Cultura

Morreu o nacionalista Rui Clington

Francisco Pedro

Jornalista

Morreu na quarta-feira, 18, vítima de doença, o juíz Rui Clington, um nacionalista com muita vontade de transmitir conhecimentos à nova geração, segundo o historiador Filipe Vidal, amigo da família e que conviveu com o malogrado durante vários anos. Rui Clington nasceu em 1935.

20/01/2023  Última atualização 09H10
© Fotografia por: Francisco Pedro| Edições Novembro

Irmão mais velho do historiador e músico Mário de Souza Clington e mais novo da cantora Alba Clintogn, "Rui Clington era um dos nacionalistas angolanos aberto para dialogar com a juventude”, conta o historiador.

"Conheci o Dr. Rui Clington em 2007, numa das conferências que eu realizava com o apoio de um realizador de cinema. Depois de alguns anos, começamos a registar a vida e a obra dos irmãos Clington, o que resultou num arquivo vasto audiovisual e bibliográfico que nos permite divulgar os feitos desses filhos de que Angola deve se orgulhar”, ressalta Filipe Vidal.

Além de juiz, Rui Clington era uma figura marcante do desporto e da cultura. Filho do célebre Demostenes de Almeida, ícone do atletismo angolano.

Filipe Vidal considera que, com a morte de Rui Clington, perde-se um dos maiores marcos do nacionalismo angolano que combinava a ética, o desporto e as ciências.

"Perdemos uma das maiores autoridades do mundo da Justiça angolana, o mundo do desporto nacional perde um campeão de atletismo e um futebolista de alto nível, tão somente o primeiro seleccionador nacional da Angola independente”, lamentou o historiador.

Na óptica do crítico Jomo Fortunato, que teve inúmeras tertúlias com Rui Clington, desaparece uma figura de suma importância da história da cultura e do desporto angolano.

O crítico literário referiu que Rui Clington, ligado à jurisprudência, pertence a uma geração de intelectuais que assistiu a formação de grupos emblemáticos da música e do teatro, que surgiram em meados dos anos 40 do século XX, tais como o Ngola Ritmos, Kimbandas do Ritmo e o Grupo Teatral Ngongo, numa época em que grupos artísticos e associações culturais se opunham, pela cultura, à violência do sistema colonial português.

Jomo Fortunato lembrou que Rui Clington era um homem de uma vasta cultura.

"Apaixonado pela história de África pré-colonial, denotava uma paixão pelas manifestações artísticas, na sua generalidade, respeitava a expressividade das línguas nacionais e da filosofia existencial dos grupos etnolinguísticos angolanos”, acentua.

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