Economia

Ministro da Agricultura e Florestas reitera apoios aos jovens fazendeiros

Casimiro José| Sumbe

O ministro da agricultura e florestas, António Francisco de Assis, reiterou, numa das fazendas agrícolas, constituída no quadro do projecto “Terra do Futuro”, município da Quibala, província do Cuanza-Sul, que o ministério que tutela vai continuar a apoiar os jovens empresários agrícolas, no sentido de garantir o produtividade das fazendas, para o alcance das metas preconizadas pelo Executivo.

20/03/2023  Última atualização 06H00
Ministro da Agricultura e Floresta, Francisco de Assis, visitou o Projecto Terra do Futuro que está a alavancar o sector Agrícola na Quibala © Fotografia por: Casimiro José | Edições Novembro

O titular da pasta da Agricultura e Florestas fez o anúncio no final da visita de constatação que efectuou na região, onde se inteirou do estado das fazendas e respectivos proprietários, à luz dos apoios prestados pelo ministério para revitalizar a retoma de actividades agrárias, fruto da paralisação registada desde 2015.

Durante a visita, acompanhado pela Vice-Governadora para o sector político, social e económico, Emília Tchinawalile, e por membros do seu pelouro, António de Assis visitou quatro fazendas, onde se inteirou, junto dos jovens fazendeiros, sobre como foram aplicados os apoios em sementes e insumos agrícolas disponibilizados, desde o ano passado. Depois de ouvir explicações dos jovens fazendeiros, o ministro da Agricultura e Florestas manifestou-se satisfeito pela forma como os apoios foram aplicados, além de ver os jovens com a força anímica de retomar a produção em larga escala.

O titular da pasta do departamento ministerial ouviu as preocupações dos fazendeiros e viu o que estão a fazer, e deu nota positiva à entrega dos jovens agricultores. "Eu saio animado desta visita, e penso que valeu a pena os apoios dados pelo ministério”, disse. O Ministro da agricultura e florestas considerou, também satisfatório, o facto de o projecto integrar jovens com formação universitária em agronomia, o que pode modernizar a agricultura no país.

"É um facto curioso que me alegra, ver jovens universitários abraçarem o campo e isso mostra que, num futuro breve, conheceremos a modernização da agricultura”, disse.  Quanto as preocupações apresentadas pelos fazendeiros, sobre a necessidade de aquisição de máquinas pesadas para a lavoura, e de outros imputes agrícolas, Francisco de Assis garantiu que, dentro das atribuições do pelouro, vão ser encetados contactos com a gestão do Fundo de Apoio do Desenvolvimento da Agricultura (FADA), no sentido de encontrar vias para a resolução dos problemas que afectam os jovens fazendeiros, ao mesmo tempo, que aconselhou os fazendeiros a constituirem uma cooperativa que os represente, como forma de encontrarem vias de obtenção de créditos, junto de instituições bancárias, tão logo ultrapassem os condicionalismos com o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA).


Dos condicionalismos à retoma da produção

Os empresários agrícolas, formados pelo projecto "Terra do Futuro”, no município da Quibala, voltam a produzir, depois de sete anos de paralisação, graças ao apoio prestado pelo Ministério da Agricultura e Florestas.

O projecto Terra do Futuro procedeu a entrega faseada de 51 fazendas, das 60 previstas, desde 2009 até 2012, restando nove por preparar e entregar aos beneficiários. O processo decorreu com normalidade, mas a falta de conclusão dos processos de aquisição de equipamentos, meios de transporte e insumos agrícolas pela gestora da empreitada, a Agropromotora, inviabilizou a ansiedade de jovens agrónomos

A situação provocou uma certa desmobilização dos jovens fazendeiros, e os que persistiram a iniciativa passaram por dificuldades de vária ordem, sem possibilidades de caminharem para responderem aos objectivos traçados anteriormente.

Na altura, os jovens fazendeiros ficaram animados com a recepção de parcelas de 250 hectares de terras já preparadas e  de moradias construídas pelo projecto "Terra do Futuro”, mas a Agropromota,  empresa gestora que intermediava junto o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) para a aquisição de equipamentos e insumos agrícolas viria a travar a marcha da grande iniciativa.

Os fazendeiros manifestaram à reportagem do Jornal de Angola a sua preocupação, quanto às  dívidas a si imputadas, que ronda cada um, em um milhão e 400 Dólares Norte Americanos. Enquanto não se chega à resolução definitiva, entre o banco credor, o BDA, e a gestora do processo de compra e entrega de equipamentos aos beneficiários, a Agropromotora, a situação encontrava-se insustentável.

Diante dessa realidade, em 2022 o Ministério da Agricultura e Florestas procurou intervir, apoiando  com sementes e alguns insumos, e os resultados começam a surgir, facto que anima os jovens fazendeiros, que na sua maoria já se sentem resgatados pela incerteza que invadiam as suas almas.

O desenho inicial do projecto consistia para a produção, em larga escala, de cereais e leguminosas, tais como arroz, milho, soja, feijão e trigo, mas o Ministério da Agricultura aconselhou os jovens fazendeiros a diversificarem outras culturas, como fruteiras.


Primeiros beneficiários recebem meios técnicos

Elídio Pinto foi um dos primeiros a beneficiar da parcela de 250 hectares, uma carrinha e respectiva moradia, e disse ao Jornal de Angola que, naquela altura viu o seu sonho realizado, tendo em conta a formação em agronomia que obteve. "A entrega de parcelas de terras, equipamentos e apoio técnico, foi uma ideia bem pensada pelo Executivo, e os constrangimentos só vieram complicar este grandioso projecto, ainda sem igual em Angola”, disse.

O jovem fazendeiro disse que o gesto do ministério, constitui o virar da página difícil e apelou ao bom senso das autoridades competentes para que o projecto continue. "Estamos a ponderar em desistir do projecto, sob pena de os recursos gastos cairem em saco roto”, disse, sublinhando que o país precisa de muitos projectos desta dimensão.

Fez saber que com a entrega de nove toneladas de sementes de batata-rena e outros insumos agrícolas, pelo ministério, estão lançadas as bases para a revitalização da produção.

"Estamos animados e, ao mesmo tempo a aconselhar outros que haviam desistido para retomarem a produção, e pensamos que daqui a dois ou três anos podemos entrar num ritmo aceitável”, disse.

Quanto ao cenário, que considerou pouco abonatório, Elídio Pinto, referiu que não se pode apontar o dedo a ninguém, por traduzir um aprendizado para todos, quer seja os implementadores do projecto, assim como dos próprios beneficiários.

"Por mim, não consigo culpabilizar alguém porque acho ser uma fase em que faltou fiscalização para que o processo corresse bem”, frisou, mas defende que se faça um inventário de quanto a empresa gestora gastou por cada fazendeiro para se saber o que foi distribuído, e por se distribuir.

Mingo Fernando Quitamba, é outro fazendeiro que ocupa a parcela nº34, e enquadrou-se ao projecto em 2012. Da sua parcela disse à nossa reportagem que ocupou um hectar com o plantio de limoeiros, larangeiras e mangueiras, além de outros espaços que semeou feijão e milho. Idelfonso Segundo também está animado com o reatar da produção, através dos apoios prestados pelo Ministério da Agricultura, e adiabtou que começou a trabalhar a um rítmo acelerado.

"Estou animado com os apoios que recebemos do Ministério da Agricultura, estando a produzir milho, feijão, além de fruteiras e plantação do café, mas precisamos de máquinas pesadas para a retirada de arbustos que cresceram durante o período de paralisação”, frisou.

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