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Missão de paz recupera controlo de Bangassou

A missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) anunciou, ontem, que recuperou o controlo da cidade de Bangassou, a 750 quilómetros da capital, que estava ocupada por grupos armados contra o Governo Presidente Faustin Archange Touadéra.

18/01/2021  Última atualização 09H31
Forças da ONU e tropas governamentais conseguiram retirar os invasores da cidade © Fotografia por: DR
A cidade de Bangassou "está sob controlo total da Minusca, após o ultimato lançado na sexta-feira pela Força de Missão aos grupos armados. Os rebeldes abandonaram as posições que ocupavam e fugiram da cidade durante a noite de sexta-feira para sábado", disse o porta-voz da Minusca, Vladimir Monteiro.
"Os incidentes ocorreram à noite e a força interveio para os terminar. A situação está calma, sob controlo", disse à agência France Press (AFP) o tenente-coronel Abdoulaziz Fall, porta-voz do componente militar de Minusca.

A 19 de Dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legislativas, uma coligação de seis dos grupos armados mais poderosos que ocuparam dois terços da RCA desde o início da guerra civil, há oito anos, anunciou uma ofensiva para impedir a reeleição do Presidente, Faustin Archange Touadéra.
Touadéra foi declarado reeleito a 4 de Janeiro após a votação contestada pela oposição, na qual apenas um em cada dois eleitores recenseados teve a oportunidade de votar por causa da insegurança fora da capital.

Os rebeldes da CPC tinham até então levado a cabo ataques esporádicos, geralmente repelidos por "Capacetes Azuis”, apoiados por contingentes armados de militares rwandeses e paramilitares russos que vieram em socorro do Governo e do seu Exército.
Estes ataques têm ocorrido, até agora, principalmente em cidades e vilas distantes da capital Bangui.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.

Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as casas.
Portugal tem actualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a Minusca e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até Setembro deste ano.

Deslocados duplicam

O número de pessoas que fugiram da violência na República Centro-Africana, desde Dezembro, período eleitoral, "duplicou numa semana", atingindo as 60 mil pessoas, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em Genebra. De acordo com a Lusa, só a 13 de Janeiro, 10 mil pessoas atravessaram o rio Ubangi para procurar refúgio na República Democrática do Congo (RD C), disse o porta-voz do ACNUR, Boris Sheshirkov, aos jornalistas.

O ACNUR "apela à cessação imediata de toda a violência na RCA” e "ao regresso imediato de todas as partes a um diálogo significativo e ao progresso rumo à paz”, disse o porta-voz. A agência das Nações Unidas também disse que existem informações sobre abusos cometidos por grupos armados, incluindo violência sexual, ataques aos eleitores e saques. A esmagadora maioria dos refugiados foi para a RDC (50 mil pessoas), mas também existe o registo de fugas para a República do Congo, Chad e Camarões.

De acordo com a Comissão dos Movimentos Populacionais, as organizações internacionais estima que 58 mil pessoas estejam deslocadas dentro do próprio país. O ACNUR já procurava, este ano, 151,5 milhões de dólares para responder à situação no país e tudo indica que se verifique "uma lacuna de financiamento significativa”, salientou o porta-voz, apelando à "comunidade internacional para intensificar urgentemente o apoio à resposta humanitária, de modo a poder prestar mais assistência às pessoas necessitadas em áreas remotas”.

Ontem, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertaram para a degradação da situação humanitária e de segurança na RCA, cujo aumento da violência piorou ainda mais as condições de saúde da população.
 "Muitas pessoas forçadas a escapar do conflito e da violência estão a viver em condições extremamente precárias tanto no país como nos países vizinhos.

Aos poucos, contudo e segundo o Governo da RCA, a vida começa a voltar à normalidade depois do recente ataque rebelde aos arredores de Bangui, rechaçado pelas forças das Nações Unidas, havendo a lamentar, contudo, a morte de um Capacete Azul.

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