Cultura

Marta Santos representou Angola

A escritora Marta Santos participou, em representação de Angola, no congresso constituinte da Liga das Escritoras Africanas, realizado de 8 a 12 de Março em Rabat, cidade capital do Reino do Marrocos, numa organização da Liga das Escritoras daquele país, com forte suporte institucional que incluiu a chancela do Rei Mohammed VI e o apoio de vários ministérios.

19/03/2023  Última atualização 06H45
© Fotografia por: Edições Novembro

As congressistas debateram, sob o tema central "Construindo Pontes de Parceria Cultural Africanas”, a cooperação entre os países das várias regiões de Africa, a protecção da diversidade e a importầncia da cultura africana e dos idiomas locais. Segundo Marta Santos, em declarações ao Jornal de Angola,  as escritoras discutiram, igualmente, sobre como "levar o livre pensamento a navegar de um lado para outro, entre os países africanos, através da  Liga das Escritoras Africanas”.  Debruçaram-se também "sobre a importância das parcerias entre os criadores das Letras dentro do nosso continente, para que se tornem um factor que nos leve a ser iguais a outros criadores em outras margens e para que não careçamos de equilíbrio na balança do poder”. A escritora elucidou que a violência doméstica, a divulgação do escritor africano, a solidariedade, a paridade e a igualdade  foram outros assuntos abordados, além da defesa, "no futuro, de uma moeda e de uma língua que nos represente”.

Questionada sobre as conclusões que resultaram das discussões, Marta Santos explicou: "chegámos à conclusão de que para haver expressividade em África há que primeiro haver união. (...) A cooperação funcionará como alavanca integral baseada no fortalecimento das capacidades no domínio do desenvolvimento humano e cultural, factor que beneficiará também a paz e a estabilidade”.

Quanto ao seu contributo pessoal nas discussões, Marta Santos disse: "quando vou a qualquer lado,  logo de princípio, vou beber do que encontro para enriquecer ainda  mais o meu eu. Mas nunca saio sem acrescentar algo. No meu pronunciamento à imprensa e à Liga falei sobre uma África sem união, fragmentada, o que significa um continente sem expressividade, sem respeito perante os outros”.

Segundo a escritora membro da União dos Escritores Angolanos "é hora de nos unirmos na discussão da livre circulação do livro. Essa discussão foi muito importante para mim porque o livro não pertence somente ao país do escritor”. 

Marta Santos salientou que da sua participação no  congresso da Liga das Escritoras Africanas reteve algo que o seu pai já a tinha ensinado: "se queremos respeito temos que  nos fazer respeitar. E quando Ele (Deus) te abre uma janela, deves construir uma ponte para que  possamos caminhar todos juntos. Sei que não será fácil, mas espero poder encontrar  nos mesmos ministérios, nos vários intelectuais e na sociedade civil a mesma abertura. Eu sozinha não sou Angola. Vou chatear os linguistas e  os  mais velhos desse país, vou beber deles para espelhar a cultura angolana”. 

Participaram do congresso da Liga das Escritoras Africanas em Rabat 130 escritoras do país anfitrião e 42 do mesmo número de países africanos. Badia Al Radi, do Marrocos, foi eleita presidente da Liga. Dentre as várias participantes, cabe aqui mencionar Solange Maciel, de Moçambique, Lebo Phaine, da RDC, Vera Duarte Pina de Cabo Verde, Odete Semedo, da Guiné Bissau e Sherifat Olad, da Nigéria.

Marta Santos nasceu aos 7 de Julho de 1963 no município do Cazenga, em Luanda. Licenciada em Direito pela Universidade Moderna do Porto, Portugal, é igualmente formada em Artes Plásticas. Membro da União dos Escritores Angolanos (UEA) e da Academia de Letras e Artes Luso-Suíça (ALALS), é autora, dentre outros, dos livros "E nos céus de África...  era natal”,  "Crónicas do amanhecer” e "Contos de cá... Pedaços de mim”. É ainda autora de uma biografia do Rei da Música Angolana: "Elias Dya Kimuezu: A Voz e o Percurso de Um Povo”.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura