmente, uma parte das medidas que Angola vem tomando para optimizar e aumentar os recursos financeiros ao sector da Saúde.

Sílvia Lutucuta disse que estas acções demonstram o compromisso do país com a missão das Nações Unidas virada para a promoção da paz, do desenvolvimento e da cooperação internacional, de modo a responder, de forma eficaz e holística, aos desafios do sector social, com realce para o da Saúde.

Entretanto, reconheceu que o acesso da população aos serviços de saúde ainda é limitado, permanecendo barreiras financeiras, geográficas, socioculturais e de organização que limitam o acesso às pessoas, principalmente das áreas rurais e das áreas peri-urbanas, que dificultam a utilização plena dos serviços de saúde existentes. Para contornar este quadro, disse que o Governo está a envidar esforços a fim de aumentar, a curto e médio prazos, o orçamento para o sector da Saúde, de forma a assegurar o direito à saúde a toda a população.

Sílvia Lutucuta reconheceu que o fortalecimento do sistema de saúde, com destaque para os cuidados  primários de saúde centrados nas pessoas, desempenha um papel crítico ao alcance da cobertura universal de saúde.

"Reconhecemos, igualmente, que ao fortalecer os cuidados primários de saúde estaremos mais bem preparados e resilientes para respondermos, com eficiência e eficácia, às emergências de saúde pública e às catástrofes naturais”, frisou. A titular da pasta da Saúde no país sublinhou que, num mundo cada vez mais interligado e interdependente, é imperativo que se trabalhe em conjunto na procura de um futuro mais equitativo e sustentável para todos os habitantes do Mundo.

"O Governo da República de Angola expressa, pois, todo o seu apoio à Declaração Política sobre a Cobertura Universal de Saúde a ser adoptada nesta Assembleia e reconhece a saúde como um factor incontornável do desenvolvimento global sustentável e de justiça social”, concluiu.

Estimativas da Divisão de Estatísticas das Nações Unidas, referentes ao período 2015- 2020, dão conta que a taxa de mortalidade em menores de cinco anos reduziu de 175 para 75 em cada mil nascidos vivos.

 País reitera compromisso de eliminar a tuberculose

A agenda de trabalho da ministra da Saúde, em Nova Iorque, terminou, ontem, com a participação num outro painel de alto nível sobre tuberculose, que abordou as estratégias inovadoras para o controlo da doença. O evento subordinou-se ao lema "fazer avançar a ciência, o financiamento, à inovação e os seus benefícios de acabar urgentemente com a epidemia global de tuberculose, em particular, garantindo o acesso equitativo à prevenção, aos testes, tratamentos e cuidados”. Na sua intervenção, no encontro, Sílvia Lutucuta reiterou o compromisso do Governo angolano de acelerar a eliminação da doença no país como problema de saúde pública. A ministra da Saúde sublinhou que a tuberculose constitui um obstáculo ao progresso e desenvolvimento dos países e o seu combate é decisivo para a construção de um futuro melhor e mais próspero a nível global.

"A tuberculose mata, anualmente, cerca de 1.6 milhões de pessoas, principalmente em África e na Ásia”, frisou. Em função deste quadro, a ministra da Saúde deu a conhecer que este tema está inserido, em Angola, no topo da agenda política, reflectindo-se em acções fundadas em abordagens equitativas, intersectoriais e éticas.

Sílvia Lutucuta disse que o compromisso de Angola face à problemática está, estreitamente, alinhado com o objectivo de garantir um financiamento sustentável para suportar um plano estratégico ambicioso, visando a introdução de meios de diagnóstico modernos e eficazes a fim de  detectar 90 por cento das pessoas com tuberculose e o tratamento de igual número de pessoas com medicamentos de qualidade. "Este compromisso estende-se à resposta de emergência à tuberculose multi-droga resistente e à crescente co-infecção VIH/SIDA”, realçou. A ministra da Saúde informou que Angola considera imprescindível que se dedique uma atenção especial ao desenvolvimento urgente de novos meios de diagnóstico e de vacinas mais eficazes, uma vez que a actual vacina, para além de ter 102 anos, apresenta uma eficácia limitada.

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