Economia

Mais de 80 mil empresas exercem actividade económica

Ana Paulo

Jornalista

O segundo Recenseamento de Empresas e Estabelecimentos (REMPE), realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no período 2019-2020, assinala o registo de 83 722 empresas estarem no exercício de actividades no país, 33 por cento das quais com actividade informal.

21/01/2023  Última atualização 09H33
O secretário de Estado Ivan dos Santos (ao meio na primeira fila), ladeado dos gestores do INE © Fotografia por: Luís Damião | Edições Novembro

Os dados foram apresentados, sexta-feira, em Luanda, pela directora-geral adjunta para a actividade Económica  e Financeira do INE.

Anália Nunda da Silva explicou que do global de empresas registadas cerca de  48,7 por cento estão concentradas na província de Luanda, seguido de Benguela com  8,1 por cento, Huambo com 6,3 por cento e Huíla com 5,0 por cento.

Em relação aos restantes 67 por cento de empresas que exercem actividade económica formal, Anália Nunda da Silva  disse que a maior parte é Sociedade por Quota que detém   cerca de 46 por cento.

"Luanda continua a concentrar o maior número de actividade económica, e com  este resultado, o Governo e decisores de política poderão tomar decisões mais assertivas", frisou. Segundo Anália Nunda da Silva, a venda ambulante, como roulotes e feiras, não constam na lista do Recenseamento de Empresas e Estabelecimentos (REMPE).

Por um lado, nas mais de 80 mil empresas existentes a nível do país, cerca de 90 por cento encontram-se activas. Por outro lado, do número de 80 mil, cerca de 89,9 por cento estão em plena actividade;  4,1 por cento estão encerradas; 3,7 por cento estão com actividade suspensas e cerca de 2,3 por cento aguardam pelo início das actividades.

Quanto à distribuição por natureza jurídica, os resultados ilustram que, no sector formal, cerca de 40,3 por cento são empresas em nome individual.

O REMPE é fruto da participação de 500 recenseadores e técnicos, e da  parceria entre o Governo de Angola, por via do Instituto Nacional de Estatística (INE), e o Banco Mundial, principal financiador e de assistência técnica.

"O REMPE desenhou apenas empresas e estabelecimentos com estruturas visíveis, fixas e legais", frisou.

Comparando os resultados do REMPE-2003 ao de 2019 - 2020, Anália Nunda da Silva disse ser fundamental perceber-se que o primeiro foi executado num contexto debilitado, pois o país acabava de sair de uma guerra e as estruturas económicas também eram diferentes do cenário actual. Daí que, realçou, o total de 19 mil instituições recenseadas no primeiro REMPE não podem ser comparadas com as actuais 83.722 empresas contabilizadas pelo país.

Quanto à distribuição das empresas por ramo de actividade económica, destaca-se o comércio a grosso  e a retalho  com cerca de 59,1 por cento, seguido  da captação, tratamento e distribuição de água com 9,1 por cento.

Já na actividade comercial, o REMPE divulga que 94,2 por cento nem importador não exportador, 4,2 por cento  são empresas importadoras e 1,1 por cento são empresas importadoras e exportadoras.

Força de Trabalho

Em relação à força de trabalho, o sector empresarial congrega 6 por cento da força de trabalho e o secretário formal detém cerca de 94 por cento.

Outro aspecto importante, o sector informal concentra o maior número de trabalhadores por escalação. Já no sector empresarial público, concentra apenas 0,1 por cento da força de trabalho e o sector privado detém o maior número com quase 100 por cento.

A nível de jurisdição, Anália Nunda da Silva disse que esta área detêm quase 50 por cento e as pequenas e médias empresas concentram de 0 a 6 trabalhadores. Com relação ao número de empregos em Angola, cerca de 49 por cento é gerado por Sociedade e Contas, o sector empresarial público gera 1,1 por cento e o sector informal detêm cerca de 6,2 por cento dos empregos gerados. O REMPE é uma componente do projecto das contas nacionais e inquéritos económicos avaliados em seis milhões de dólares, cujo registo em causa consumiu 40 por cento do montante.

Resultados permitem redefinir políticas e programas do Executivo

O secretário de Estado para a Economia, Ivan Marques do Santos, ao proferir o discurso de abertura, no acto de apresentação do "REMPE-2019-2020", reconheceu que a concertação económica na capital do país mostra uma assimetria elevada.

Conforme disse, com esses dados, o Ministério da Economia e Planeamento em conjunto com o Governo será possível redefinir e reformular as políticas e programas do Executivo com os resultados empresariais obtidos.

Ivan Marques dos Santos sublinhou ainda que com a recolha de dados do REMPE se consegue verificar que 49 por cento das empresas estão sediadas e fixadas em Luanda.

Por um lado, o REMPE-2019-2020 mostra uma realidade das empresas que operam no país e  a matriz de natalidade das mesmas, isto é, empresas que nascem e continuam activas, empresas encerradas, empresas com actividade suspensa e as que aguardam o início da sua actividade.

"O INE coloca hoje nas mãos dos decisores políticos, empresários, investigadores, parceiros sociais, académicos e público em geral um instrumento facilitador de política e decisões económicas", frisou Ivan Marques dos Santos destacando que, com a localização certa das empresas, suas funções e dimensão consegue-se tirar uma fotografia do tecido empresarial a nível nacional, o que permite fazer e refazer as políticas públicas e programas que se encontram já em vigor.

Para melhor desempenho do sector empresarial, Ivan Marques reforçou que o Executivo tem lançado a cabo vários programas, incluindo a nova versão do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações(PRODESI 2.0) e Programa de Reconversão da Economia Informal ( PREI 2.0),  que irão fortalecer os três grandes planos do Executivo, nomeadamente, Plano de Fomento ao Grão, Plano de Fomento à Pesca e  Plano de Fomento à Pecuária.

"Os  programas vão estar voltados no aumento da produção nacional, e que,  a materialização dos mesmos deve passar pelo sector empresarial, principal dinamizador dos projectos", defendeu Ivan Marques dos Santos, que reconheceu quanto à concretização dos projectos ser um compromisso inadiável que exige a participação de todos envolvidos na sociedade.

 

 Programa de Reconversão

Em relação aos 33 por cento de empresas que se encontram na informalidade, o secretário de Estado para a Economia, Ivan Marques dos Santos realçou que, com o resultado do REMPE, vai permitir ao Governo reformular ainda o PREI, que está quase a ser lançado com uma versão melhorada ,versão esta, denominada por 2.0 e que de certeza irá beber muito dos dados que o REMPE apresentou.

Ainda sobre a nova versão do PREI, Ivan Marques dos Santos garantiu que o lançamento está previsto para o primeiro trimestre deste ano, e para a concretização do mesmo, realçou, o Ministério da Economia e Planeamento em conjunto com os parceiros Ministeriais estão a trabalhar na documentação, na logística, nos recursos humanos e financeiros para que o PREI seja mais uma vez realizado com sucesso.

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