Os traços histórico-culturais de Angola desde as ancestralidades civilizacionais, às lutas pela conquista da independência, à paz e aos elementos caracterizadores dos novos tempos de desenvolvimento do país vão ganhar, doravante, maior impulso e representatividade no Museu das Civilizações Negras, em Dakar, Senegal.
As entidades governamentais, políticas, sociedade civil e população em geral vão render hoje a última homenagem ao rei Buba Nvula Dalamana, falecido sábado último no município de Marimba, aos 101 anos.
De acordo com a comissão de acompanhamento para a preparação das exéquias do rei, prevê-se que a urna, contendo os restos mortais, chegue ao Estádio Valódia às 8h00 de hoje, local onde vão ser lidas as mensagens de condolências do Governo da Província de Malanje, do Ministério da Cultura e Turismo, dos partidos políticos com assento no Parlamento, da família, seguido da assinatura do livro de condolências. A partida para a localidade de Cabombo está prevista para as 13h00, onde vai ocorrer um acto formal. Outros rituais vão começar às 19h00, seguindo depois para a localidade de Buba, no município de Massango, onde vai acontecer o sepultamento, à meia-noite.
"O Governo Provincial de Malanje está a prestar todo o apoio à família para suportar os encargos do óbito e o próprio funeral. Também existe o grupo de avanço que foi para a localidade de Buba, município de Massango, para criar as condições de construção do jazigo onde vão repousar os restos mortais do rei”, garantiu ontem o director do Gabinete Provincial da Cultura, Juventude e Desportos de Malanje, Veloso Dala.
O responsável confirmou a presença em Malanje das representações dos governos do Bengo, Luanda, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul e do Uíge, bem como de outras majestades, nomeadamente dos reis do Kongo, do Bailundo, o soba grande do Uíge, o rei Muachissengue, o sucessor da rainha Nhakatolo, além de responsáveis das associações que lidam com as autoridades tradicionais.
"A restrição começa com a chegada do corpo a Cabombo. A partir do momento em que o corpo chegar, vai se fazer a entrega formal aos makotas e automaticamente restringem já o acesso a algumas entidades. Há uma selecção dos membros da Corte que farão parte do ritual de entronização, marcado para as 19 horas de hoje. Haverá uma outra selecção para aqueles que poderão chegar até ao local do sepultamento”, explicou Veloso Dala, que confirmou a ida da equipa governamental até à localidade de Cabombo, sublinhando que a Corte assume as acções desde os rituais de entronização até ao sepultamento.
O representante do Ministro da Cultura, Mito Gaspar, encontra-se em Malanje há já alguns dias, para presenciar o óbito do rei, assim como o representante da Associação das Autoridades Tradicionais (ASSAT).
A morte do rei causou abalos
O secretário-geral do Reino do Ndongo, Moisés Dalamana, por sinal filho do rei, disse ao Jornal de Angola que a morte do soberano Buba Nvula Dalamana deixou a região entristecida, visto que o malogrado sempre defendeu o princípio de unidade, a formação dos jovens e teve a comunicação como um factor importante para a estabilidade.
"Este rei sempre primou pela unidade e espero que o seu substituto trilhe o mesmo caminho para continuar com esse legado que nunca vamos esquecer, porque não foi fácil fazer esse tipo de trabalho. Em Malanje, conseguiu colocar alguns representantes dos municípios e nós estávamos a preparar-nos para concluirmos alguns municípios que estavam em falta. O reino do Ndongo estava fechado, mas esse rei conseguiu abrir, embora não na dimensão que desejávamos, mas os projectos continuam, só desejamos que a sua alma descanse em paz”, disse.
Funeral vai ser restrito
O membro de direcção do Reino do Ndongo, Balito Florentino, explicou ao Jornal de Angola que o acto fúnebre vai ser restrito ao poder tradicional, porque o mesmo envolve muitos procedimentos tradicionais, daí a razão da sua realização à meia noite.
"Há procedimentos que devem ser tidos em conta. Por exemplo, as pulseiras que ele usou enquanto esteve em vida, o seu substituto terá de abraçar o corpo do falecido e as pulseiras saírem automaticamente do braço do morto para o substituto. No caso presente do avô Buba, o corpo como ficou aqui na morgue do hospital regional, as coisas hoje estão todas já mudadas, então ele está aí, mas as pulseiras mantêm, vão ser retiradas dos braços do rei e vão ser colocadas por cima da urna e o substituto vai pousar as mãos sobre o caixão e cada uma das pulseiras vai automaticamente entrar no braço dele. Caso não entrem, é porque o candidato proposto não foi aceite”, explicou o interlocutor do Jornal de Angola.
Balito Florentino disse que "só depois de três ou quatro dias é que os demais deverão se aperceber que o rei já foi enterrado. Este princípio não pode ser violado, sob pena de criar desgraças no seio da comunidade”, disse.
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