Sociedade

Mais de dois mil jovens tiveram conflitos com a lei

Joaquim Cabanje

Jornalista

Mais de duas mil crianças, adolescentes e jovens, com idades entre 12 e 25 anos, residentes no município de Viana, em Luanda, tiveram conflitos com a lei, durante o ano de 2020, tendo todos eles ido parar em esquadras de Polícia, para prestar declarações, revelou o comandante municipal da corporação, subcomissário Gabriel Capusso.

13/03/2021  Última atualização 11H28
Nas esquadras da Polícia Nacional, em Viana, muitos jovens são inquiridos por delitos © Fotografia por: Santos Pedro |Edições Novembro
Falando, quarta-feira, numa palestra intitulada: "Jovem consciente, crime zero”, realizada em Viana, Gabriel Capusso disse que entre 70 e 80 por cento das pessoas que passam pelas esquadras de Polícia, por motivos criminais, são jovens entre 12 e 25 anos, a maioria dos quais inimputáveis.

Por forma a debelar a situação delituosa em Viana, o comandante municipal da Polícia Nacional adiantou uma série de medidas, entre as quais a criação ou retoma do então Campeonato de Caçulinhas da Bola, visando ocupar os tempos livres dos mais pequenos.
Para o subcomissário Gabriel Capusso, a criação de equipas de futebol constituídas por adolescentes e jovens poderá entretê-los e retirá-los das más práticas e do crime, assim como a criação de centros de aprendizagem de música, dança e de teatro.

Avançou, ainda, como proposta a criação de treinamento de centros de artes marciais em cada rua, condomínio e bairros, para desencorajar o crime, atrair um pouco a juventude para um nível positivo de consciência, "porque hoje não tem a mínima atracção que lhe possa ocupar o seu tempo livre”.
Para o comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, para essa luta pretende-se contar com o apoio incondicional do empresariado local, já que é um elemento fundamental para se alavancar aquilo que é a ideia da corporação.

Gabriel Capusso diz estar preocupado em ver permanentemente jovens a passarem pelas esquadras da Polícia, por crimes cometidos, razão pela qual se juntou ao Conselho Nacional da Juventude, acreditando ser ainda possível recuperar os jovens que estão à deriva.
"Tenho a certeza, que se nós conseguirmos implementar essas pequenas actividades, os jovens se sentirão atraídos por essas actividades. São pequenas, mas eles vão se revendo naquilo que estão a fazer e com o tempo não vão pensar em coisas maléficas contra a sociedade”, vaticinou o oficial.

A autoridade policial avançou também a ideia de criação do Conselho Comunitário de Vigilância, composto por grupo de jovens conscientes que influenciam os outros.
Em seu entender, se a sociedade vianense funcionar com os três campos, nomeadamente a família, a comunidade e a Polícia, a corporação aparecerá sempre em última instância para dirimir conflitos, defendendo que as contendas devem ser resolvidas de forma pacífica a nível da rua, do quarteirão, do prédio ou no bairro.

"Se nós estivermos a ver o filho do vizinho, todos os dias à noite, a trazer um televisor ou saco de arroz, os conselheiros podem entabular uma conversa com o pai deste, sendo mais útil do que a presença da Polícia no local. A Polícia só deve aparecer, quando se esgotar o aconselhamento comunitário”, alertou o subcomissário.


Município tem 3 milhões de habitantes

Segundo dados disponibilizados por altas patentes policiais, o município de Viana contabiliza uma população de três milhões de habitantes, dos quais 70 por cento destes são jovens com idades entre 12 e 25 anos.
O secretário municipal do Conselho Nacional da Juventude de Viana, Leonel Mário, afirmou que a sua organização compromete-se a implementar as ideias deixadas pelas altas patentes da Polícia a nível desta região de Luanda, no sentido de ocupar os jovens e adolescentes com práticas saudáveis e úteis à sociedade.
Recentemente, o Conselho Nacional da Juventude (CNJ) patrocinou uma palestra sobre a sinistralidade rodoviária no município, cujos oradores foram agentes da viação e trânsito local.

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