Política

Ministério da Saúde expande rede de serviços de diagnóstico

Alexa Sonhi

Jornalista

O Ministério da Saúde (MINSA) está a desenvolver um plano de expansão da rede dos serviços da tuberculose em todas as unidades sanitárias de nível primário, com vista a melhorar o diagnóstico precoce de casos, anunciou, ontem, em Luanda, a coordenadora interina do Programa Nacional de Controlo da doença.

24/03/2023  Última atualização 08H40
Médica Ana Paula Silva preocupada com a taxa de abandono © Fotografia por: Edições Novembro

Ana Paula Silva referiu que, no âmbito do referido programa, o MINSA pretende, igualmente, aumentar os níveis de cura de pacientes e reduzir significativamente a taxa de 15 por cento de abandono.

A epidemiologista, que falava em torno do Dia Mundial da TB, que se comemora hoje, garantiu que o Ministério está a implementar uma série de projectos para melhorar o seguimento/acompanhamento e busca activa de pacientes na rede de serviços da tuberculose.

Outro trabalho que o sector tem estado a desenvolver, acrescentou a coordenadora interina, tem a ver com a captação de contactos e o seguimento das pessoas com síndrome respiratória, para evitar que evoluam para tuberculose.

Os dados da Direcção Nacional da Saúde Pública, avançados por Ana Paula Silva, referem que 68.839 novos casos da doença foram diagnosticados no ano passado, dos quais 516 pacientes acabaram por morrer.

A coordenadora interina explicou que a tuberculose tem estado a afectar todos os grupos etários, com particular realce às crianças dos zero aos quatro anos, com um registo de 2.232 novas infecções, e dos cinco aos 14 anos, com 4.506 novos casos.

Já na faixa etária dos 15 aos 24, foram diagnosticadas 15.884 novas infecções, enquanto que o grupo dos 25 aos 34 anos (sexo masculino) é o que mais afectados regista, com um total de 9.873 novos casos, e o feminino 6.765 diagnósticos.

Em relação à província com maior número de casos, Ana Paula Sílvia, disse que Namibe lidera a lista, com uma taxa de 445% de infecções, seguida do Bengo, Benguela e Luanda.

A especialista em Epidemiologia frisou que os factores de risco que levam essas províncias a estarem à frente da lista são a má nutrição, uso excessivo do álcool, tabaco, má alimentação, poluição ambiental ou sistema de saneamento básico deficitário, entre outras determinantes sociais.

 

Taxa de abandono

A epidemiologista salientou que, atendendo ao tempo longo de tratamento da doença, de seis meses a um ano, muitos pacientes acabam por fugir dos hospitais, atitude que causa a elevação da taxa de abandono para 15%.

"Esses pacientes podem evoluir para uma tuberculose resistente e outros acabam por morrer”, lamentou a médica, para aconselhar que os doentes devem cumprir à risca com o tratamento e esperarem pela decisão final do médico sobre a cura ou não, após o exame bacteriológico.

Apesar destas desistências à medicação, Ana Paula Silva realçou que o número de pacientes curados é elevado, muito embora não o tenha precisado. "É o resultado dos trabalhos de sensibilização nas comunidades”, disse.

Sobre a medicação, a responsável garantiu que a distribuição em todas as unidades hospitalares é regular e os pacientes recebem-no a custo zero até terminarem o período terapêutico.

O Dia Mundial da Tuberculose foi instituído em 1982, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em homenagem aos 100 anos de anúncio da descoberta do bacilo causador da tuberculose, ocorrida a 24 de Março de 1882, pelo médico alemão Roberto Koch.

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