Política

Mina do Luele prevê atingir uma produção de 8.6 milhões de quilates até ao ano 2026

Paulo Caculo

Jornalista

O projecto diamantífero de Luele, inaugurado na segunda-feira pelo Presidente da República, na província da Lunda-Sul, apresenta-se como o mais novo exemplo da grandeza do investimento angolano no sector dos Diamantes.

29/11/2023  Última atualização 06H52
© Fotografia por: DR

Concebido como resultado das pesquisas geológicas efectuadas pela Sociedade Mineira de Catoca, com objectivo de aumentar a base de recursos minerais do país, a mina de Luele estima fornecer, nos próximos três anos, uma produção de diamantes na cifra dos 8.6 milhões de quilates.

Dados avançados pelo director do projecto, Romulo Mucase, apontam para um crescimento considerável da produção do sector Diamantífero, durante o triénio 2024/2026, devendo os números da produção, em 2024, fixar-se nos 5.4 milhões de quilates, com perspectivas futuras de crescimento nos anos subsequentes.

Com a significativa produção, Angola deverá assumir, de acordo ainda com o director do projecto minério de Luale, um reposicionamento no Ranking da Produção Mundial de Diamantes.

 
Investimento

Para a concretização do projecto diamantífero de Luale foi necessário um investimento na ordem dos 637.5 milhões de dólares, sendo que 65 por cento deste valor foi aplicado na mineração, 25 por cento na central de tratamento, equipamentos tecnológicos e outros dez por cento nas infra-estruturas conexas.

Para os trabalhos de geologia, que começaram antes da execução da fase de extracção propriamente dita, foram injectados 59 milhões de dólares.

E como os números não mentem e ajudam a dissipar dúvidas, o grandioso projecto de extracção e produção de diamantes totaliza um esforço financeiro estimado em 843 milhões como despesa global para o triénio 2024/2026, prevendo-se alcançar receitas brutas na ordem de 1.9 biliões de dólares no mesmo período em referência.

 

Empregos

O Projecto Diamantífero de Luele, parafraseando o Presidente João Lourenço, é um exemplo de oportunidade que dá segurança de que se pode confiar na "nossa gente”, desde que lhes seja dada a oportunidade de que necessitam para poderem mostrar as suas capacidades.

O que significa que, em termos de geração de empregos, o projecto está com uma força de trabalho quase exclusivamente nacional, de 1380 trabalhadores, e perspectiva-se que este número cresça significativamente a médio e longo prazos.

Nesta fase inicial, segundo o engenheiro Rômulo Mucase, a mina, ainda, está a operar tendo a obra em construção, prevê  que venha a registar um crescimento da empregabilidade, na medida em que Angola tem no projecto um grande consumidor da mão-de-obra nacional, composta por jovens formados nas universidades nacionais e que terão a oportunidade de desenvolver todo o aprendizado e contribuir para o crescimento do país.

 
Esfera social

O director do projecto minério de Luale garantiu estar a ser construído na comunidade de Luaxe, zona adstrita ao projecto, uma vila residencial com 300 casas. A construção da área residencial conta com o envolvimento das autoridades tradicionais e das comunidades locais.

A vila deverá integrar todos os serviços sociais, nomeadamente escola, áreas de lazer, centro de saúde, posto de Polícia, ou seja, todo o aparato visando o seu funcionamento, assegurando o bem-estar das populações que circundam o projecto. O projecto das casas já começou e o lançamento da primeira pedra foi feito no passado dia 25 do corrente mês.

Atrelado ao programa está, ainda, um projecto agrícola, que visa assegurar a sustentabilidade e segurança alimentar das populações vizinhas. A zona deve consumir uma área de 45 hectares, devendo evoluir aos 500 hectares, tendo sido já distribuído às populações locais equipamentos agrícolas.

"Temos uma grande responsabilidade perante às populações que circundam o projecto diamantífero, para não só estarmos a extrair, mas também a desenvolver as comunidades e a província da Lunda-Sul”, assegurou Rômulo Mucase.

 
Impacto ambiental

A mina de Luele obedeceu a um estudo sobre o impacto ambiental e de gestão de resíduos. A Licença Ambiental de Instalação e a Licença de Operação (esta última entregue após a inauguração) são os instrumentos que a Sociedade Mineira de Luele, de acordo com o seu director, acautelou para colocar o projecto em conformidade com os regulamentos internacionais.

Com o início de funcionamento da Central de Tratamento, por conta da tecnologia instalada, realizou-se uma abordagem para a economia considerável da água utilizada, com particular incidência para a componente energética, devendo a médio prazo ser integrado a solução térmica, com as fontes renováveis, em atenção à responsabilidade ambiental.

O engenheiro Romulo Mucase admitiu a possibilidade de, numa visão a longo prazo, após a exploração da mina na profundidade de 600 metros, evoluir-se para uma mina subterrânea.

"A fase de estudo é agora, por isso, continuamos a aprimorar esta informação visando ser possível, de facto, no futuro evoluirmos para uma mina numa solução combinada a céu aberto e subterrâneo”, esclareceu.

Do ponto de vista técnico-produtivo, revelou que o projecto vai funcionar com um conjunto de infra-estruturas adicionais, que devem ser erguidas e construídas, assumindo ser, esse, um desafio para criar condições adequadas para o efectivo e parceiros.

A visão a longo prazo, referiu ainda o director do projecto, aponta para o desafio de, nos próximos 15 anos, o país recuperar 135 milhões de quilates, numa fase em que a mina estará a produzir o seu máximo e a estação de tratamento, também, no seu ponto alto.

"Não temos dúvidas de que Angola vai escrever o seu nome no ranking mundial dos produtores de diamantes, considerando a situação de exaustação de reserva em outras geografias. Este é um dos grandes desafios”, assegurou Romulo Mucase.

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