Sociedade

Ministério do Ambiente defende maior valorização dos resíduos

Manuela Gomes

Jornalista

A valorização dos resíduos, particularmente em relação à reutilização dos produtos plásticos, que levam cerca de 400 anos para decomposição, é um dos grandes desafios do sector do ambiente, para os próximos anos, defendeu, em Luanda, a ministra Ana Paula de Carvalho.

27/05/2024  Última atualização 08H19
Ana Paula de Carvalho disse que o banimento dos sacos plásticos inclui trabalhos conjuntos com os Governos Provinciais © Fotografia por: Edições Novembro

A melhoria da gestão dos resíduos, afirmou, consta das principais agendas do sector do Ambiente em Angola e apelou à sociedade para a cultura de separação dos resíduos, a partir de casa, afim de, também, facilitar o trabalho dos catadores de resíduos.

A recolha selectiva no país, avançou, já é uma realidade, assim como a presença de catadores que se dedicam, somente, a recolha selectiva de resíduos, e a instalação dos eco-pontos. De acordo com a ministra, existe um memorando de entendimento entre a Agência Nacional de Resíduos (ANR) e o Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), para a realização de acções formativas de catadores de resíduos em algumas provinciais do país.

O banimento do uso de sacos plásticos, salientou, é um processo em curso e inclui a tomada de medidas e a implementação trabalhos conjuntos com os Governos Provinciais. A efectividade da iniciativa, acrescentou, passa, também, pela sensibilização das comunidades.

"Estamos a trabalhar para a diminuição dos resíduos, em especial os feitos a base do plástico. A ideia é incutir na população o interesse pelo descarte com responsabilidade, pensando na inserção destes nas cadeias de valorização, como a reciclagem”, realçou. 

De acordo com a ministra do Ambiente, o ano de 2050 está definido como a meta para a retirada total da circulação do plástico de uso único. "A ideia é substituir este tipo de plástico por produtos biológicos, com uma decomposição mais rápida”.

 
Resíduos por kilos

No país, diariamente, cada habitante produz cerca de 0, 54 kilos/dia de resíduos, que perfaz mais de 19 mil toneladas produzidas por dia a nível nacional. Os dados foram dados pela presidente do Conselho de Administração (PCA) da Agência Nacional de Resíduos (ANR).

Nelma Caetano disse que estes números são muito desafiantes. Destes resíduos, os plásticos e os detritos orgânicos lideram a lista dos mais produzidos. "É necessário que se crie um bom ambiente de negócios, para que várias iniciativas privadas entrem no mercado e comecem também a valorizar os resíduos orgânicos que são produzidos em grandes quantidades”, realçou.

A nível tecnológico, a PCA disse que foram também feitos alguns avanços, como a criação e a entrada em funcionamento do Sistema Integrado de Licenciamento e Certificação de Gestão de Resíduos, que visa facilitar e melhorar o ambiente de negócios.

A nível de desafios e oportunidades, destacou, existe uma grande oportunidade para se trabalhar com os resíduos orgânicos, tendo realçado o lançamento, por parte do Executivo, do Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos (PLANAGRÂO) que visa massificar a agricultura. "É uma oportunidade para os empresários investirem mais na produção de fertilizantes orgânicos”.

Os resíduos orgânicos, apontou, podem ser aproveitados, também, para a produção de energia, através do bio-gás. "O Estado não tem de fazer tudo. Os primeiros passos já estão a ser dados com a construção de aterros sanitários e a criação de novos Centros de Processamento de Resíduos”, disse. 

Actualmente, frisou, existem no país 459 operadores de gestão de resíduos licenciados, a maioria virados para o manuseio dos resíduos não perigosos, hospitalares e mineiros.

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