Economia

Mais de cinco mil empresas realizam actividades agrícolas em todo o país

Ana Paulo

Jornalista

O relatório do Recenseamento Agro-pecuário e Pescas (RAPP) divulgado, terça-feira, em Luanda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), faz saber que existem no país 5.858 empresas que se dedicam à actividade agrícola no país.

18/01/2023  Última atualização 09H09
Secretário de Estado para a Economia, Ivan Marques dos Santos, presidiu acto de lançamento © Fotografia por: Edições de Novembro

De acordo com o director-geral-adjunto do Instituto Nacional de Estatística (INE), Hernani Pena Luís, as empresas agrícolas do sector empresarial estão sedeados, por ordem, pelas províncias de Benguela, Huambo e Cuanza Sul.

A província de Benguela lidera com 13,8 por cento, Huambo segue com 9,4 por cento e o Cuanza Sul fecha o "Top 3”, com 8,3 por cento.

Entre as províncias que apresentam um menor registo de empresas ligadas as actividades agrícolas surgem Moxico, Cuando Cubango e Cabinda.

Cabinda, por exemplo, apresenta uma taxa de apenas 0,8 por cento na lista das empresas agrícolas.

"Nestas regiões, a  actividade agrícola é mais liderada pelo sector familiar e nas comunidades”, afirmou.

De acordo com explicações dadas por Hernani Luís, a recolha dos dados foi realizada em 2021, num período de seis meses, e, como um dos grandes resultados, é expectável que o módulo empresarial revolucione a agricultura no país pela dimensão representada.

Em relação à assistência técnica a nível do território nacional, os números do RAPP mostram um rácio baixo de cerca de 4,3 por cento.

Nesta classe, as províncias de Cabinda, Uíge e Lunda-Sul conseguiram registar alguns progressos no nível de assistência técnica, segundo Hernani Luís.

Por sua vez, as províncias do Moxico, Cuando Cubango e Cabinda foram, entre 2019 e 2020, as que mais beneficiaram de assistência financeira para a realização de actividade agrícola.

Por um lado, quanto à colaboração nos processos de recenseamento, disse que a taxa da não resposta  da parte dos empresários é muito elevada  porque omitem muitas informações, o que é errado, já que são os mesmos que consecutivamente enviam cartas e emails aos Ministérios de formas a obterem  informações sobre o sector.

"A maioria  dos empresários que omite informações são da classe média-alta e  acabam por não colaborar", lamentou.

Hernani Luís disse que quando os inquiridores chegam nas fazendas a maioria não permite o acesso, uma problemática que se viveu durante o RAPP.

 

Sector familiar

No que toca ao resultados dos Agregados familiares, agro-pecuários e piscatórios, foi traçado uma margem de 2 364 880, dos quais foram recenseados  um total de 2 289 644 explorações agrícolas familiares.

O director-geral do Instituto Nacional, José dos Santos Calenji, explicou que neste universo, em termos de percentagem das explorações agrícolas familiares beneficiadas com a assistência técnica, realce para a província de Malanje com 5,9 por cento, Cabinda (3,6) e Bié (2,5), respectivamente. No caso da província do Cuando Cubanngo,  o resultado foi zero.

No que a área cultivada por províncias, no global, Angola representa 96,4 por cento. Nesta classe, a Lunda-Norte dispõe de 99,2 por cento, seguida do Bengo (99,0), Moxico (98,6), Cunado Cubango (98,5), Cuanza-Norte (98,4) e Huíla (98,0).

 

Actividade pecuária

O recenseamento feito no sector da pecuária ilustra que existe no país 1 430 606 explorações das quais 70 por cento pertence a classe das galinhas, 31 por cento de caprino, 21 por cento a classe dos suínos, 18 por cento a classe de bovinos e apenas dois por cento pertencem à classe de ovinos.

Com relação às espécies criadas, destacou, a província do Huambo lidera a maioria com cerca de 6,6 por cento, seguido da Huíla com 6,5 por cento e Namibe com 5,4 por cento. A província do Uíge é a que menos representa com 0,2 por cento.

Quanto às espécies, a exploração  da pecuária criada  a província do Cuanza Norte lidera com 77,0 por cento, seguido do Namibe com 94,6 por cento, Zaire 90,4 por cento. A província do Namibe é a que menos espécies tem, com uma percentagem de 70,7 por cento.

No que toca à criação de caprinos por províncias, o estudo revela que a província do Cunene lidera com 61,0 por cento, seguida do Namibe com 49,9 por cento. As restantes províncias estão a baixo e o Cuanza Norte é a província que menos cria este tipo de animal.

No caso específico dos suínos, é também liderada pela província do Cunene é a que menos representa a província do Cuando Cubango.

