O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
Ti Kifumbi detesta pessoas que falam sem conhecimento de causa. Daqueles que só abrem a boca para mostrar aos outros que onde há maka não entram calados e saem mudos.
É assim que, no passado sábado, Ti Kifumbi e três seus colegas encontravam-se numa barraquinha a beberem o que mais gostam agora: água do chefe. Ou melhor, kaporroto.
Enquanto apreciavam a bebida caseira e falavam sobre as últimas do Brasil, eis que surgem o Wassaluka, o Da Batota e o Do Português.
Estavam fracos, ou seja, sem merepé (dinheiro). Com todo o respeito, pediram ao Ti Kifumbi para lhes molhar a garganta (pagar uma bebida).
Ti Kifumbi não rejeitou. Por saber que são filhos dos seus contemporâneos, mandou dar meio litro de kapuka, mas advertindo: "bebem mas não fazem confusão e não falam à-toda porque aqui estou com entidades. Estes senhores não são borra-botas”.
Como ainda não tinham ingerido nada, aceitaram portar-se como gente civilizada. Em alguns minutos, portaram-se mesmo como gente civilizada. Mas só foi até ao segundo cálice.
No terceiro cálice, o Ti Kifumbi e os visitantes não estavam a entender a discussão dos miúdos. Na verdade não estavam a falar sobre o Brasil. Estavam, sim, a falar da nossa realidade.
Enquanto discutiam, o Wassaluka aproveitou uma deixa dos outros, e disse que o efectivo do Ministério do Interior não manda nada.
Na verdade, todos ficaram zangados com o pronunciamento do Wassaluka, porque isso é uma grande ofensa a todo o efectivo do Interior, como ao ministro, aos secretários de Estado desse pelouro, ao comandante-geral e aos provinciais, assim como aos demais efectivos.
Ti Kifumbi, que é aposentado da Polícia, pediu ao Wassaluka para moderar a linguagem e justificar a sua afirmação de que o Ministério do Interior não manda nada.
E nas calmas o Wassaluka foi dizendo: "Não é o pessoal dos bombeiros que manda construir anarquicamente, e quando há incêndio numa das cabanas desses bairros desordenados e os efectivos dos bombeiros não conseguem extinguir o incêndio, a culpa recai neles. E às vezes com palavras obscenas. Não são os agentes reguladores de trânsito que mandam alguns motoristas conduzirem em alta velocidade. A desrespeitarem as leis de trânsito. Mas quando há acidentes aparatosos, atiram as culpas aos agentes. Não é o efectivo do Departamento de Ilícitos Penais que manda roubar ou furtar, as nossas mães venderem em locais impróprios ou os miúdos de grupos lutarem entre si. Quando os agentes da Ordem Pública actuam contra as mamas zungueiras levantam-se as vozes. Todos contra a Polícia, que, apenas, está a fazer o seu trabalho. Não são os bombeiros salva-vidas que mandam os frequentadores de praias banharem-se em zonas proibidas. Mas quando há afogamento, lá estão outros banhistas a questionarem onde é que estão os salva-vidas”.
"O parente daquele ou deste ministro, deste ou daquele deputado, quando são assaltados ligam para o ministro do Interior e este para o seu comandante-geral para arranjar um milongo (remédio ou magia) para descobrir e prender os delinquentes”.
E Wassaluka disse mais: "Eles são os que mais trabalham, aí ninguém duvida, porque, sem sombra de dúvidas, são incomodados segundo a segundo para acudir essa ou aquela situação, quando muitos de nós estamos a dormir sono, a comer uma boa comida, a beber do bom vinho, mas não são bem reconhecidos por muitos cidadãos. Muitas das vezes são ofendidos mal e porcamente, porque chegaram tarde no local do crime. Quase ninguém leva em conta o nosso engarrafamento ou a localização do crime”.
"Eles não mandam a quem quer que seja a não cumprir com as regras de boa convivência e a não seguir as orientações dadas pelas autoridades policiais”.
É assim que os presentes tomaram conhecimento, pelo menos da boca do Wassaluka, que os efectivos do Ministério do Interior não mandam nada prejudicar os cidadãos. Seja nacional ou estrangeiro.
Tem razão, o Wassaluka. O Interior não manda nada de mal. Sabem eles que juraram à bandeira para proteger todos os cidadãos e seus pertences.
É ou não é verdade?
E o Ti Kifumbi, apenas, disse que aí está a verdade verdadeira.
Man-Minguito
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