A família, amigos e colegas do falecido músico Mário Rui Silva consideraram-no, segunda-feira, na Ex-Liga Africana, como um eminente investigador da música angolana, durante uma homenagem ao artista a título póstumo.
A homenagem ao músico foi uma iniciativa conjunta entre a União Nacional dos Artistas e Compositores - Sociedade de Autor (UNAC-SA), a Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com os Povos (LAASP) e a família do malogrado.
Na ocasião, o presidente da UNAC-SA, Zeca Moreno, explicou que Mário Rui Silva foi um eminente investigador e sempre procurou preservar a estética e a autenticidade da música nacional.
Zeca Moreno disse que o momento serviu de reflexão pela perda de um grande homem de arte, e, igualmente, para homenagear a sua memória e o contributo que deu à música angolana.
"Se foi o homem, mas ficou a sua obra. Mário Rui Silva é um dos poucos artistas angolanos que sempre procurou preservar aquilo que é o belo e a autenticidade da música nacional. Ele aprimorou os nossos ritmos e levou para o mundo e o que ele fez pela música e pelo país jamais será esquecido e apagado em nossas memórias”.
A UNAC-SA e a LAASP, referiu, são duas instituições homólogas, porque uma tem um objecto social que é transversal à cultura, enquanto a outra tem um objecto especificamente cultural.
O presidente da UNAC-SA recordou que o malogrado foi durante muitos anos membro da agremiação e por iniciativa da LAASP aceitou o convite e juntos realizaram o acto de homenagem a Mário Rui Silva.
Zeca Moreno considerou que o homenageado está entre os grandes pilares do music hall nacional. Mário Rui Silva, disse, tem a sua grandeza através das obras que produziu ao longo dos anos.
Por sua vez, o músico Santoca explicou que o colega tem um histórico musical enriquecedor e sempre esteve presente nos avanços da música angolana, em termos da sua divulgação.
O músico admitiu que aprendeu bastante com Mário Rui Silva, por ser um artista muito estudioso. "Devemos enaltecer a organização pelo facto de realizar este acto de homenagem a este grande homem da música nacional. Durante a cerimónia tivemos a oportunidade de trazer à ribalta aquilo que o Mário sempre cultivou, que é a divulgação da música angolana”.
Apresentação de um CD
O primeiro filho do malogrado, Tukula Njiva da Silva, disse que o seu pai, antes de morrer, deixou algumas canções gravadas. Por isso, afirmou ter a pretensão de produzir um álbum a título póstumo e apresentar para os amantes da música de Mário Rui Silva, ainda este ano.
"Meu pai deixou-nos algumas tarefas e vamos tentar cumpri-las. Ele deixou algumas músicas que foram gravadas na época da Covid-19. E algumas destas canções estão relacionadas à nossa família, por isso pretendemos fazer um novo álbum e apresentar ao público”.
Tukula Njiva da Silva realçou que o progenitor teve um papel fundamental na história do music hall nacional e foi um defensor das línguas nacionais, sobretudo o kimbundo, tendo dado um contributo para a cultura angolana.
"Penso que o trabalho que o meu pai fez como defensor das línguas nacionais deve ser divulgado numa escala maior. Recebemos convites de pessoas que vivem em Portugal para a divulgação dos seus escritos no Wikipedia”.
Já Banduka Njiva da Silva, segundo filho do homenageado, recordou o pai como um homem que amava a cultura e era uma pessoa solidária. "Neste dia de homenagem ao meu progenitor, estamos a homenagear o amor e a solidariedade, que para mim são duas coisas que caracterizavam o meu pai, e é isso que as pessoas devem sempre partilhar a vida toda”.
Momento e nostalgia
Os músicos Diogo Sebastião "Quintino”, Santocas, Carlos Lamartine, Duo Canhoto e Zé Maria Boyoth, este último acompanhado por Calo de Jesus, no bate-bate, e Master Fred, na percussão, levaram momentos de nostalgia ao exibirem temas como "Brinco com o Vento”, "Sábado no Musseque” e "Oh Camunde”.
Luísa Fançony e o poeta José Luís Mendonça aproveitaram o momento para declamar os poemas "Venho para Aqui” e "Canção de Madeira”, como forma de enaltecer a figura artística de Mário Rui Silva.
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