Já a criação de animais bovinos na província do Namibe surpreendentemente lidera com 18,4 por cento, seguida do Cunene com 41,4 por cento, Huíla com 35,9 por cento e Benguela com 28,5 por cento. A província que menos tem representação de animal bovino é o Bengo com apenas 0,1 por cento.

Por último foi também recenseado a classe dos ovinos por províncias, e Cabinda lidera com 6,5 por cento, seguida do Uige com 5,7 por cento, Namibe com 5,4 por cento. A província que menos representa é a do Cuanza Norte com apenas 0,2 por cento de animais ovinos.

 

Exploração Aquícola

No sector da aquicultura foram apurados 8.263 explorações dos quais 91 por cento são exploradas em terra, isto, em tanques e escavados e 6,4 são produzidos em la-goas. Aqui trata-se dos peixes, tilápias e bagres nativos e exóticos.

O Coordenador geral José dos Santos Calenji, reconheceu que o processo só foi possível graças ao apoio dos parceiros sociais, nomeadamente, a FAO e o  Banco Mundial, e o Ministério da Agricultura e Florestas, cuja coordenação técnica encabeçou.

  Resultados do RAPP aumentam oportunidades aos investidores

O secretário de Estado para a Economia, Ivan Marques do Santos reconheceu que com os resultados do Recenseamento Agro-Pecuário e Pescas (RAPP),   instrumento importante para o Executivo, passa a ser  uma oportunidade dos vários sectores de actividade em formular e reformular as políticas  públicas, sobretudo, na melhoria do empenho da agricultura, pecuária e pescas, bem como, no incentivo e fomento na diversificação económica que o Governo almeja.

Outros benefícios, segundo destacou Ivan Marques do Santos  será nos programas do Executivo como o PLANAGRÃO, PLANAPECUARIA E PLANAPESCAS,  três planos que  foram traçados  também em  função de outros vários estudos, incluindo o RAPP.

"Estes três  vão beber muito do RAPP porque conseguimos ver números e algumas geografias económicas, que de certeza, vão alimentar muito os projectos  do Executivo  já em curso", frisou Ivan Marques dos Santos que destacou,   com o RAPP  será permitido analisar e actualizar mais ainda os dados estatísticos nacionais.  

Com relação a algumas zonas verdes e cinzentas plasmadas no relatório pelos coordenadores do projecto,  Ivan Marques dos Santos  garantiu que os trabalhos não param por aqui,  porque  os dados serão sempre actualizados  já que este é apenas o primeiro após a proclamação da  Independência Nacional.

No decorrer do recenseamento muitos foram os empresários   de médias e grandes empresas que não deram colaboração na informação de dados. A estes, Ivan Marques dos Santos apelou a colaborarem e utilizarem os dados do RAAP para  redimensionar os projectos  e se posicionarem em termos de investimentos e não só.

Outro aspecto importante levantado pelo secretário de Estado para a  Economia, são as  famílias rurais que  continuam a ser maiores produtores no sector, e quanto a isso, Ivan Marques dos Santos reforçou que, o quadro tende a melhor  com os vários programas de incentivo lançados pelo Executivo  tanto para a agricultura familiar como empresarial.

 

Parceiros Sociais

O representante do Banco Mundial Juan Alvarez  considera os resultados do RAAP como positivos porque os dados estatísticos ajudam Angola,   permitindo que o Governo crie as políticas públicas que vêm beneficiar os cidadãos angolanos.

O Banco Mundial forneceu apoio técnico, aspectos já que fazem parte das pesquisas da instituição  não só com Angola  como também com outros países de África. Quanto ao apoio  no projecto  Juan Alvarez destacou que o Banco Mundial financiou um investimento global de aproximadamente 60 mil dólares.

Quanto aos outros projectos ou parcerias, Juan Alvarez esclareceu que o Banco Mundial tem vários projectos de parceria com Angola, programas  extensos avaliados actualmente  em  2,7 mil milhões de dólares, para apoio nas áreas da educação, saúde, protecção social, electricidade, água  e outros projectos. Actualmente, estamos a desenhar um marco de cooperação com Angola para os próximos cinco anos. Este marco, esclareceu Juan Alvarez,  o Banco Mundial pretende que esta cooperação seja alinhada com o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), nos três pilares, nomeadamente, diversificação económica, desenvolvimento do capital humano e infra-estruturas.

Nesse sentido, o Banco Mundial tem que analisar primeiro as principais prioridades do Governo angolano  e tentar alinhar o marco de cooperação do financiador  com este PDN baseado nas análises que o Banco Mundial tem feito durante muitos anos. A informação resulta do levantamento feito entre 2019 e 2020, e que contou com a participação de cerca de mil inquiridores e a coordenação institucional dos ministérios da Agricultura e Florestas, Pescas e Recursos Marinhos e o da Economia e Planeamento. Ao nível de parceiros externos, o RAAP contou com a colaboração do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Banco Mundial (BM).

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